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Coreia do Sul terá eleição em meio a tensões político-econômicas

Há 6 meses a ex-presidente Park Geun-hye sofreu um impeachment. Seu envolvimento em escândalos de corrupção levou milhares às ruas exigindo sua saída

Coreia do Sul: a demanda por mudanças no sistema econômico continua em alta, uma vez que o crescimento da riqueza segue concentrado nas mãos de poucas famílias detentoras de tais conglomerados empresariais (Kim Hong-Ji/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de maio de 2017 às 18h46.

São Paulo - Os sul-coreanos vão às urnas amanhã para escolher seu novo presidente, que deve enfrentar grandes desafios para governar o país, em meio a um ambiente de escalada de tensões com o vizinho do norte.

A votação acontece seis meses após o impeachment da ex-presidente Park Geun-hye, cujo envolvimento em escândalos de corrupção levou milhares às ruas exigindo sua saída.

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Moon Jae-in, do Partido Democrático da Coreia (Minjoo), de centro-esquerda, lidera as pesquisas de intenção de voto, com apoio de 40% dos eleitores, de acordo com o instituto de pesquisa norte-americano Gallup.

Ahn Cheol-soo, do Partido do Povo, conta com 24% do apoio e Hong Joon-pyo, do Partido Liberal da Coreia, tem 12% das intenções de voto.

Entre as prioridades do novo presidente devem estar a criação de novos empregos, o combate à corrupção e a reversão do problema da baixa natalidade do país, que ameaça a produtividade da força de trabalho.

As relações com a Coreia do Norte também serão um foco central.

Moon sinalizou que, caso eleito, adotará uma postura menos confrontadora com Pyongyang, num momento em que muitos sul-coreanos veem uma piora das relações norte-sul em decorrência da linha dura da ex-presidente com o país vizinho.

Deve-se considerar que a recente instalação no país de um sistema de mísseis antibalísticos enviado pelos Estados Unidos em resposta aos testes de armamentos conduzidos por Pyongyang pode dificultar a situação do sucessor de Park.

Além disso, a forma com que o novo governo vai lidar com os conglomerados Chaebol - termo que define um determinado grupo de companhias em torno de uma empresa-mãe controlada geralmente por famílias - também está no centro das atenções.

O assunto ganhou fôlego diante do escândalo de propinas envolvendo a gigante de tecnologia Samsung, que resultou na queda de Park e na prisão do herdeiro do grupo, Lee Jae-yong.

A demanda por mudanças no sistema econômico continua em alta, uma vez que o crescimento da riqueza segue concentrado nas mãos de poucas famílias detentoras de tais conglomerados empresariais.

No campo dos empregos, os dois principais candidatos apresentam visões divergentes sobre como o governo deve agir.

Moon acredita que um governo maior será mais eficiente na criação de postos de trabalho e diz que a Coreia do Sul precisa de mais servidores públicos.

Seu rival, Ahn, afirma que o governo não deve ter a mão pesada na intervenção no setor privado e pede por maiores incentivos à inovação.

A economia sul-coreana ainda encontra obstáculos para crescer.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano deverá ser de 2,6%, abaixo dos 2,8% previstos anteriormente, de acordo com um relatório do Brown Borthers Harriman (BBH), divulgado hoje.

No quarto trimestre do ano passado, o PIB cresceu 2,3% ante o mesmo período de 2015, o pior resultado desde o segundo trimestre de 2015, ainda segundo o BBH.

Para o professor de Gestão Pública da Universidade Nacional de Seul, Park

Sang-in, as propostas dos candidatos ficaram aquém das expectativas dos eleitores e não devem cobrir a agenda de reformas necessária para mudar o sistema econômico.

"O discurso deles sobre empregos e inovação foi tão superficial que não podem ganhar apoio do público", disse.

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