Com crise na UE, deficiências da França viram divergências
Desde dezembro, Hollande anuncia que, se chegar ao poder, renegociará o acordo para incorporar estímulos ao crescimento francês, pois teme os efeitos recessivos
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2012 às 18h02.
Paris - Os pontos fracos do mercado de trabalho e do comércio exterior da França são temas de destaques na campanha presidencial, já que, na comparação com os vizinhos do sul, o país está em uma boa situação, mas fica devendo diante do modelo da Alemanha.
Os principais candidatos à eleição, o atual presidente Nicolas Sarkozy e o socialista François Hollande, se comprometeram com o objetivo europeu de um limite de déficit público de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. No entanto, os dois discordam entre si quando o tema é o novo tratado da UE, negociado em dezembro pela chanceler alemã, Angela Merkel.
Desde dezembro, Hollande anuncia que, se chegar ao poder, renegociará o acordo para incorporar estímulos ao crescimento francês, pois teme os efeitos recessivos. O candidato também defende a ampliação do papel do Banco Central Europeu (BCE) na compra direta da dívida dos países, alvo de ataques dos mercados.
Por outro lado, Sarkozy qualifica como "irresponsável" a posição de seu rival e defende o cumprimento das metas de déficit, como aconteceu nos últimos três anos. Segundo ele, tais medidas permitiram à França continuar pagando taxas de juros "historicamente baixas".
Os déficit franceses nas contas públicas em 2011 ficaram em 5,2% do PIB, abaixo dos 7,1% do ano anterior. Apesar da redução, a taxa foi cinco décimos inferior ao compromisso do governo francês com seus parceiros europeus.
Neste ano, a expectativa é reduzir a taxa para 4,4% do PIB. Ao atingir o objetivo, o Executivo tem grandes expectativas de evitar a recessão que atinge boa parte dos países da zona do euro, e em particular os do sul.
A economia francesa esteve estagnada no primeiro trimestre e deverá crescer 0,7% em 2012 e 1,75% em 2013. O presidente-candidato exalta há semanas que a França é o único país da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) cujo PIB não cai desde 2009 nem nas avaliações trimestrais, além de ser, entre os grandes europeus, o único onde o poder aquisitivo aumentou todos os anos 1,4% em média.
Hervé Boulhol, especialista da OCDE, constatou que o crescimento na França é menos volátil que em outros países vizinhos. Alguns dos fatores apontados para esse fenômeno é o fato de o país ter uma economia grande, diversificada e menos especializada que outras, além da rede de proteção social que "amortece" os choques, como ocorreu em 2008 e em 2009. No entanto, o analista indica que a recuperação é também menos reativa.
O especialista destacou ainda à Agência Efe que "o mercado de trabalho é o calcanhar de Aquiles da economia francesa", entre outras fatores porque o salário mínimo é muito elevado em relação ao salário médio, além das elevadas cotas sociais. Sarkozy quer reduzir essas cotas com o argumento de defender as empresas que produzem no país, uma medida inspirada na Alemanha.
A maioria conservadora aprovou em fevereiro uma redução das cargas patronais compensada com uma alta do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) que deveria passar de 19,6% para 21,2% a partir de outubro. No entanto, Hollande advertiu que, se chegar ao governo, suprimirá essa alta do IVA, por considerar que o castigo ao consumo, além de ser socialmente injusto, prejudicaria a economia.
Paris - Os pontos fracos do mercado de trabalho e do comércio exterior da França são temas de destaques na campanha presidencial, já que, na comparação com os vizinhos do sul, o país está em uma boa situação, mas fica devendo diante do modelo da Alemanha.
Os principais candidatos à eleição, o atual presidente Nicolas Sarkozy e o socialista François Hollande, se comprometeram com o objetivo europeu de um limite de déficit público de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. No entanto, os dois discordam entre si quando o tema é o novo tratado da UE, negociado em dezembro pela chanceler alemã, Angela Merkel.
Desde dezembro, Hollande anuncia que, se chegar ao poder, renegociará o acordo para incorporar estímulos ao crescimento francês, pois teme os efeitos recessivos. O candidato também defende a ampliação do papel do Banco Central Europeu (BCE) na compra direta da dívida dos países, alvo de ataques dos mercados.
Por outro lado, Sarkozy qualifica como "irresponsável" a posição de seu rival e defende o cumprimento das metas de déficit, como aconteceu nos últimos três anos. Segundo ele, tais medidas permitiram à França continuar pagando taxas de juros "historicamente baixas".
Os déficit franceses nas contas públicas em 2011 ficaram em 5,2% do PIB, abaixo dos 7,1% do ano anterior. Apesar da redução, a taxa foi cinco décimos inferior ao compromisso do governo francês com seus parceiros europeus.
Neste ano, a expectativa é reduzir a taxa para 4,4% do PIB. Ao atingir o objetivo, o Executivo tem grandes expectativas de evitar a recessão que atinge boa parte dos países da zona do euro, e em particular os do sul.
A economia francesa esteve estagnada no primeiro trimestre e deverá crescer 0,7% em 2012 e 1,75% em 2013. O presidente-candidato exalta há semanas que a França é o único país da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) cujo PIB não cai desde 2009 nem nas avaliações trimestrais, além de ser, entre os grandes europeus, o único onde o poder aquisitivo aumentou todos os anos 1,4% em média.
Hervé Boulhol, especialista da OCDE, constatou que o crescimento na França é menos volátil que em outros países vizinhos. Alguns dos fatores apontados para esse fenômeno é o fato de o país ter uma economia grande, diversificada e menos especializada que outras, além da rede de proteção social que "amortece" os choques, como ocorreu em 2008 e em 2009. No entanto, o analista indica que a recuperação é também menos reativa.
O especialista destacou ainda à Agência Efe que "o mercado de trabalho é o calcanhar de Aquiles da economia francesa", entre outras fatores porque o salário mínimo é muito elevado em relação ao salário médio, além das elevadas cotas sociais. Sarkozy quer reduzir essas cotas com o argumento de defender as empresas que produzem no país, uma medida inspirada na Alemanha.
A maioria conservadora aprovou em fevereiro uma redução das cargas patronais compensada com uma alta do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) que deveria passar de 19,6% para 21,2% a partir de outubro. No entanto, Hollande advertiu que, se chegar ao governo, suprimirá essa alta do IVA, por considerar que o castigo ao consumo, além de ser socialmente injusto, prejudicaria a economia.