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Ceticismo e preocupação quanto a avisos norte-coreanos

Os estrangeiros na Coreia do Sul mostram as mais diversas reações em relação ao último aviso do regime norte-coreano, de que eles deveriam deixar o país


	Coreia do Sul: uma crescente minoria dos aproximadamente 1,4 milhão de estrangeiros no país começa a mostrar alguns sinais de nervosismo, mas a maioria ainda mantém o cetismo 
 (Wikimedia Commons)

Coreia do Sul: uma crescente minoria dos aproximadamente 1,4 milhão de estrangeiros no país começa a mostrar alguns sinais de nervosismo, mas a maioria ainda mantém o cetismo  (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2013 às 10h30.

Seul - Desde o ceticismo generalizado a uma certa preocupação, sem esquecer os que o encaram como uma piada, os estrangeiros residentes na Coreia do Sul mostram as mais diversas reações em relação ao último aviso do regime norte-coreano, de que eles deveriam deixar o território sul-coreano.

"Não estou preocupado porque acho que não haverá ataques", disse, com expressão serena, o estudante espanhol Juan María Gil de 24 anos, um dia depois de a Coreia do Norte aconselhar os estrangeiros no país vizinho a preparar sua retirada por causa de uma suposta "guerra iminente".

O ambiente de normalidade entre os sul-coreanos, acostumados às ameaças do Norte depois de seis décadas de tensão, se propagou também em grande parte da comunidade de estrangeiros no país que, da mesma forma que Juan María, veêm a atual crise política com ceticismo e até com um certo humor.

Depois da advertência de evacuação, jovens sarcásticos de diversos países residentes no sul da península agradeceram, pelo Facebook e Twitter, ao regime totalitário de Pyongyang por ter tanta "consideração" com o aviso e preocupação com sua segurança.

"Vivo perto da linha 6 do metrô que quase chega ao centro da Terra de tão profunda que é, portanto se cairem mísseis lá, estarei a salvo", brincou, Stéphanie Bankston, uma americana de 28 anos que trabalha como professora de inglês em um colégio internacional de Seul.

Stéphanie confessou estar tão despreocupada que nem se registrou na embaixada de seu país - passo fundamental para ser retirada em uma eventual situação de emergência.

A sede diplomática dos EUA em Seul emitiu nesta quarta-feira um comunicado no qual "não recomenda que residentes ou visitantes tomem precauções especiais nestes momentos", enquanto outras embaixadas consultadas pela Agência Efe também não fizeram mudanças em suas políticas de segurança e de retirada em caso de contingência.


No entanto, uma crescente minoria dos aproximadamente 1,4 milhão de estrangeiros na Coreia do Sul começa a mostrar alguns sinais de nervosismo ou, pelo menos, de certa tensão, como é o caso de Nathan Jackson, americano de 29 anos que confessou estar "um pouco preocupado".

"Acho que são ameaças vazias, e a Coreia do Norte não tem intenções reais de atacar, mas se a situação ficar mais tensa, considerarei tomar medidas", disse Nathan, cuja família em Minnesota lhe pediu que voltasse para casa, com medo das notícias que chegam da Coreia.

O grande temor dos pais, irmãos e amigos a milhares de quilômetros do foco de tensão é ainda mais preocupante do que as próprias ameaças para alguns residentes no país, como o espanhol Xavi Mondelo, coordenador de projetos da escola de futebol do Barcelona em Seul.

"Quando soube do anúncio da Coreia do Norte, a primeira coisa que fiz foi avisar meus pais antes que soubessem pela imprensa e se assustassem mais", disse Xavi, de 28 anos, depois de confessar que "não levava a sério" as ameaças norte-coreanas até ontem, dia em que começou a se preocupar "um pouco".

Quase todos concordam que a percepção das hostilidades do país vizinho é muito aumentada quando chega ao exterior através da imprensa, o que muitos consideram como responsável por gerar um alarme injustificado.

"Alguns meios de comunicação exageram um pouco e estão divulgando o medo que Kim Jong-un quer criar", disse Nathan, enquanto Juan María Gil observa com ironia que "na Espanha as notícias são muito mais exagradas e fala-se na terceira guerra mundial ou em catástrofes nucleares".

A professora Stéphanie Bankston vai mais além e acusa a imprensa americana de "fazer com que o conflito pareça muito maior para dar a Washington o papel de herói e perpetuar a ideia que o capitalismo está salvando o mundo do mal". 

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