CIDH denuncia ameaça à liberdade de expressão na Venezuela
Comissão Interamericana de Direitos Humanos condenou deterioração da liberdade de expressão na Venezuela, após ataques do governo
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2014 às 11h24.
Washington - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciou a "deterioração" do direito à liberdade de expressão na Venezuela , após ataques do governo a meios de comunicação e jornalistas, além do suposto bloqueio a um site.
A Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da CIDH destaca em um comunicado "a profunda preocupação com a deterioração do direito à liberdade de expressão na Venezuela".
Nos últimos dias, o país viu "a contínua estigmatização por parte de altos funcionários públicos de meios de comunicação e jornalistas críticos", assim como sanções e demissões de profissionais e o suposto bloqueio do site de um meio de comunicação, afirma a nota do organismo autônomo da OEA .
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro acusou na semana passada os meios de comunicação de "terrorismo psicológico" pela divulgação de notícias sobre supostas mortes pelo surgimento de uma "doença desconhecida" e informou ter ordenado ao Ministério Público que inicie processos contra os responsáveis.
A medida aconteceu poucos dias depois da demissão de uma chargista crítica do governo e da interrupção do sinal de internet do canal colombiano NTN24, que teve o sinal de televisão cortado por Maduro em fevereiro.
A chargista Rayma Suprani denunciou ter sido demitida pelo jornal El Universal poucas horas depois de publicar um desenho, com o título "Saúde na Venezuela", no qual modificava a assinatura do falecido presidente Hugo Chávez para transformá-la no eletrocardiograma de uma pessoa morta.
A CIDH pede a Venezuela um "apego aos mais estritos parâmetros internacionais em termos de liberdade de expressão" e a garantia aos meios de comunicação e jornalistas para o exercício da liberdade de expressão "sem intervenções indevidas", assim como o direito ao devido processo.
Também pede o restabelecimento do acesso aos sites e o fim de medidas diretas ou indiretas "para impedir a circulação de opiniões críticas ou denúncias contra autoridades do governo".
Em crise econômica e em um cenário de tensão política, vários grupos de comunicação mudaram de controle no último ano, incluindo os jornais de maior circulação e o canal de televisão mais crítico (Globovisión).
Os jornais também enfrentam uma dramática escassez de papel de imprensa - que depende da autorização do governo para a importação -, o que provocou o fechamento de algumas publicações e a redução de outras.