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Curdos resistem após um mês de combates com o EI em Kobane

Auxiliados pelos ataques aéreos da coalizão internacional, os curdos resistem à ofensiva dos jihadistas na cidade de Kobane, iniciada há um mês

Curdos observam em colina da Turquia a fumaça provocada pelos combates na cidade síria de Kobane (Aris Messinis/AFP)

Curdos observam em colina da Turquia a fumaça provocada pelos combates na cidade síria de Kobane (Aris Messinis/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2014 às 13h29.

Mirsutpinar - Um mês após o início da ofensiva do grupo Estado Islâmico (EI) em Kobane, os combatentes curdos resistem, auxiliados pelos ataques aéreos da coalizão, mas os Estados Unidos estão cada vez mais preocupados com os "progressos significativos" dos jihadistas no Iraque.

O destino de Kobane, terceira maior cidade curda na Síria na fronteira com a Turquia e símbolo da luta contra o EI, continua incerto após 30 dias de violentos combates.

Os jihadistas chegaram a ocupar metade da cidade, mas os combatentes curdos parecem ter retomado terreno esta semana graça a intensificação dos ataques aéreos contra posições jihadistas.

Desta forma, as Unidades de Proteção do Povo (YPG), principal milícia armada curda da Síria, "avançaram no leste e sudeste da cidade", indicou nesta quinta-feira uma autoridade local, Idriss Nassen.

No entanto, tais alegações são impossíveis de verificar, na ausência de observadores e jornalistas independentes em Kobane. O EI não divulga suas operações.

Nesta quinta-feira, os jihadistas lançaram um ataque perto do posto fronteiriço turco de Mursitpinar, na esperança de cortar toda passagem entre Kobane e a Turquia, segundo um jornalista da AFP na fronteira. Dois morteiros caíram do lado sírio, e um terceiro em território turco, sem causar vítimas.

Corpos de jihadistas exibidos

Os Estados Unidos anunciaram que bombardearam posições do EI quatorze vezes na quarta-feira e nesta quinta, elevando a mais de 100 o número de ataques aéreos contra alvos ao redor da cidade desde o final de setembro.

"Mas Kobane ainda pode cair", advertiu o porta-voz do Pentágono John Kirby.

Em um mês, "a batalha do Kobane" fez 662 mortos, de acordo com um comunicado do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que não inclui as vítimas dos ataques aéreos. O EI perdeu 374 soldados, as YPG 258, enquanto outros dez combatentes curdos e vinte civis foram mortos nos combates.

A batalha começou em 16 de setembro, quando o grupo extremista sunita EI, que proclamou um "califado" sobre as extensas áreas que controla na Síria e no Iraque, lançou uma ofensiva sobre a cidade e seus arredores.

Desde então, mais de 300.000 pessoas fugiram, incluindo mais de 200 mil para a Turquia e milhares ao Iraque.

Um pouco mais a leste, pelo menos 20 jihadista do EI, em sua maioria combatentes estrangeiros, foram mortos em um ataque das forças curdas, 30 km a oeste de Ras al-Ain, na província de Hasakah (nordeste), segundo o OSDH.

"Os curdos trouxeram os corpos e os exibiram pelas ruas de Ras al-Ain", cidade controlada pelos curdos da fronteira com a Turquia, de acordo com a ONG.

Urgência no Iraque

Enquanto multiplicam os ataques em Kobane, os Estados Unidos têm expressado grande preocupação com os acontecimentos no Iraque, a sua "principal preocupação", de acordo com o general John Allen, que lidera a coalizão internacional.

Ele admitiu que o EI fez "progressos significativos", especialmente na província predominantemente sunita de Al-Anbar (oeste). Segundo uma autoridade, eles controlariam 85% desta região.

O exército iraquiano, apoiado por tribos, conseguiu na quarta-feira repelir um ataque do EI contra Ramadi, capital de Al-Anbar.

Apesar de a violência se concentrar no front, a capital iraquiana não foi poupada. Em Bagdá, pelo menos 16 pessoas morreram nesta quinta-feira em três atentados contra bairros xiitas, segundo fontes médicas e de segurança.

Para reforçar a sua participação na coalizão anti-jihadista no Iraque, Londres decidiu redistribuir os drones até então envolvidos em missões no Afeganistão.

Contudo, a cooperação internacional contra o EI sofreu um revés com o anúncio pela Rússia de que nenhum acordo de compartilhamento de informações sobre os jihadistas com os Estados Unidos tinha sido alcançado.

Moscou ressaltou ainda que não vai participar de qualquer coalizão sem a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Os países da coalizão pediram recentemente um maior envolvimento da Turquia na luta, inclusive a abertura de suas bases militares, mais próximas dos locais atacados.

Mas o primeiro-ministro turco Ahmet Davutoglu rejeitou o pedido da França de abrir ainda mais a fronteira com a Síria. Ancara proíbe os rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) de se juntar aos combatentes curdos em Kobane.

Por outro lado, a Turquia quer reenviar a Kobane 150 sírios, suspeitos de ligações com os rebeldes curdos na Turquia, de acordo com um deputado. Detidos pelas autoridades turcas quando cruzaram a fronteira na semana passada, eles iniciaram uma greve de fome.

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