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Crimeia quer assumir estatais da Ucrânia e campos de gás

Região busca consolidar a independência da península antes de um referendo sobre a anexação à Rússia


	Manifestantes com bandeiras russas em frente ao parlamento da Crimeia: desde que separatistas pró-Rússia tomaram o controle do Parlamento regional há quase duas semanas, a região foi declarada parte da Federação Russa
 (AFP)

Manifestantes com bandeiras russas em frente ao parlamento da Crimeia: desde que separatistas pró-Rússia tomaram o controle do Parlamento regional há quase duas semanas, a região foi declarada parte da Federação Russa (AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2014 às 12h47.

Moscou/Londres - A Crimeia vai assumir a propriedade das empresas estatais ucranianas em seu território, incluindo os campos de gás natural no mar Negro, disse o primeiro vice-premiê da região, consolidando a independência da península antes de um referendo sobre a anexação à Rússia.

A Crimeia, uma região no sul da Ucrânia que abriga a frota russa do mar Negro, votará no domingo a adesão à Rússia. Desde que separatistas pró-Rússia tomaram o controle do Parlamento regional há quase duas semanas, a região foi declarada parte da Federação Russa.

Em uma entrevista coletiva transmitida pela televisão russa, Rustam Temirgaliev disse: "Nos próximos dias, a transferência está sendo preparada... para uma série de bens, pertencentes ao Estado ucraniano, que estão localizados no território da Crimeia".

Ele disse que empresa de energia Chornomornaftohaz e a companhia ferroviária estatal seriam incluídas, além de vários resorts de propriedade de ministérios em Kiev.

"A propriedade de empresas privadas e particulares permanece propriedade dessas entidades", disse ele, acrescentando que os proprietários devem voltar a registrar seus bens sob a lei russa.

Gás do mar negro

Caso a Chornomornaftohaz deixe de ser ucraniana, Kiev perderia um elemento essencial em seus esforços para reduzir a dependência crescente das importações de gás russo.

A Ucrânia usa mais de 50 bilhões de metros cúbicos de gás por ano, avaliados em cerca de 20 bilhões de dólares em termos atuais do mercado europeu, sendo mais de metade importada da Rússia.


As disputas entre a Rússia e a Ucrânia já levaram a cortes de abastecimento, provocando esforços de Kiev para desenvolver novas fontes de energia. A busca da Ucrânia por novos campos de gás no mar Negro têm atraído vários investidores do setor de energia, incluindo Exxon Mobil, Royal Dutch Shell, Eni e OMV.

A Ucrânia espera que sua produção de gás no Mar Negro passe de apenas 1 bilhão de metros cúbicos por ano atuais para mais de 3 bilhões de metros cúbicos em 2015, e 5 bilhões de metros cúbicos até o final da década.

Os planos são apoiados pela União Europeia através da adesão da Ucrânia à comunidade energética da UE. Como parte dessa associação, a Comissão Europeia pretende converter a Ucrânia de uma nação de trânsito de gás em um centro de produção de energia.

Andrew Swiger, vice-presidente sênior da Exxon Mobil, disse a investidores na semana passada que as atividades da empresa na Ucrânia estavam suspensas devido às circunstâncias atuais.

A Crimeia está ligada à infraestrutura de gás da Ucrânia, não da Rússia. Se for anexada à Rússia após o referendo, analistas dizem que a Ucrânia provavelmente cortará o suprimento de gás da Crimeia.

A Rússia poderia tentar usar os campos de gás no mar Negro para abastecer Crimeia.

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