Depois de Mosul, próximo alvo é Raqa, capital do EI na Síria
A França advertiu que os extremistas do EI já estão fugindo para Raqa diante do avanço das tropas iraquianas e das milícias curdas sobre Mosul
AFP
Publicado em 21 de outubro de 2016 às 16h47.
A cidade síria de Raqa, o próximo alvo da coalizão internacional anti-extremista liderada pelos Estados Unidos , depois de Mosul (Iraque), é a primeira cidade em importância que o grupo Estado Islâmico (EI) conquistou.
O presidente francês, François Hollande,advertiu que os extremistas do EI já estão fugindo para Raqa diante do avanço das tropas iraquianas e das milícias curdas sobre Mosul.
"Não podemos nos permitir cometer erros, ao perseguir os terroristas que estão fugindo de Mosul para Raqa", disse, destacando que a cidade síria é o próximo alvo.
Nesta sexta-feira, o secretário de Estado adjunto americano Antony Blinken disse que a coalizão internacional contra o EI deve agora visar Raqa.
"Precisamos fazer as duas coisas, Mosul no Iraque e Raqa na Síria", disse Blinken à emissora de rádio RTL de Paris.
"Desta cidade, o Daesh planeja os ataques externos. Raqa é a verdadeira capital", insistiu Blinken.
Localizada em uma margem do rio Eufrates, perto da fronteira com a Turquia, Raqa tem cerca de 200.000 habitantes e em março de 2013 se tornou a primeira capital da província síria a cair nas mãos dos rebeldes.
Na época, foi a Frente Al Nusra, braço da Al Qaeda no país, que conseguiu arrebatar seu controle do regime de Bashar al Assad, mas depois, desavenças internas entre os extremistas levaram a uma cisão interna da qual surgiu o Estado Islâmico.
Os combatentes começaram a impor à população um código de vestimenta islâmica e lançaram ataques contra as igrejas, dando início a um reinado do terror no qual se multiplicaram os sequestros e as decapitações.
As piores atrocidades
Em 6 de janeiro de 2014, combatentes do EI declararam guerra total contra seus antigos aliados da Frente al Nusra e tomaram o controle de toda a cidade.
Cinco meses depois, Mosul caiu nas mãos dos extremistas e em 29 de junho o líder do EI, Abu Bakr al Bagdadi, proclamou o nascimento de um "califado" entre Iraque e Síria.
Raqa continuou sendo o cenário das piores atrocidades, como o apedrejamento
de uma mulher acusada de adultério, as crucificações ou o lançamento de homossexuais de um terraço.
Em fevereiro de 2015, o grupo publicou um vídeo em que aparecia um soldado jordaniano da coalizão que luta contra o EI queimado vivo pelos extremistas na província de Raqa.
Segundo sua rígida interpretação do código islâmico, os extremistas impuseram em Raqa a proibição do álcool e de cigarros, forçando os homens a se deixar crescer a barba e as mulheres a usar niqab (véu integral) em público.
O comércio também está regulado e só se permite a casais casados fazer compras juntos. A roupa à venda não pode ser muito justa, nem transparente, nem muito adornada.
Na praça central, há comércio de escravas sexuais, muitas delas prisioneiras da minoria yázidi, e ali os opositores são torturados.
A cidade fica a 550 km de Damasco e ali peregrinam os jihadistas estrangeiros que querem se unir ao grupo. Na província, o grupo pode explorar desde agosto de 2014 os cultivos de trigo e algodão, além de gerar renda com os campos de petróleo.
Desde o início dos bombardeios da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, em setembro de 2014, o grupo perdeu terreno na fronteira com a Turquia. No entanto, até agora conseguiu manter o controle de Raqa.