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Dados sobre explosões em Tianjin revelam irregularidades

Quase dois dias depois do acidente, que deixaram 56 mortos, mais de 700 feridos e um número indeterminado de desaparecidos, há mais incógnitas do que certezas

Carros queimando após explosão em Tianjin: "os perigosos produtos químicos que explodiram no terminal de contêineres não puderam ser identificados ainda" (Stringer/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de agosto de 2015 às 13h53.

Pequim - Os primeiros dados divulgados sobre as circunstâncias das duas explosões na quarta-feira em um terminal de contêineres de Tianjin, no norte da China , revelam graves irregularidades e falta de transparência nas operações da companhia.

Quase dois dias depois do acidente, que deixaram 56 mortos (21 deles bombeiros), mais de 700 feridos (quase 60 em estado grave) e um número indeterminado de desaparecidos, há mais incógnitas do que certezas, mas o que já foi publicado até agora não desenha um cenário favorável nem para a empresa, nem para o governo.

O primeiro mistério sem resolver é o que abrigava o terminal de contêineres no porto, propriedade de Tianjin Dongjiang Port Ruihai International Logistics, de 46 mil metros quadrados, segundo a companhia.

Gao Huaiyou, subdiretor de segurança do trabalho da Tianjin, disse hoje em entrevista coletiva que "os perigosos produtos químicos que explodiram no terminal de contêineres não puderam ser identificados ainda".

Isso não é possível, explicou, por causa dos danos ocorridos nos escritórios da companhia, mas também por "divergências entre a documentação da empresa e os registros dos clientes", sem entrar em mais detalhes.

Enquanto a polícia chinesa aponta que era armazenado principalmente nitrato de amônia, nitrato de potássio e carboneto de cálcio, nos papéis da empresa também aparece Diisocianato de tolueno, altamente tóxico, segundo o site de notícias "The Paper".

A organização ambientalista Greenpeace assinalou em comunicado que o carboneto de cálcio, entre outros elementos, pode reagir violentamente se entrar em contato com água.

Essa é, por enquanto, uma das hipóteses para explicar as explosões, que ocorreram em uma área nova do porto de Tianjin depois de os bombeiros tentarem apagar um incêndio anterior.

Um dos que entrou no armazém afirmou hoje à revista chinesa "Caijing" que ninguém os informou que "havia produtos químicos perigosos que poderiam explodir em contato com água".

Outra questão de peso é se o terminal contava com as condições necessárias para trabalhar com produtos "químicos perigosos", o que não havia quando o armazém foi instalado, em 2012, segundo o "Beijing News".

Apesar de Gao Huaiyou ter dito hoje que o lugar da explosão tinha sido "redesenhado para armazenar produtos químicos perigosos", vizinhos e trabalhadores não pareciam estar cientes disso.

O jornal publicou que, supostamente, as autoridades ambientais de Tianjin fizeram circular entre maio de 2013 e agosto de 2014 uma pesquisa para perguntar se parecia que o espaço de Ruhai era destinado a armazenar produtos químicos de risco, com uma arrasadora resposta positiva.

Por outro lado, residentes locais afirmaram ao jornal não ter recebido essa pesquisa, enquanto ontem o inquilino de uma casa próxima ao lugar das explosões afirmou à Agência Efe desconhecer que essa fosse a incumbência do terminal.

A lei chinesa estabelece que este tipo de componentes devem estar situados a no mínimo um quilômetro de edifícios, mas em Tianjin há casas a uma distância de entre 500 metros e dois quilômetros do ponto da explosão.

"Queremos saber a resposta oficial sobre a distância que havia ente o armazém e os imóveis residenciais", publicou hoje no Weibo, o Twitter chinês, uma usuária identificada como Shuaishuaida.

Em plena polêmica, o tenente de prefeito de Pequim, Zhang Tingkun, disse que a capital chinesa suspenderá a produção de químicos, tóxicos e explosivos até 6 de setembro, publicou hoje o "China Daily".

Antes, o Conselho de Estado (governo chinês) tinha informado que fará uma inspeção nacional para examinar as medidas de segurança nos lugares que armazenam ou trabalham com produtos químicos de risco.

Estas iniciativas chegam entre reivindicações da população chinesa de saber "a verdade da explosão", uma das principais hashtags no Weibo hoje, que um usuário chamado Amomo pediu:

"Só queremos saber a verdade: as causas, os responsáveis por esta explosão e daí que se cumpra a lei".

Por enquanto, o presidente da companhia, Zhi Feng, está sob custódia policial, e nas redes sociais se especula que seria o filho do tenente de prefeito de Tianjin, Zhi Shenghua, o que não confirmado oficialmente.

Enquanto isso, os trabalhos de resgate têm sido dificultados devido porque ainda há pequenos incêndios e explosões no lugar da última tragédia industrial deste ano na China, após outras três explosões em fábricas químicas só em 2015, segundo a organização NGOCN, com sede em Cantão, no sul do país.

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Quase dois dias depois do acidente, que deixaram 56 mortos (21 deles bombeiros), mais de 700 feridos (quase 60 em estado grave) e um número indeterminado de desaparecidos, há mais incógnitas do que certezas, mas o que já foi publicado até agora não desenha um cenário favorável nem para a empresa, nem para o governo.

O primeiro mistério sem resolver é o que abrigava o terminal de contêineres no porto, propriedade de Tianjin Dongjiang Port Ruihai International Logistics, de 46 mil metros quadrados, segundo a companhia.

Gao Huaiyou, subdiretor de segurança do trabalho da Tianjin, disse hoje em entrevista coletiva que "os perigosos produtos químicos que explodiram no terminal de contêineres não puderam ser identificados ainda".

Isso não é possível, explicou, por causa dos danos ocorridos nos escritórios da companhia, mas também por "divergências entre a documentação da empresa e os registros dos clientes", sem entrar em mais detalhes.

Enquanto a polícia chinesa aponta que era armazenado principalmente nitrato de amônia, nitrato de potássio e carboneto de cálcio, nos papéis da empresa também aparece Diisocianato de tolueno, altamente tóxico, segundo o site de notícias "The Paper".

A organização ambientalista Greenpeace assinalou em comunicado que o carboneto de cálcio, entre outros elementos, pode reagir violentamente se entrar em contato com água.

Essa é, por enquanto, uma das hipóteses para explicar as explosões, que ocorreram em uma área nova do porto de Tianjin depois de os bombeiros tentarem apagar um incêndio anterior.

Um dos que entrou no armazém afirmou hoje à revista chinesa "Caijing" que ninguém os informou que "havia produtos químicos perigosos que poderiam explodir em contato com água".

Outra questão de peso é se o terminal contava com as condições necessárias para trabalhar com produtos "químicos perigosos", o que não havia quando o armazém foi instalado, em 2012, segundo o "Beijing News".

Apesar de Gao Huaiyou ter dito hoje que o lugar da explosão tinha sido "redesenhado para armazenar produtos químicos perigosos", vizinhos e trabalhadores não pareciam estar cientes disso.

O jornal publicou que, supostamente, as autoridades ambientais de Tianjin fizeram circular entre maio de 2013 e agosto de 2014 uma pesquisa para perguntar se parecia que o espaço de Ruhai era destinado a armazenar produtos químicos de risco, com uma arrasadora resposta positiva.

Por outro lado, residentes locais afirmaram ao jornal não ter recebido essa pesquisa, enquanto ontem o inquilino de uma casa próxima ao lugar das explosões afirmou à Agência Efe desconhecer que essa fosse a incumbência do terminal.

A lei chinesa estabelece que este tipo de componentes devem estar situados a no mínimo um quilômetro de edifícios, mas em Tianjin há casas a uma distância de entre 500 metros e dois quilômetros do ponto da explosão.

"Queremos saber a resposta oficial sobre a distância que havia ente o armazém e os imóveis residenciais", publicou hoje no Weibo, o Twitter chinês, uma usuária identificada como Shuaishuaida.

Em plena polêmica, o tenente de prefeito de Pequim, Zhang Tingkun, disse que a capital chinesa suspenderá a produção de químicos, tóxicos e explosivos até 6 de setembro, publicou hoje o "China Daily".

Antes, o Conselho de Estado (governo chinês) tinha informado que fará uma inspeção nacional para examinar as medidas de segurança nos lugares que armazenam ou trabalham com produtos químicos de risco.

Estas iniciativas chegam entre reivindicações da população chinesa de saber "a verdade da explosão", uma das principais hashtags no Weibo hoje, que um usuário chamado Amomo pediu:

"Só queremos saber a verdade: as causas, os responsáveis por esta explosão e daí que se cumpra a lei".

Por enquanto, o presidente da companhia, Zhi Feng, está sob custódia policial, e nas redes sociais se especula que seria o filho do tenente de prefeito de Tianjin, Zhi Shenghua, o que não confirmado oficialmente.

Enquanto isso, os trabalhos de resgate têm sido dificultados devido porque ainda há pequenos incêndios e explosões no lugar da última tragédia industrial deste ano na China, após outras três explosões em fábricas químicas só em 2015, segundo a organização NGOCN, com sede em Cantão, no sul do país.

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