Mundo

Chefe da Scotland Yard diz que nunca quis comprometer Cameron

Paulo Stephenson, que se demitiu pelo escândalo das escutas ilegais do News of the World, prestou depoimento ao Parlamento britânico hoje

Stephenson: "eu não posso controlar a forma como os meios de comunicação interpretam as coisas" (Dan Kitwood/Getty Images)

Stephenson: "eu não posso controlar a forma como os meios de comunicação interpretam as coisas" (Dan Kitwood/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2011 às 10h51.

Londres - O chefe da Polícia Metropolitana de Londres, a Scotland Yard, Paul Stephenson, insistiu nesta terça-feira que não quis comprometer o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, ao apresentar sua demissão pelo escândalo das escutas ilegais do News of the World.

Stephenson, que renunciou no domingo, mas permanece em seu posto até que seja nomeado um substituto, prestou esclarecimentos nesta terça-feira diante do Comitê de Interior da Câmara dos Comuns sobre o caso das escutas.

"Não estava querendo afetar o primeiro-ministro", afirmou Stephenson ao justificar sua demissão em decorrência da revelação de que o corpo policial havia empregado como consultor o jornalista Neil Wallis, que foi subdiretor do News of the World entre 2003 e 2007, quando foram empregados os grampos.

Além disso, a imprensa revelou que Wallis era contratado como assistente de relações públicas por um balneário onde Stephenson se hospedou por várias semanas para se recuperar de um problema de saúde.

Wallis foi subdiretor do News of the World na época em que era chefiado por Andy Coulson, que foi diretor de comunicação de Cameron e teve que abandonar o governo em janeiro por conta do escândalo.

Stephenson negou nesta terça-feira que quisesse comprometer Cameron quando, ao anunciar sua demissão, comparou a contratação de Wallis, que minimizou, com a de Coulson como diretor de comunicação de Downing Street.

"Eu não posso controlar a forma como os meios de comunicação interpretam as coisas. O que digo aqui e agora é que não foi um ataque pessoal contra o primeiro-ministro", acrescentou.

Além disso, Stephenson declarou desconhecer que Wallis estivesse relacionado com o caso das escutas porque o jornalista tinha um contrato como assessor, de meio período, com a Scotland Yard.

"Por que não informei o primeiro-ministro antes que o nome de Wallis estava vinculado com as escutas telefônicas? Não tinha razão nenhuma para relacionar Wallis com as escutas telefônicas. Não tinha razão para duvidar que houvesse algo inadequado", disse.

Em seu depoimento, Stephenson afirmou que decidiu apresentar sua renúncia para impedir que as conjecturas em torno de seu papel no escândalo pudessem prejudicar os preparativos da segurança para os Jogos Olímpicos de Londres de 2012.

O chefe da Scotland Yard informou que recebeu o apoio da ministra de Interior britânica, Theresa May, e do prefeito de Londres, Boris Johnson, que "aceitou de má vontade" sua demissão.

O News of the World executou durante anos, aparentemente de maneira sistemática, uma espionagem de telefones celulares de famosos, jornalistas e outras pessoas. Em 2006 a prática veio a público, mas a investigação foi fechada pela Polícia.

Acompanhe tudo sobre:EmpresáriosEmpresasEmpresas americanasEscândalosEscuta ilegalEuropaFraudesNews Corp.Países ricosPersonalidadesReino UnidoRupert Murdoch

Mais de Mundo

Grécia vai construir a maior 'cidade inteligente' da Europa, com casas de luxo e IA no controle

Seis mortos na Nova Caledônia, onde Exército tenta retomar controle do território

Guerra nas estrelas? EUA ampliam investimentos para conter ameaças em órbita

Reguladores e setor bancário dos EUA devem focar em riscos essenciais, diz diretora do Fed

Mais na Exame