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Dilma e Cristina: um brinde à fantasia sul-americana

Dinamismo das relações comerciais, democracia fortalecida, união contra a crise e até apoio na polêmica em torno das Ilhas Malvinas estão na agenda da região

Dilma Rousseff e Cristina Kirchner: um brinde à união da América do Sul (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2011 às 17h45.

São Paulo – O discurso de Dilma Rousseff feito ao lado da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, nesta sexta-feira (29), em Brasília, percorre uma linha tênue entre o otimismo exagerado e o mundo da fantasia.

Como se não tivesse acontecido nenhum problema comercial entre Brasil e Argentina nos últimos meses, Dilma exaltou o sucesso da relação bilateral. “Nosso relacionamento tem experimentado grandes avanços, que queremos aprofundar”, disse.

A presidente do Brasil destacou a qualidade das trocas bilaterais – “90% das quais correspondem a produtos industrializados” – e previu “mais comércio, mais investimentos, maior aproximação de nossos empresários e incremento da integração entre nossas indústrias e cadeias produtivas”.

Dilma Rousseff citou apenas en passant as recentes rusgas comerciais que travaram milhares de produtos nas fronteiras dos dois países. “Com uma integração dessa magnitude é impossível retroceder. Diante dela, os problemas que surgem aqui e ali, e que estamos resolvendo, são de pouca monta.”

Muitos empresários brasileiros ainda reclamam de demora por parte do governo argentino na liberação de licenças prévias de importação, mas o Itamaraty tem classificado os problemas de “pontuais”.


Dilma anunciou uma agenda focada em ciência e tecnologia. “Não somos só produtores de alimentos, mas também somos produtores de tecnologia. Argentina e Brasil têm competência para atuar de forma muito profunda nessas áreas.”

Houve rasgados elogios ao novo presidente do Peru, Ollanta Humala, que só faltou ser chamado de o “Lula peruano”. E, diante das instabilidades vindouras da Europa e dos Estados Unidos, as duas presidentes ressaltaram a importância de encontros em agosto entre ministros da Fazenda e presidentes dos Bancos Centrais para coordenar respostas do continente à crise global no melhor estilo “A união faz a força” ou “Unidos venceremos”. (O mercado financeiro aguarda ansiosamente as sugestões da equipe do venezuelano Hugo Chávez...)

Dilma, ao citar a reunião da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) realizada na véspera, disse que a América do Sul “cresce, distribui renda, promove a inclusão social etc etc etc e fortalece a sua democracia”. Nem sempre é bom generalizar.

Não faltou, ao término do discurso, um apoio formal de Dilma “à demanda do governo e do povo argentinos, de soberania sobre as Ilhas Malvinas.” A propósito, na semana passada, Hugo Chávez, em conversa com o cubano Fidel Castro e o ex-jogador Diego Maradona, disse que a Unasul deveria pressionar a Inglaterra a devolver as Ilhas Malvinas à Argentina. Um brinde à América do Sul.

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São Paulo – O discurso de Dilma Rousseff feito ao lado da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, nesta sexta-feira (29), em Brasília, percorre uma linha tênue entre o otimismo exagerado e o mundo da fantasia.

Como se não tivesse acontecido nenhum problema comercial entre Brasil e Argentina nos últimos meses, Dilma exaltou o sucesso da relação bilateral. “Nosso relacionamento tem experimentado grandes avanços, que queremos aprofundar”, disse.

A presidente do Brasil destacou a qualidade das trocas bilaterais – “90% das quais correspondem a produtos industrializados” – e previu “mais comércio, mais investimentos, maior aproximação de nossos empresários e incremento da integração entre nossas indústrias e cadeias produtivas”.

Dilma Rousseff citou apenas en passant as recentes rusgas comerciais que travaram milhares de produtos nas fronteiras dos dois países. “Com uma integração dessa magnitude é impossível retroceder. Diante dela, os problemas que surgem aqui e ali, e que estamos resolvendo, são de pouca monta.”

Muitos empresários brasileiros ainda reclamam de demora por parte do governo argentino na liberação de licenças prévias de importação, mas o Itamaraty tem classificado os problemas de “pontuais”.


Dilma anunciou uma agenda focada em ciência e tecnologia. “Não somos só produtores de alimentos, mas também somos produtores de tecnologia. Argentina e Brasil têm competência para atuar de forma muito profunda nessas áreas.”

Houve rasgados elogios ao novo presidente do Peru, Ollanta Humala, que só faltou ser chamado de o “Lula peruano”. E, diante das instabilidades vindouras da Europa e dos Estados Unidos, as duas presidentes ressaltaram a importância de encontros em agosto entre ministros da Fazenda e presidentes dos Bancos Centrais para coordenar respostas do continente à crise global no melhor estilo “A união faz a força” ou “Unidos venceremos”. (O mercado financeiro aguarda ansiosamente as sugestões da equipe do venezuelano Hugo Chávez...)

Dilma, ao citar a reunião da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) realizada na véspera, disse que a América do Sul “cresce, distribui renda, promove a inclusão social etc etc etc e fortalece a sua democracia”. Nem sempre é bom generalizar.

Não faltou, ao término do discurso, um apoio formal de Dilma “à demanda do governo e do povo argentinos, de soberania sobre as Ilhas Malvinas.” A propósito, na semana passada, Hugo Chávez, em conversa com o cubano Fidel Castro e o ex-jogador Diego Maradona, disse que a Unasul deveria pressionar a Inglaterra a devolver as Ilhas Malvinas à Argentina. Um brinde à América do Sul.

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