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Cristãos do Iraque fogem aterrorizados de jihadistas sunitas

Desde a fuga da polícia, a cidade está protegida por uma força de apenas 600 cristãos e pelos peshmergas, nome dado aos integrantes das forças curdas

Iraquiana cristã: proteção parece irrisória frente a insurgentes armados e bem treinados (AFP)
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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2014 às 12h14.

Protegidos por barricadas, os cristãos da cidade iraquiana de Bartala vivem aterrorizados, com a convicção de que o Exército os abandonou deixando todos à mercê dos jihadistas sunitas que controlam a cidade vizinha de Mossul.

Bartala, que conta com 30.000 habitantes, fica a apenas 20 km de Mossul (norte), segunda maior cidade do Iraque e a primeira a cair em poder dos insurgentes sunitas que lançaram uma grande ofensiva no país na semana passada.

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Desde a fuga da polícia, a cidade está protegida por uma força de apenas 600 cristãos e pelos peshmergas, nome dado aos integrantes das forças curdas.

Esta proteção que parece irrisória frente a insurgentes armados e bem treinados.

Por isso, os cristãos de Mossul se refugiaram junto aos cristãos de Bartala e todos se sentem desamparados frente aos rebeldes, que os consideram infiéis.

"O governo não se importa com a gente. Vimos como o Exército fugiu nos deixando condenados à morte certa", lamenta Saba Yusef, que abriga em sua casa familiares que fugiram de Mossul.

"Para ser sincero, temos medo. Sabemos que, se o EIIL decidir vir, tomarão toda a cidade", declarou Milad Jibrael, referindo-se ao Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL), o grupo que à frente dos insurgentes sunitas, que lançaram em 9 de junho uma ofensiva, apoderando-se de vastas zonas do território de quatro províncias do país.

Junto com seu amigo de infância Tahrir Munir, Jibrael faz parte de uma força local que protege as quatro igrejas da cidade.

"Ficarei aqui, independentemente do que acontecer. Se devo morrer protegendo esta igreja, farei isso", acrescentou ele, referindo-se à igreja Maryam al-Adra.

Barricadas em torno das igrejas

Em torno das igrejas, foram erguidas barricadas e cristãos e peshmergas revistam todos os carros que entram na cidade.

Apesar da escassez de armas, o líder curdo local, Idris Sorchi, acredita que pode repelir um ataque dos insurgentes.

"Podemos proteger esta cidade e nossas regiões", afirmou.

"Não vamos entrar em Mossul, mas temos ordem de proteger esta zona e combater os insurgentes que possam chegar", declarou ele no quartel-general local de um partido curdo.

O medo de um ataque jihadista fez com que cerca de vinte famílias fugissem de Bartala, onde a luz e a água foram cortadas. Mas a maioria da população ficou, mesmo com medo.

Bernadette Bustros deixou Mossul com o marido e seus cinco filhos depois de ver insurgentes nas ruas de seu bairro.

"Estávamos aterrorizados, começamos a viagem a pé", contou.

Mas, para ela, isso é apenas mais um capítulo do longo pesadelo que os cristãos vivem no Iraque, que tiveram seu número reduzido pela metade depois da invasão americana de 2003.

"Há anos que nossa situação é desastrosa. Dois irmãos meus foram sequestrados em 2008. Um deles foi libertado; o outro, morto".

"Nos tempos de Saddam Hussein (o ditador derrubado em 2003), sabíamos que havia um nome que não se podia pronunciar", explica seu irmão. "Mas agora sofremos a opressão do governo e a violência desses insurgentes, e não temos para onde ir".

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