A hidrelétrica de Três Gargantas, na China: mais de 1,2 milhão de pessoas foram deslocadas e mais de cem cidades e povoados ficaram inundados pelas água do rio Yangtsé. (gugganij/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2013 às 14h45.
Pequim - Dez anos depois da inauguração da maior represa do mundo, a de Três Gargantas, na China, suas consequências ecológicas e humanas continuavam sendo tema de debate, embora o país continue construindo obras hidrelétricas faraônicas.
Mais de 1,2 milhão de pessoas foram deslocadas e mais de cem cidades e povoados ficaram inundados pelas água do rio Yangtsé.
Mas as necessidades energéticas crescentes do país determinam o ambicioso programa hidrelétrico. O 12º Plano Quinquenal (2011-2015) prevê a construção de mais de 50 represas para alcançar o objetivo de 15% de energias renováveis na China - maior emissor de gases de efeito estufa do mundo - até 2020.
Com uma capacidade equivalente a mais de uma dezena de reatores nucleares, a represa das Três Gargantas servirá como modelo.
Esta usina hidrelétrica permite proteger os povoados de inundações - às vezes violentas - do rio Yangtzé, como a que deixou centenas de mortos em 1998. No entanto, o outro lado da moeda é a seca do rio durante o verão.
Em 2011, o Yangtsé registrou seu nível mais baixo nos últimos 50 anos. O governo reconheceu os "problemas urgentes" que esta represa representa: o impacto para o meio ambiente e o realojamento de pessoas deslocadas.
Outro objetivo não atingido pela represa diz respeito ao transporte fluvial. Esperava-se que o Yangtsé se tornasse uma rota estratégica entre a megalópole de Chongqing e a costa. No entanto, os transportadores - às vezes obrigados a esperar uma semana para passar as cinco passagens das Três Gargantas - privilegiam a auto-estrada.
Por outro lado, as reservas de peixe diminuíram consideravelmente na última década, principalmente no lago de retenção invadido pelo lixo.
A instalação da última das 32 turbinas em Três Gargantas em julho passado permite que a represa produza 88,2 TWh de eletricidade, aproximadamente 10 TWh a mais que o previsto, segundo Zhang Chaoran, engenheiro das Três Gargantas, citado pela agência Xinhua.
Além disso, segundo o engenheiro, ainda não se explora totalmente o potencial máximo da represa. A produção de energia elétrica atingirá "sem problemas" a meta de 100 TWh, assegura Zhang.
Por outro lado, a represa de Xiluodu, a segunda maior do país, com altura de 285,5 metros, começou a ser enchida em 4 de maio passado, e começará a produzir eletricidade em junho.
Xiluodu é a maior represa do mundo em termos de "volume de descarga", ou seja, a quantidade de água que pode ser liberada.
Em meados de maio, o Ministério do Meio Ambiente deu seu aval para a construção de outra obra faraônica no rio Dadu, a uma altura incomparável em nível mundial de 314 metros, noticiou o jornal Diyi Caijing Ribao (China Business News).
O projeto de desenvolvimento deste afluente do Yangtsé inclui no total a construção de 29 represas, sete das quais já estão construídas, e as demais em processo de construção, acrescentou o jornal.
No rio Nu, na província de Yunnan (sudoeste), cinco projetos de represas, dos 13 previstos, foram aprovados apesar das preocupações sobre a flora e a fauna na região.
Com essas represas, os chineses estão se tornando líderes na exploração dessas correntes de água vitais para a economia.