Com 25% do consumo mundial, indianos mantêm paixão pelo ouro
Além de ser considerado um recurso seguro no país, o ouro também é associado aos cultos religiosos e às tradicionais joalherias
Da Redação
Publicado em 9 de julho de 2012 às 06h48.
Nova Délhi - Com um quarto do consumo mundial, a Índia aparece como o principal mercado de ouro , um metal que, além de ser considerado um recurso seguro no país, também é associado aos cultos religiosos e às tradicionais joalherias.
Em pleno coração histórico de Délhi, entre o barulho de geradores, emaranhados de fios e uma enxurrada de ciclotaxistas, encontra-se a emblemática rua Dariba Kalan, onde há três séculos centenas de joalheiros comerciam prata, pedras preciosas e muito ouro.
Com o passar do tempo, a explosão demográfica transferiu o comércio para outras áreas, mas Dariba Kalan continua sendo o epicentro da compra e venda do ouro em barras, peças e moedas, que o Estado adquire no mercado internacional.
Por conta desses fatos, os cidadãos ainda frequentam este lugar, situado entre a majestosa mesquita de Jama e o Forte Vermelho. Neste local, a procura fica restrita ao ouro, mas os produtos são diversos, como colares, medalhões, anéis e espelhos.
'Todo mundo quer comprar ouro na Índia, seja rico ou pobre. Independentemente de sua casta, religião ou sexo, os indianos costumam comprar mais do que podem', afirmou à Agência Efe Vinod Sharma, que trabalha há mais de duas décadas em um dos mercados do local.
Aproximadamente cem pessoas trabalham neste mercado para atender seus milhares de visitantes diários, como Kusum Gaur, uma mulher que andava ao lado da irmã à procura de anéis.
'Desde a antiguidade, as mulheres são loucas para comprar ouro, uma tradicional medida para investir com segurança. É possível avaliar a prosperidade de uma casa pelas joias de uma mulher', afirmou Kusum, que também queria revender umas velhas pulseiras.
'Nenhum outro produto te dá a mesma tranquilidade. Em qualquer momento, você pode liquidar o ouro e revendê-lo se tiver muito pressionado', advertiu o comerciante Sharma.
A venda de ouro na Índia se mantém, sobretudo, graças à paixão sem limites existente em regiões do sul, como Kerala e Tamil Nadu, e também por conta do forte apego do metal nas zonas rurais do país.
O ouro é oferecido aos deuses e oferecido em nascimentos, aniversários e muitos outros festejos - como o Diwali, 'o Natal hindu'.
Neste aspecto, a cidade de Amritsar (norte) aparece como um destaque, já que hospeda um Templo de Ouro, o mais emblemático para os fiéis sikhs. Em 2011, em Trivandrum, uma estátua de ouro de 30 quilos de Vishnu também foi encontrada em um templo hindu, além de muitos outros valiosos objetos.
Apesar do fervor milenar, o culto ao ouro também tem sua vigência atual. Em setembro de 2011, a montadora Tata apresentou um protótipo do carro Nano, que é banhado com cinco quilos de ouro de 22 quilates e ainda possui muitas pedras preciosas, tanto que o veículo está avaliado em US$ 4,5 milhões.
'Há gente que precisa comprar ouro a cada semana, nem que seja simplesmente uma grama', explicou à Agência Efe o gemólogo Niraj Khana, que admitiu, no entanto, que essa tradição perdeu um pouco de sua força nos centros urbanos.
Os comerciantes dizem que o comprador indiano é muito tradicional, desconfiado e orientado pelos preços e cotações internacionais e não somente pelos modelos.
Mesmo assim, os sonhos dourados dos consumidores indianos abrangem inúmeras variações, desde um babador para criança (US$ 25 mil) à luvas revestidas com o prezado metal.
Além disso, muitos veem no ouro, cujo preço se multiplicou por seis nos últimos 12 anos, um investimento seguro diante da instabilidade das bolsas de valores e das incertezas da economia.
De acordo com o Conselho Mundial de Ouro, entre abril de 2011 e março de 2012, 854 toneladas de ouro foram compradas em território indiano, quantidade que representa um custo de US$ 44,9 bilhões.
Com estes dados em mão, a Índia é ainda o principal consumidor mundial de ouro, com uma parcela de 24%, embora a China se aproxime cada vez mais desta marca. No último trimestre, devido a uma notável queda no consumo indiano, os chineses chegaram a comprar mais ouro.
Segundo os analistas, a desvalorização do ouro influencia diretamente nesta redução, já que o valor do ouro é fixado em dólares no mercado internacional, e a moeda nacional indiana se desvalorizou 25% em relação à moeda americana no último ano. EFE
Nova Délhi - Com um quarto do consumo mundial, a Índia aparece como o principal mercado de ouro , um metal que, além de ser considerado um recurso seguro no país, também é associado aos cultos religiosos e às tradicionais joalherias.
Em pleno coração histórico de Délhi, entre o barulho de geradores, emaranhados de fios e uma enxurrada de ciclotaxistas, encontra-se a emblemática rua Dariba Kalan, onde há três séculos centenas de joalheiros comerciam prata, pedras preciosas e muito ouro.
Com o passar do tempo, a explosão demográfica transferiu o comércio para outras áreas, mas Dariba Kalan continua sendo o epicentro da compra e venda do ouro em barras, peças e moedas, que o Estado adquire no mercado internacional.
Por conta desses fatos, os cidadãos ainda frequentam este lugar, situado entre a majestosa mesquita de Jama e o Forte Vermelho. Neste local, a procura fica restrita ao ouro, mas os produtos são diversos, como colares, medalhões, anéis e espelhos.
'Todo mundo quer comprar ouro na Índia, seja rico ou pobre. Independentemente de sua casta, religião ou sexo, os indianos costumam comprar mais do que podem', afirmou à Agência Efe Vinod Sharma, que trabalha há mais de duas décadas em um dos mercados do local.
Aproximadamente cem pessoas trabalham neste mercado para atender seus milhares de visitantes diários, como Kusum Gaur, uma mulher que andava ao lado da irmã à procura de anéis.
'Desde a antiguidade, as mulheres são loucas para comprar ouro, uma tradicional medida para investir com segurança. É possível avaliar a prosperidade de uma casa pelas joias de uma mulher', afirmou Kusum, que também queria revender umas velhas pulseiras.
'Nenhum outro produto te dá a mesma tranquilidade. Em qualquer momento, você pode liquidar o ouro e revendê-lo se tiver muito pressionado', advertiu o comerciante Sharma.
A venda de ouro na Índia se mantém, sobretudo, graças à paixão sem limites existente em regiões do sul, como Kerala e Tamil Nadu, e também por conta do forte apego do metal nas zonas rurais do país.
O ouro é oferecido aos deuses e oferecido em nascimentos, aniversários e muitos outros festejos - como o Diwali, 'o Natal hindu'.
Neste aspecto, a cidade de Amritsar (norte) aparece como um destaque, já que hospeda um Templo de Ouro, o mais emblemático para os fiéis sikhs. Em 2011, em Trivandrum, uma estátua de ouro de 30 quilos de Vishnu também foi encontrada em um templo hindu, além de muitos outros valiosos objetos.
Apesar do fervor milenar, o culto ao ouro também tem sua vigência atual. Em setembro de 2011, a montadora Tata apresentou um protótipo do carro Nano, que é banhado com cinco quilos de ouro de 22 quilates e ainda possui muitas pedras preciosas, tanto que o veículo está avaliado em US$ 4,5 milhões.
'Há gente que precisa comprar ouro a cada semana, nem que seja simplesmente uma grama', explicou à Agência Efe o gemólogo Niraj Khana, que admitiu, no entanto, que essa tradição perdeu um pouco de sua força nos centros urbanos.
Os comerciantes dizem que o comprador indiano é muito tradicional, desconfiado e orientado pelos preços e cotações internacionais e não somente pelos modelos.
Mesmo assim, os sonhos dourados dos consumidores indianos abrangem inúmeras variações, desde um babador para criança (US$ 25 mil) à luvas revestidas com o prezado metal.
Além disso, muitos veem no ouro, cujo preço se multiplicou por seis nos últimos 12 anos, um investimento seguro diante da instabilidade das bolsas de valores e das incertezas da economia.
De acordo com o Conselho Mundial de Ouro, entre abril de 2011 e março de 2012, 854 toneladas de ouro foram compradas em território indiano, quantidade que representa um custo de US$ 44,9 bilhões.
Com estes dados em mão, a Índia é ainda o principal consumidor mundial de ouro, com uma parcela de 24%, embora a China se aproxime cada vez mais desta marca. No último trimestre, devido a uma notável queda no consumo indiano, os chineses chegaram a comprar mais ouro.
Segundo os analistas, a desvalorização do ouro influencia diretamente nesta redução, já que o valor do ouro é fixado em dólares no mercado internacional, e a moeda nacional indiana se desvalorizou 25% em relação à moeda americana no último ano. EFE