Combate no Iêmen põe em risco vida de 59 crianças hospitalizadas, diz ONU
Segundo o Unicef, entre as 400 mil crianças do país que sofrem desnutrição grave, 40% são de Hodeida e das regiões vizinhas
AFP
Publicado em 6 de novembro de 2018 às 16h17.
Última atualização em 6 de novembro de 2018 às 16h31.
A vida de 59 crianças internadas em um hospital de Hodeida está ameaçada pelos combates entre rebeldes e as forças do governo nesta cidade do oeste do Iêmen , advertiu o Fundo da ONU para a infância (Unicef).
"Os intensos combates na cidade portuária de Hodeida se aproximaram perigosamente do hospital de Al-Thawra, o que coloca em risco de morte 59 crianças", informou a organização em um comunicado.
"Os funcionários e pacientes do hospital confirmaram que estão ouvindo os bombardeios e tiros", acrescentou.
Segundo o Unicef, entre as 400.000 crianças do país que sofrem desnutrição grave, 40% são de Hodeida e das regiões vizinhas.
Além disso, quase três quartos da ajuda humanitária que entra no Iêmen transita pelo porto de Hodeida.
Hodeida, nas mãos dos rebeldes huthis no oeste do Iêmen, tem sido alvo de uma grande campanha de bombardeios, apesar de a coalizão que luta contra eles, liderada pela Arábia Saudita, negar que busque uma "escalada".
Esta coalizão, que intervém no Iêmen desde 2015, apoia as forças iemenitas pró-governo, em guerra com os rebeldes huthis, aliados ao Irã.
Cinco dias de confrontos entre partidários do governo e rebeldes causaram pelo menos 150 mortes em ambos os lados.
Este balanço parcial inclui os corpos de 49 huthis transferidos nesta terça-feira para dois hospitais em Bajil, um bairro de Hodeida, segundo fontes médicas.
Essa escalada ocorre em um momento em que a crise humanitária no Iêmen está piorando, onde 14 milhões de pessoas estão ameaçadas pela fome, segundo a ONU, que também pretende relançar as negociações de paz.
A organização Save the Children informou na segunda-feira que seus integrantes em Hodeida observaram pelo menos uma centena de bombardeios aéreos durante o fim de semana, o que representa "cinco vezes mais do que na primeira semana de outubro".
Segundo a ONG, milhares de crianças continuam sob a linha de fogo, que impede a distribuição de alimentos e remédios em um país onde a fome extrema e as doenças matam uma média de 100 crianças a cada dia.
O caso do jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado em 2 de outubro no consulado de seu país em Istambul, enfraqueceu a diplomacia na Arábia Saudita. Washington pressionou Riad na semana passada para acelerar um processo político no Iêmen.
Na sexta-feira, o secretário-geral das ONU, António Guterres, pediu o fim imediato da violência no Iêmen para impedir que o país caia em um "precipício", com metade de sua população ameaçada pela fome.
Desde 2015, o Iêmen vive uma guerra que já deixou 10.000 mortos e mais de 56.000 feridos, segundo a Organização Mundial de Saúde, embora vários funcionários humanitários considerem que o balanço real de vítimas seja muito maior.