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Derrota na Câmara e outros fiascos ameaçam reeleição, diz analista

Para o cientista político Cláudio Couto, a forte articulação empresarial;contra a medida provisória 232;afeta Antonio Palocci, até agora uma quase-unanimidade pelos bons resultados da economia

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 15h01.

Juntando a perda de controle governista da mesa da Câmara dos Deputados com a forte oposição à medida provisória 232 e o desempenho pífio do ministério, não é exagero pensar em sérias ameaças à reeleição de Lula. Segundo o cientista político Cláudio Couto, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a rejeição da MP que eleva a tributação das empresas prestadoras de serviços ocorre no campo de atuação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, até agora uma quase-unanimidade pelos resultados positivos da economia. "Com essa articulação empresarial, que há muito tempo não se via, os setores que apoiavam Palocci começam a bombardeá-lo", afirma Couto. "Nesse quadro, se o governo não se antecipar à derrota anunciada no Congresso, poderá colher outro revés muito grave."

Seria outro fiasco de uma série que, passando pelo escândalo Waldomiro Diniz, abrange o péssimo desempenho do governo na área da Saúde e a generalizada sensação de que, excetuadas as áreas de comércio exterior, política externa e Ministério da Justiça, não há rumo guiando a atuação da equipe ministerial de Lula. "Não há resultados palpáveis, as áreas patinam sem mostrar serviço, não há projeto do que fazer", diz Couto.

Se os fiascos continuarem se acumulando, diz o analista, vão criar um clima político negativo que pode resvalar no presidente, até agora preservado. Uma forma de frear esse processo seria a reforma ministerial. Para Couto, é difícil ter um diagnóstico de para onde a realocação de pastas deve caminhar agora. "Vai depender da real compreensão governista desta derrota na Câmara, para além dos mea culpa sem sinceridade espalhados para consumo dos jornais", afirma.

O sociólogo Emir Sader, um dos organizadores do Fórum Social Mundial, considera o episódio Severino Cavalcanti como uma derrota de isolamento do PT, repetindo as eleições municipais. "É um momento de explicitação de fragilidades evidentes, não apenas operativas. O PT perdeu até a capacidade de mobilização popular, pelo caráter do governo que está realizando."

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