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Conselho da Europa culpa Otan por morte de imigrantes

Acidente em navio, que partiu da Líbia, causou 63 mortes no ano passado

Vários navios da Otan estariam na região, entre eles o espanhol 'Méndez Núñez', a uma distância de 11 milhas marítimas (Outisnn/ Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de março de 2012 às 13h19.

Bruxelas - Uma comissão do Conselho da Europa responsabilizou nesta quinta-feira a Otan e vários países por 'erros' que causaram no ano passado a morte de 63 imigrantes a bordo de um navio que partiu da Líbia durante o conflito no país.

'Houve erros em diferentes níveis e foram perdidas muitas oportunidades de salvar as vidas das pessoas a bordo do navio', diz um relatório apresentado nesta quinta-feira como anotação final a uma investigação de nove meses sobre o fato.

Entre aqueles que poderiam ter feito mais para resgatar os náufragos, o texto aponta diretamente a guarda-costeira italiana e navios militares da Otan que estavam na região, como a fragata espanhola 'Méndez Núñez', já que a Aliança executava o bloqueio naval sobre a Líbia neste momento.

A encarregada da investigação, a senadora holandesa Tineke Strik, fez nesta quinta-feira em Bruxelas uma reconstrução do acontecimento desde que no dia 26 de março de 2011 a embarcação partiu de Trípoli com 72 pessoas a bordo (principalmente subsaarianos, como eritreus e etíopes) até que duas semanas depois, empurrada pelas correntes, retornou ao litoral líbio.

Até então, havia apenas 9 sobreviventes, depois que o navio sofreu danos e seus pedidos de socorro foram aparentemente ignorados por 'navios pesqueiros, um helicóptero militar e um grande navio militar'.

'As pessoas envolvidas nesta tragédia poderiam ter sido resgatadas se todos os envolvidos tivessem cumprido com suas obrigações', diz o texto redigido por Strik.


Segundo o relatório, às 18 horas de zarpar, quase sem combustível, comida e água, o capitão da embarcação pediu socorro através de um telefone via satélite.

O Centro de Coordenação Marítima italiano foi imediatamente informado e emitiu um amplo número de alertas a navios que estavam na área e ao comando da Otan para que buscassem a embarcação.

Segundo Strik, nas primeiras horas um helicóptero militar e vários navios pesqueiros viram a embarcação dos imigrantes e não fizeram nada.

Posteriormente, após vários dias à deriva e quando um grande número de passageiros já tinha morrido, uma grande embarcação militar sem identificação e com aeronaves a bordo se aproximou do navio, mas também não o recuperou.

A senadora holandesa lembrou que vários navios da Otan estavam na região, entre eles o espanhol 'Méndez Núñez', que estaria a uma distância de 11 milhas marítimas, uma informação que as autoridades espanholas rejeitam, afirmou.

Segundo Strik, o Governo espanhol disse que não recebeu nenhuma informação sobre o navio com problemas, enquanto a Aliança Atlântica diz que direcionou um aviso a todos os seus navios.

Em informação concedida pelo Ministério da Defesa à senadora, a Espanha explica, além disso, que o helicóptero que se encontrava a bordo do 'Méndez Núñez' também não viu o navio.


'As autoridades espanholas reiteram que todos os navios espanhóis são conscientes de suas obrigações sob as leis do mar, incluindo aquelas relativas à assistência a pessoas ou navios em problemas e lembram que durante a Operação Protetor Unificado a fragata espanhola 'Méndez Núñez' ajudou ativamente muitas embarcações', disse o Governo em seu comunicado.

O relatório do Conselho da Europa critica a Otan por sua atuação no fato e também por não ter previsto a saída de pessoas da Líbia por mar durante o conflito.

A comissão do Conselho da Europa pede à Aliança uma investigação interna sobre o assunto, assim como processos parlamentares nos países que possam estar envolvidos.

Um porta-voz da Otan afirmou que a Aliança recebeu no dia 27 de março do ano passado um aviso geral das autoridades italianas sobre um navio que poderia estar em dificuldades, uma mensagem que enviou a todos os navios da organização presentes na zona.

'Embora não tenhamos registro de que nenhuma aeronave ou embarcação da Otan tivesse visto ou feito contato com esse navio, a Otan realizou outras operações de resgate nessa região e nessa época, e recuperou centenas de pessoas', lembrou.

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'Houve erros em diferentes níveis e foram perdidas muitas oportunidades de salvar as vidas das pessoas a bordo do navio', diz um relatório apresentado nesta quinta-feira como anotação final a uma investigação de nove meses sobre o fato.

Entre aqueles que poderiam ter feito mais para resgatar os náufragos, o texto aponta diretamente a guarda-costeira italiana e navios militares da Otan que estavam na região, como a fragata espanhola 'Méndez Núñez', já que a Aliança executava o bloqueio naval sobre a Líbia neste momento.

A encarregada da investigação, a senadora holandesa Tineke Strik, fez nesta quinta-feira em Bruxelas uma reconstrução do acontecimento desde que no dia 26 de março de 2011 a embarcação partiu de Trípoli com 72 pessoas a bordo (principalmente subsaarianos, como eritreus e etíopes) até que duas semanas depois, empurrada pelas correntes, retornou ao litoral líbio.

Até então, havia apenas 9 sobreviventes, depois que o navio sofreu danos e seus pedidos de socorro foram aparentemente ignorados por 'navios pesqueiros, um helicóptero militar e um grande navio militar'.

'As pessoas envolvidas nesta tragédia poderiam ter sido resgatadas se todos os envolvidos tivessem cumprido com suas obrigações', diz o texto redigido por Strik.


Segundo o relatório, às 18 horas de zarpar, quase sem combustível, comida e água, o capitão da embarcação pediu socorro através de um telefone via satélite.

O Centro de Coordenação Marítima italiano foi imediatamente informado e emitiu um amplo número de alertas a navios que estavam na área e ao comando da Otan para que buscassem a embarcação.

Segundo Strik, nas primeiras horas um helicóptero militar e vários navios pesqueiros viram a embarcação dos imigrantes e não fizeram nada.

Posteriormente, após vários dias à deriva e quando um grande número de passageiros já tinha morrido, uma grande embarcação militar sem identificação e com aeronaves a bordo se aproximou do navio, mas também não o recuperou.

A senadora holandesa lembrou que vários navios da Otan estavam na região, entre eles o espanhol 'Méndez Núñez', que estaria a uma distância de 11 milhas marítimas, uma informação que as autoridades espanholas rejeitam, afirmou.

Segundo Strik, o Governo espanhol disse que não recebeu nenhuma informação sobre o navio com problemas, enquanto a Aliança Atlântica diz que direcionou um aviso a todos os seus navios.

Em informação concedida pelo Ministério da Defesa à senadora, a Espanha explica, além disso, que o helicóptero que se encontrava a bordo do 'Méndez Núñez' também não viu o navio.


'As autoridades espanholas reiteram que todos os navios espanhóis são conscientes de suas obrigações sob as leis do mar, incluindo aquelas relativas à assistência a pessoas ou navios em problemas e lembram que durante a Operação Protetor Unificado a fragata espanhola 'Méndez Núñez' ajudou ativamente muitas embarcações', disse o Governo em seu comunicado.

O relatório do Conselho da Europa critica a Otan por sua atuação no fato e também por não ter previsto a saída de pessoas da Líbia por mar durante o conflito.

A comissão do Conselho da Europa pede à Aliança uma investigação interna sobre o assunto, assim como processos parlamentares nos países que possam estar envolvidos.

Um porta-voz da Otan afirmou que a Aliança recebeu no dia 27 de março do ano passado um aviso geral das autoridades italianas sobre um navio que poderia estar em dificuldades, uma mensagem que enviou a todos os navios da organização presentes na zona.

'Embora não tenhamos registro de que nenhuma aeronave ou embarcação da Otan tivesse visto ou feito contato com esse navio, a Otan realizou outras operações de resgate nessa região e nessa época, e recuperou centenas de pessoas', lembrou.

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