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Coreia do Norte confirma que Kim foi à China antes de reunião com Trump

Sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o poder no fim de 2011 ficou sob segredo e só foi revelada após volta do líder ao país asiático

Encontro: após um dia e meio de incerteza, a agência de notícias oficial da China, a Xinhua, confirmou nesta quarta-feira a visita de Kim Jong Un a Pequim (KCNA/Reuters)
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AFP

Publicado em 28 de março de 2018 às 06h44.

Última atualização em 28 de março de 2018 às 06h46.

O líder norte-coreano Kim Jong Un foi recebido com grande pompa em Pequim em sua primeira visita - secreta - a China, um sinal da vontade de aproximação entre dois aliados históricos antes da reunião de cúpula prevista entre o dirigente de Pyongyang e o presidente americano Donald Trump.

Em sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o poder no fim de 2011, Kim e sua esposa compareceram a uma cerimônia solene e a a um banquete oferecido em sua homenagem no Grande Palácio do Povo na Praça Tiananmen (Paz Celestial).

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Após um dia e meio de incerteza, a agência de notícias oficial da China, a Xinhua, confirmou nesta quarta-feira a visita de Kim Jong Un a Pequim, quando ele já havia retornado a seu país em uma viagem de trem.

"Sem dúvida, minha primeira visita ao exterior deveria ser à capital chinesa", disse Kim, de acordo com declarações divulgadas pela agência oficial norte-coreana KCNA.

"Isto era meu dever solene, sendo alguém que deve cuidar e manter as relações RPDC-RPC através das gerações" completou.

De acordo com a Xinhua, Kim se declarou disposto a reunir-se com o presidente Trump após vários meses de ameaças entre os dois países pelo programa nuclear norte-coreano, situação que provocou o temor de um conflito.

O encontro de cúpula foi anunciado por fontes sul-coreanas e americanas, mas não havia sido confirmado por nenhuma fonte norte-coreana. Seul afirma que a reunião pode acontecer no fim de maio, mas ainda não foram anunciados o local e a data.

'Boa vontade'

O líder norte-coreano, que nos últimos anos ordenou uma série de testes nucleares e disparos de mísseis com capacidade para atingir o território dos Estados Unidos, se pronunciou de modo favorável à desnuclearização da península coreana.

"Nossa posição constante é de compromisso com a 'desnuclearização' da península coreana, conforme a vontade do ex-presidente Kim Il Sung e do ex-secretário-geral Kim Jong Il", predecessores - avô e pai - de Kim Jong Un.

"A questão da 'desnuclearização' da península coreana pode ser resolvida se a Coreia do Sul e os Estados Unidos responderem aos nossos esforços com boa vontade, criarem uma atmosfera de paz e estabilidade, enquanto tomam medidas progressivas e simultâneas para a realização da paz", disse Kim durante a visita.

A Coreia do Sul informou no mês passado que Pyongyang estaria disposta a abandonar o programa nuclear em troca de garantias americanas em termos de segurança. Os testes nucleares e balísticos norte-coreanos estão suspensos.

Em Washington, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, revelou que Trump recebeu uma mensagem de Xi Jinping sobre as reuniões com Kim Jong Un.

"Vemos esta evolução como uma nova prova de que nossa campanha de máxima pressão está criando o ambiente apropriado para um diálogo com a Coreia do Norte", declarou.

Kim, em traje ao estilo Mao

A TV estatal chinesa CCTV exibiu imagens de Kim e Xi apertando as mãos diante das bandeiras dos dois países, acompanhados de suas esposas. O chefe Estado chinês e seu convidado, vestido com um traje ao estilo Mao, escutaram os hinos nacionais dos dois países e passaram a tropa em revista.

A visita foi revelada na segunda-feira à noite pela imprensa japonesa, que informou a chegada de um alto dirigente norte-coreano a Pequim, sem a certeza absoluta de que a pessoa era Kim Jong Un.

A imprensa estatal chinesa não confirmou a notícia, provavelmente à espera do retorno de Kim a seu país.

"Tive conversas bem sucedidas com o secretário-geral Xi Jinping sobre o desenvolvimento de relações entre as duas partes e os dois países, nossas respectivas situações domésticas, a manutenção da paz e da estabilidade na península coreana e outros temas", disse Kim durante o banquete, de acordo com a Xinhua.

Xi Jinping elogiou a amizade entre os dois países, forjada durante a guerra da Coreia (1950-1953).

"É uma escolha estratégica e a única boa escolha possível entre os dois países, com base na história e na realidade", disse.

Xi aceitou um convite para visitar a Coreia do Norte, segundo a agência norte-coreana KCNA.

A visita de Kim Jong Un a Pequim representa um apoio à diplomacia chinesa, que parecia marginalizada desde o anúncio da reunião de Kim e Trump.

O líder norte-coreano não se reunira com o presidente chinês desde a sucessão de seu pai, Kim Jong Il, falecido há seis anos.

Nos últimos anos, as relações bilaterais ficaram tensas diante do crescente apoio de Pequim às sanções econômicas da ONU contra os programas nuclear e balístico de Pyongyang.

Antes do encontro com Donald Trump, Kim Jong Un se encontrará com o presidente sul-coreano Moon Jae-in no fim de abril na zona desmilitarizada que separa os dois países.

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