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Conflito no Equador: entenda a onda de violência que paralisa o país

Governo ordenou que Exército combata facções criminosas para tentar conter onda de violência

Soldados patrulham centro de Quito, na terça, 9 (AFP)
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 10h58.

Última atualização em 10 de janeiro de 2024 às 15h22.

O Equador vive nesta semana uma grave crise na segurança pública, que paralisa o país. Em meio a uma onda de ataques de criminosos, o presidente Daniel Noboa declarou que o país está em " estado de conflito armado" e ordenou que os militares combatam as facções.

A situação paralisa o país. Aulas presenciais foram suspensas até sexta-feira, por ordem do Ministério da Educação. Hospitais cancelaram consultas e cirurgias eletivas. O transporte público não circula em algumas cidades, segundo a mídia local. Órgãos públicos suspenderam expediente presencial, incluindo a Assembleia Nacional.

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A crise atual começou no domingo, 7, quando Fito, líder da facção Los Choneros, considerada a maior do país, fugiu da prisão. Em seguida, grupos criminosos deram início a uma onda de ataques a policiais e rebeliões em prisões.

Ao menos sete agentes foram sequestrados no país. Também foram registradas explosões direcionadas a um posto policial, em frente à casa do presidente da Corte Nacional de Justiça e vários veículos foram incendiados.

Em presídios de cinco cidades do país há 125 guardas carcerários e 14 funcionários administrativos retidos, segundo o organismo que administra as prisões (SNAI). Vídeos não verificados nas redes sociais mostram supostos reféns ameaçados com facas e a execução de pelo menos um guarda.

A mais marcante das ações de violência, até agora, foi a invasão de um programa ao vivo de uma emissora de TV em Guaiaquil, na tarde de terça, 9. Homens armados e mascarados apontaram armas de grosso calibre aos apresentadores e fizeram reféns na emissora. A polícia foi ao local, prendeu os invasores e libertou os reféns em cerca de meia hora.

A resposta do governo

Para responder à crise, o governo do presidente Daniel Noboa emitiu dois decretos. O primeiro deles, na segunda, decretou Estado de Exceção por 60 dias no país. A medida inclui um toque de recolher a partir das 23h

Na terça, após o ataque à TV, Noboa assinou outro decreto, que declara o país em situação de "conflito armado interno" e ordena que as Forças Armadas combatam facções criminosas. O decreto apontou 22 grupos criminais como terroristas e determina que os militares atuem para neutralizá-los, mas que as ações devem respeitar os direitos humanos.

Apesar das medidas, outro líder criminoso fugiu da cadeia. Fabricio Colón Pico, um dos chefões da Los Lobos, escapou. Ele tinha sido preso na sexta-feira pelo crime de sequestro e pela acusação de participar de um plano para assassinar a procuradora-geral do país.

Fernando Villavicencio durante campanha eleitoral; ele foi assassinado dias antes da votação do 1º turno (Rodrigo BUENDIA / AFP/Getty Images)

As origens da crise no Equador

O Equador era um país relativamente tranquilo em termos de segurança pública até alguns anos atrás. No entanto, ele fica entre os dois maiores fabricantes de cocaína do mundo, o Peru e a Colômbia. Nos últimos anos, a produção da droga tem aumentado, segundo um estudo da ONU, e os traficantes criaram novas rotas para escoar o produto e ampliaram sua presença no Equador.

A situação piorou mais depois que gangues de criminosos do país se associaram a cartéis mexicanos. Os Choneros, por exemplo, se ligaram ao cartel de Sinaloa, para faciltar a exportação de drogas por via marítima rumo aos Estados Unidos e Europa. Assim, Guaiaquil, no Equador, tem um dos portos mais movimentados do continente, é uma das cidades mais afetadas pela violência.

Mapa do Equador

O país tem mais de 20 facções, que brigam entre si, fazem ataques às forças de segurança e cometem crimes como sequestros, extorsões e assassinatos. A violência atinge inclusive a política. No ano passado, um candidato à presidente, Fernando Villavicencio, foi assassinado ao sair de um evento de campanha, em agosto. Os suspeitos de envolvimento no crime foram presos, mas mortos na cadeia.

Daniel Noboa, o atual presidente, foi eleito em outubro e tomou posse em novembro, com um discurso de linha dura no combate ao crime. Ele prometeu aumentar o número de prisões de segurança máxima no país, entre outras ações, mas ainda não está claro como irá implementá-las.

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