China defende nova lei de segurança em Hong Kong por ameaça de terrorismo
Ativistas e políticos pró-democracia alegam que a nova legislação poderia acabar com as liberdades de Hong Kong
Reuters
Publicado em 25 de maio de 2020 às 12h14.
Última atualização em 25 de maio de 2020 às 14h45.
Vários departamentos do governo emitiram comunicados em defesa da proposta depois do maior protesto na cidade desde a instauração do isolamento do coronavírus, realizado no domingo.
A legislação de segurança, alguns detalhes da qual foram anunciados na semana passada, almeja combater a secessão, a subversão e atividades terroristas, e pode levar agências de inteligência chinesas a montarem bases na semiautônoma Hong Kong, um dos maiores pólos financeiros do mundo.
Ativistas e políticos pró-democracia dizem que a legislação poderia erodir as liberdades de Hong Kong, garantidas pela fórmula "um país, dois sistemas" mediante a qual o Reino Unido devolveu o território de sua antiga colônia à China em 1997.
Em um briefing para diplomatas, câmaras de comércio estrangeiras e correspondentes, o comissário do Ministério das Relações Exteriores da China em Hong Kong, Xie Feng, disse que as leis só visarão uma minoria de "arruaceiros" que representarem um "perigo iminente" à segurança nacional chinesa.
"A legislação aliviará as preocupações graves de comunidades empresariais locais e estrangeiras a respeito de forças violentas e terroristas", disse Xie.
Ele não quis esclarecer detalhes das leis propostas que provocaram receios, entre eles quando a legislação seria adotada na íntegra, quais atos específicos se tornariam ilegais e se esta teria efeito retroativo.
Indagado se as agências de segurança a serem instaladas em Hong Kong terão poder de cumprir a lei, Xie respondeu: "Quanto aos detalhes, eles ainda estão sendo deliberados, então não estou em condições de lhes dizer neste momento".
Autoridades de Hong Kong e da China continental se pronunciaram nos últimos dias tentando garantir aos investidores que seus interesses não serão prejudicados e criticando manifestantes.
O comissário de polícia Chris Tang citou 14 casos envolvendo explosivos que disse terem sido usados frequentemente em ataques terroristas no exterior e cinco apreensões de armas de fogo e munições desde que os protestos começaram.
Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Canadá e outros expressaram preocupação com a legislação, vista amplamente como um possível divisor de águas para a cidade mais livre da China.