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Disputa política aumenta na Venezuela, avalia professor

Quem tiver mais influência sobre o Poder Judiciário que vai decidir as regras para uma possível substituição de Chávez na presidência do país

O presidente venezuelano, Hugo Chávez: professor Ricardo Caldas, da UnB, relembra que o Brasil já viveu situação semelhante após a eleição de Tancredo Neves (Luis Acosta/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2013 às 19h23.

Brasília - O afastamento de Hugo Chávez da condução política da Venezuela, em função do tratamento contra o câncer a que está sendo submetido, abre espaço para que tanto aliados como opositores ganhem destaque na disputa pelo poder. A avaliação foi feita hoje (4) pelo professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Ricardo Caldas.

Ele acredita que sairá fortalecido, após o momento de incertezas sobre os rumos da política interna venezuelana, quem tiver mais influência sobre o Poder Judiciário, que vai decidir as regras para uma possível substituição de Chávez na presidência do país.

“Neste momento, a oposição argumenta que sem tomar posse, ele não é presidente. Já os aliados defendem que a posse é simbólica, que, na verdade, ele continua no poder e se trata de uma recondução, e que cabe naturalmente ao vice-presidente [assumir o cargo]”disse.

“Vai haver uma disputa pelo poder e aquele que controlar o sistema Judiciário, que é quem vai dar a decisão final, vai chegar ao poder”, acrescentou.

A posse do presidente Hugo Chávez, que foi reeleito em outubro, está marcada para a próxima semana, no dia 10. Caso ele não possa assumir, a Constituição prevê que haja nova eleição para a Presidência da República em um prazo de até 30 dias.

Interinamente, o país deve ficar sob o comando do presidente da Assembleia Nacional (Parlamento) Venezuelana, Diosdato Cabello. Atualmente, o posto de presidente interino é ocupado pelo vice-presidente, Nicolás Maduro.


“O mais correto seria realmente haver uma nova eleição, como manda a Constituição venezuelana, mas neste caso não serão os argumentos jurídicos que valerão, mas quem tem mais influência, mais poder”, enfatizou.

O professor Ricardo Caldas, que é diretor do Centro de Estudos Avançados da UnB, relembra que o Brasil já viveu situação semelhante após a eleição de Tancredo Neves, em 1985. O primeiro presidente civil eleito em mais de 20 anos no país não chegou a assumir o cargo, pois às vésperas da posse foi internado no Hospital de Base, em Brasília, com fortes dores abdominais.

Na ocasião, o vice-presidente José Sarney assumiu o cargo interinamente. Com a morte de Tancredo, Sarney tomou posse no posto definitivamente.

Nos últimos dias, vem aumentando na Venezuela a pressão de setores que apoiam Chávez para que a data da posse seja adiada para um momento em que o presidente esteja plenamente recuperado. Embora o impasse não tenha sido solucionado, até o principal nome da oposição, Henrique Capriles, disse ser favorável à alteração na data.

Especialistas acreditam que, se houver nova eleição na Venezuela, o processo será polarizado entre o candidato governista – o atual vice-presidente e presidente interino, Nicolás Maduro – e Capriles, que em outubro perdeu as eleições para Chávez, mas venceu a disputa para governar o estado de Miranda, o mais populoso e rico da Venezuela. No país, o vice-presidente é indicado pelo presidente.

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Brasília - O afastamento de Hugo Chávez da condução política da Venezuela, em função do tratamento contra o câncer a que está sendo submetido, abre espaço para que tanto aliados como opositores ganhem destaque na disputa pelo poder. A avaliação foi feita hoje (4) pelo professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Ricardo Caldas.

Ele acredita que sairá fortalecido, após o momento de incertezas sobre os rumos da política interna venezuelana, quem tiver mais influência sobre o Poder Judiciário, que vai decidir as regras para uma possível substituição de Chávez na presidência do país.

“Neste momento, a oposição argumenta que sem tomar posse, ele não é presidente. Já os aliados defendem que a posse é simbólica, que, na verdade, ele continua no poder e se trata de uma recondução, e que cabe naturalmente ao vice-presidente [assumir o cargo]”disse.

“Vai haver uma disputa pelo poder e aquele que controlar o sistema Judiciário, que é quem vai dar a decisão final, vai chegar ao poder”, acrescentou.

A posse do presidente Hugo Chávez, que foi reeleito em outubro, está marcada para a próxima semana, no dia 10. Caso ele não possa assumir, a Constituição prevê que haja nova eleição para a Presidência da República em um prazo de até 30 dias.

Interinamente, o país deve ficar sob o comando do presidente da Assembleia Nacional (Parlamento) Venezuelana, Diosdato Cabello. Atualmente, o posto de presidente interino é ocupado pelo vice-presidente, Nicolás Maduro.


“O mais correto seria realmente haver uma nova eleição, como manda a Constituição venezuelana, mas neste caso não serão os argumentos jurídicos que valerão, mas quem tem mais influência, mais poder”, enfatizou.

O professor Ricardo Caldas, que é diretor do Centro de Estudos Avançados da UnB, relembra que o Brasil já viveu situação semelhante após a eleição de Tancredo Neves, em 1985. O primeiro presidente civil eleito em mais de 20 anos no país não chegou a assumir o cargo, pois às vésperas da posse foi internado no Hospital de Base, em Brasília, com fortes dores abdominais.

Na ocasião, o vice-presidente José Sarney assumiu o cargo interinamente. Com a morte de Tancredo, Sarney tomou posse no posto definitivamente.

Nos últimos dias, vem aumentando na Venezuela a pressão de setores que apoiam Chávez para que a data da posse seja adiada para um momento em que o presidente esteja plenamente recuperado. Embora o impasse não tenha sido solucionado, até o principal nome da oposição, Henrique Capriles, disse ser favorável à alteração na data.

Especialistas acreditam que, se houver nova eleição na Venezuela, o processo será polarizado entre o candidato governista – o atual vice-presidente e presidente interino, Nicolás Maduro – e Capriles, que em outubro perdeu as eleições para Chávez, mas venceu a disputa para governar o estado de Miranda, o mais populoso e rico da Venezuela. No país, o vice-presidente é indicado pelo presidente.

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