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Conselho da ONU aprova resolução contra assentamentos em Israel

Em uma manobra pouco usual, Washington se absteve, permitindo que a medida passasse com os votos a favor dos 14 membros restantes do Conselho

Assentamentos: Trump não demorou a reagir, e alertou no Twitter que "as coisas serão diferentes na ONU a partir de 20 de janeiro" (Baz Ratner/Reuters)
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AFP

Publicado em 23 de dezembro de 2016 às 17h53.

Última atualização em 23 de dezembro de 2016 às 21h11.

O Conselho de Segurança da ONU exigiu nesta sexta-feira que Israel ponha fim aos assentamentos em território palestino, em uma resolução adotada depois de que os Estados Unidos se abstiveram, não usando seu direito a veto para apoiar seu aliado mais próximo no Oriente Médio.

Em uma manobra pouco usual, Washington se absteve, permitindo que a medida passasse com os votos a favor dos 14 membros restantes do Conselho. Os integrantes de cada país-membro aplaudiram a resolução.

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O Conselho atingiu seu objetivo apesar dos esforços de Israel e do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para bloquear o texto da resolução.

Trump não demorou a reagir, e a lertou no Twitter que "as coisas serão diferentes na ONU a partir de 20 de janeiro", dia em que assumirá o cargo.

A embaixadora americana na ONU, Samantha Power, disse que seu país se absteve porque a expansão das colônias israelenses põe em risco a solução dos dois Estados.

"Não acreditamos que terceiras partes possam impor uma solução que não tenha sido negociada pelas duas partes, mas também não podemos reconhecer de forma unilateral um futuro Estado palestino", declarou a diplomata.

"O problema dos assentamentos piorou tanto que agora está colocando em risco a viabilidade de uma solução de dois Estados", acrescentou.

O porta-voz da presidência palestina, Nabil Abu Rudeina, afirmou em Ramala que a resolução do Conselho é "um grande golpe para Israel", porque "se trata de uma condenação internacional unânime da colonização e de um claro apoio a uma solução de dois Estados".

"Não têm validez legal"

A ONU, que afirma que as colônias são ilegais com base no direito internacional, alertou nos últimos meses sobre a proliferação das edificações.

Cerca de 430.000 israelenses vivem atualmente ma Cisjordânia, e outros 200.000 em Jerusalém Oriental, que para os palestinos deve ser a capital de seu futuro país.

A resolução exige que "Israel cesse imediatamente e completamente os assentamentos nos territórios palestinos ocupados, incluído Jerusalém Oriental".

Além disso, ressalta que as colônias israelenses "não têm validez legal" e "estão pondo em perigo a viabilidade da solução dos dois Estados".

O embaixador israelense na ONU, Danny Danon, reconheceu que seu governo esperava que os Estados Unidos vetassem "esta vergonhosa resolução".

"Não tenho dúvidas de que a nova administração americana e o próximo secretário-geral da ONU (Antonio Guterres) acertarão o passo em direção a uma nova era na relação da ONU com Israel", declarou.

"Israel não acatará"

"Israel rejeita esta resolução anti-israelense vergonhosa das Nações Unidas, e não a acatará", advertiu em um comunicado o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

"O governo Obama não apenas falhou em proteger Israel desta conspiração na ONU, senão que conspirou com ela nos bastidores", acrescentou a nota.

"Israel espera trabalhar com o presidente eleito (Donald) Trump e com todos os nossos amigos no Congresso, tanto republicanos como democratas, para eliminar os efeitos prejudiciais desta resolução absurda", concluiu.

Nova Zelândia, Malásia, Senegal e Venezuela impulsionaram a votação, depois que o Egito decidiu postergá-la, na quinta-feira.

O presidente egípcio, Abdel Fatah al Sissi, deu um passo atrás na sua condenação às colônias, depois de que Trump ligou para ele e falou da possibilidade de que os Estados Unidos vetassem o texto.

De acordo com a organização Security Council Report, os Estados Unidos usaram 30 vezes seu direito ao veto em votações sobre Israel e os palestinos.

A última vez que o país se absteve foi em 2009, para exigir um cessar-fogo em Gaza.

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