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Debate presidencial no México deixa de fora o narcotráfico

Durante duas horas, os candidatos abordaram temas econômicos e especificamente as estratégias contra a pobreza que afeta a metade dos mexicanos

A omissão dos candidatos em relação ao narcotráfico é mais notória se for considerado que 82% dos mexicanos acreditam que a insegurança tem aumentado (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2012 às 18h59.

México - Em seu último debate na televisão os candidatos à Presidência do México concordaram em dar prioridade ao combate à pobreza crescente, mas praticamente ignoraram o tema do narcotráfico e as mais de 50.000 mortes violentas ligadas à violência dos cartéis, ressaltaram analistas nesta segunda-feira.

O debate de domingo em Guadalajara (oeste) marca a reta final da campanha na qual Enrique Peña Nieto, advogado de 45 anos do Partido Revolucionário Institucional (PRI), mantém uma folgada vantagem para Andrés Manuel López Obrador (Movimento Progressista, esquerda) e Josefina Vázquez Mota, do governante Partido Ação Nacional (PAN).

Durante duas horas, os candidatos abordaram temas econômicos e especificamente as estratégias contra a pobreza que afeta a metade dos mexicanos, apesar de a economia atravessar um momento de retomada após a crise de 2008 e as reservas internacionais se situarem em um nível histórico.

"Quero um México de inclusão e sem pobreza (...) o centro de minha proposta é que você ganhe mais e tenha acesso a mais", disse Peña Nieto no início do debate, destacando que 12 anos depois de seu partido ter deixado o poder, que exerceu durante 71 anos, a situação econômica não melhorou.

"É preciso criar mais empregos", afirmou López Obrador, de 58 anos, que é candidato pela segunda vez depois de ter perdido em 2006 por menos de 1%.

A ex-ministra Vázquez Mota explicou que "acabar com a pobreza e com a desigualdade é o maior desafio".

Em contraposição, as referências ao narcotráfico foram poucas e palavras como cartel, chefão ou massacre sequer foram pronunciadas pelos candidatos.


"O grande tema ausente foi o de milhares de mortos, do qual eles passaram longe", indicou à AFP Alberto Aziz Nacif, do Centro de Pesquisas e Estudos Superiores.

"Esconderam a violência, o crime, a angústia do México. Lamentável", concordou no Twitter o historiador Enrique Krauze, diretor da revista Letras Libres, e um dos mais influentes autores do país.

Antes do debate, próximo ao centro de exposições onde foi realizado, a polícia encontrou dois braços humanos, uma recordação das matanças do narcotráfico que sacodem Guadalajara há meses.

A omissão dos candidatos em relação ao narcotráfico é mais notória se for considerado que 82% dos mexicanos acreditam que a insegurança tem aumentado, segundo uma pesquisa divulgada em março pela ONG México Unido contra a Criminalidade.

"Foram várias ausências lamentáveis: não se falou de como resolver o problema do narcotráfico, evitou-se tocar no tema do papel das Forças Armadas e também não se referiram às vítimas", enfatizou Carlos Gallego, do centro de pesquisas de conjuntura da Universidade Nacional Autônoma do México.

A decisão do presidente Felipe Calderón de lançar, em dezembro de 2006, uma ofensiva militar de combate às drogas gerou grande polêmica. "Como é possível que os candidatos não falem dela?", perguntou Gallego.

O último registro oficial de mortos é de 47.500 até setembro, embora as contagens realizadas pela imprensa já superem os 50.000, podendo chegar a 60.000 antes do final do ano.

O pesquisador José Antonio Crespo, do Centro de Pesquisas e Docência Econômica, acredita que o tema é uma batata quente.

"Falou-se pouco sobre o narcotráfico porque ninguém sabe claramente o que fazer. Suas propostas vão no mesmo sentido: criar uma polícia nacional ou acabar com a corrupção das corporações locais, além disso, não têm clareza" disse.

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México - Em seu último debate na televisão os candidatos à Presidência do México concordaram em dar prioridade ao combate à pobreza crescente, mas praticamente ignoraram o tema do narcotráfico e as mais de 50.000 mortes violentas ligadas à violência dos cartéis, ressaltaram analistas nesta segunda-feira.

O debate de domingo em Guadalajara (oeste) marca a reta final da campanha na qual Enrique Peña Nieto, advogado de 45 anos do Partido Revolucionário Institucional (PRI), mantém uma folgada vantagem para Andrés Manuel López Obrador (Movimento Progressista, esquerda) e Josefina Vázquez Mota, do governante Partido Ação Nacional (PAN).

Durante duas horas, os candidatos abordaram temas econômicos e especificamente as estratégias contra a pobreza que afeta a metade dos mexicanos, apesar de a economia atravessar um momento de retomada após a crise de 2008 e as reservas internacionais se situarem em um nível histórico.

"Quero um México de inclusão e sem pobreza (...) o centro de minha proposta é que você ganhe mais e tenha acesso a mais", disse Peña Nieto no início do debate, destacando que 12 anos depois de seu partido ter deixado o poder, que exerceu durante 71 anos, a situação econômica não melhorou.

"É preciso criar mais empregos", afirmou López Obrador, de 58 anos, que é candidato pela segunda vez depois de ter perdido em 2006 por menos de 1%.

A ex-ministra Vázquez Mota explicou que "acabar com a pobreza e com a desigualdade é o maior desafio".

Em contraposição, as referências ao narcotráfico foram poucas e palavras como cartel, chefão ou massacre sequer foram pronunciadas pelos candidatos.


"O grande tema ausente foi o de milhares de mortos, do qual eles passaram longe", indicou à AFP Alberto Aziz Nacif, do Centro de Pesquisas e Estudos Superiores.

"Esconderam a violência, o crime, a angústia do México. Lamentável", concordou no Twitter o historiador Enrique Krauze, diretor da revista Letras Libres, e um dos mais influentes autores do país.

Antes do debate, próximo ao centro de exposições onde foi realizado, a polícia encontrou dois braços humanos, uma recordação das matanças do narcotráfico que sacodem Guadalajara há meses.

A omissão dos candidatos em relação ao narcotráfico é mais notória se for considerado que 82% dos mexicanos acreditam que a insegurança tem aumentado, segundo uma pesquisa divulgada em março pela ONG México Unido contra a Criminalidade.

"Foram várias ausências lamentáveis: não se falou de como resolver o problema do narcotráfico, evitou-se tocar no tema do papel das Forças Armadas e também não se referiram às vítimas", enfatizou Carlos Gallego, do centro de pesquisas de conjuntura da Universidade Nacional Autônoma do México.

A decisão do presidente Felipe Calderón de lançar, em dezembro de 2006, uma ofensiva militar de combate às drogas gerou grande polêmica. "Como é possível que os candidatos não falem dela?", perguntou Gallego.

O último registro oficial de mortos é de 47.500 até setembro, embora as contagens realizadas pela imprensa já superem os 50.000, podendo chegar a 60.000 antes do final do ano.

O pesquisador José Antonio Crespo, do Centro de Pesquisas e Docência Econômica, acredita que o tema é uma batata quente.

"Falou-se pouco sobre o narcotráfico porque ninguém sabe claramente o que fazer. Suas propostas vão no mesmo sentido: criar uma polícia nacional ou acabar com a corrupção das corporações locais, além disso, não têm clareza" disse.

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