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China e Japão se comprometem a manter diálogo sobre disputa

Encontro entre autoridades dos dois países em Pequim a respeito da soberania das ilhas Diaoyu/Senkaku terminou sem qualquer acordo

Hong Lei, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China: o representante não especificou quando continuarão as "conversas" (Frederic J. Brown/AFP)
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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2012 às 11h35.

Pequim - O encontro nesta terça-feira em Pequim entre o vice-ministro de Relações Exteriores japonês, Chikao Kawai, e o vice-ministro chinês, Zhang Zhijun, a respeito da soberania das ilhas Diaoyu/Senkaku, terminou sem qualquer acordo e com o único compromisso de "continuar as conversas" a respeito.

Esse foi o resumo oferecido pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hong Lei, durante uma entrevista coletiva em que o representante não especificou quando continuarão as "conversas".

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"Para esses detalhes, preciso consultá-los", se limitou a responder a respeito.

Por sua vez, o vice-ministro chinês disse, através de um comunicado publicado pela agência oficial "Xinhua", que ambas as partes tinham mantido "uma troca franca e profunda de pontos de vista durante o encontro".

No entanto, enfatizou que as "Diaoyu e suas ilhas filiadas foram território sagrado chinês desde a antiguidade, como demonstram as provas históricas e legais".

"O Japão, no entanto, buscou a via ilegal ao nacionalizá-las", acrescentou.

A "nacionalização" mencionada se refere ao episódio que gerou as tensões entre ambos os países quando, há duas semanas, Tóquio anunciou a compra de três das ilhotas do arquipélago, o que provocou o envio de navios-patrulha procedentes da China e Taiwan (que também as disputa) às águas mais próximas.


A última frota a chegar foi formada hoje por dúzias de pesqueiros taiuaneses, que se aproximou da área para reivindicar seu direito a trabalhar e re retirou pouco depois, depois de levar tiros de canhão de água por parte da guarda-costeira japonesa.

O governo da ilha defende uma "exploração conjunta" dos recursos pesqueiros e minerais da região e pede "neutralidade" aos Estados Unidos, segundo transmitiu hoje o presidente taiuanês, Ma Ying-jeou, ao responsável de relações econômicas com a Ásia-Pacífico do Departamento de Comércio dos EUA, Atul Keshap.

Enquanto isso, Pequim aproveita o discurso nacionalista e aposta em uma "postura unificada" com as regiões administrativas especiais de Hong Kong e Taiwan na reivindicação das Diaoyu/Senkaku.

O conflito reavivou o sentimento antinipônico que, pelas históricas rusgas entre as nações vizinhas, a população chinesa já tinha, e aconteceram numerosas manifestações contra o Japão no país asiático nas últimas duas semanas.

Os protestos, que em algumas ocasiões tornaram-se violentos, levaram várias empresas japonesas a fechar suas sedes e fábricas na China, após algumas delas sofrerem ataques.

Apesar de que o governo chinês geralmente pede "calma" aos cidadãos através de sua imprensa oficiais, o regime comunista publicou hoje um "livro branco" que aviva o clamor popular com reivindicações nacionalistas sobre as ilhas em disputa.


O texto, dividido em sete partes e divulgado pela "Xinhua", ressalta que "o ânimo da China de defender sua soberania nacional é firme e seu compromisso com respeitar os acordos da Guerra Mundial Anti-Fascista não será alterado por nenhuma força externa".

A China afirma que na Declaração de Potsdam de 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, já se estabelecia a devolução japonesa das Diaoyu/Senkaku, que o país ocupava desde sua vitória na guerra sino-japonesa de 1894-95.

As ilhas, atualmente nas mãos do Japão, estão a cerca de 250 quilômetros do litoral da China continental e a 200 quilômetros do arquipélago japonês de Okinawa, e suspeita-se que junto a suas águas haja ricos jazidas de petróleo e gás.

O conflito entre os dois países levou Pequim a adiar a celebração pelo 40º aniversário da normalização das relações diplomáticas com Tóquio, prevista para sábado.

Após o resultado pouco frutífero do encontro de hoje entre os vice-ministros de Exteriores, a disputa pelas ilhas se mantém como um dos piores episódios das relações bilaterais entre os países vizinhos em anos.

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