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Casos de ebola se aproximam dos 10 mil

Segundo números divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta quarta-feira, o ebola tem 9.936 casos registrados, com 4.887 mortos

Ebola: Libéria, Serra Leoa e Guiné são os países mais afetados pela epidemia (Carl de Souza/AFP)
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Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2014 às 19h45.

O novo balanço da epidemia de ebola se aproximou nesta quarta-feira dos 10 mil casos, incluindo 4.900 novos registros, em meio ao reforço dos dispositivos de precaução e da mobilização internacional.

Segundo números divulgados pela Organização Mundial de Saúde ( OMS ) nesta quarta-feira, o ebola tem 9.936 casos registrados, com 4.887 mortos, a maioria no oeste da África.

A OMS prevê milhares de casos suplementares por semana a partir de dezembro.

Libéria, Serra Leoa e Guiné são os países mais afetados pela epidemia, sem uma perspectiva de contenção rápida da doença.

Apesar dos avanços na busca por uma vacina, o vírus exacerbou as tensões entre a população e as autoridades, provocando uma morte no leste de Serra Leoa. A região está em quarentena desde agosto.

Apesar da redução dos riscos de contágio mundial, os dispositivos de precaução foram reforçados, tanto no embarque dos países afetados quanto no desembarque daqueles que tentam evitar a disseminação da doença.

Nos Estados Unidos, as autoridades anunciaram que todas as pessoas procedentes dos três países africanos afetados serão monitoradas de perto durante 21 dias, período máximo de incubação do vírus.

O presidente Barack Obama manifestou otimismo diante da evolução do ebola no país e saudou a crescente mobilização internacional para conter a epidemia nos três países que estão no epicentro da epidemia.

Na noite de terça-feira, Cuba enviou um novo contingente de médicos para Libéria e Guiné, aumentando para 256 o número de trabalhadores sanitários cubanos que ajudam no combate à doença.

Um primeiro contingente, de 165 médicos e enfermeiros, partiu rumo a Serra Leoa em 1º de outubro. Havana prometeu enviar um total de 461 trabalhadores sanitários à África para ajudar na luta contra a epidemia.

Apesar das notícias tranquilizadoras sobre a evolução dos casos registrados nos EUA e na Espanha, Ruanda estendeu suas medidas preventivas aos dois países ocidentais, exigindo que os passageiros que tenham estado nas três semanas anteriores comuniquem diariamente durante 21 dias seu estado de saúde.

Na Libéria, o aeroporto internacional conectou suas bases de dados às listas de familiares de pessoas doentes para proibi-los de embarcar, mesmo que não apresentem sintomas e, portanto, não estejam infectantes - informou à AFP o presidente do Conselho de Administração da Autoridade Aeroportuária Liberiana, Binyah Kessely.

"Queremos evitar constrangimentos toda vez que alguém deixar a Libéria para ir contaminar em outro país", explicou Kessely, referindo-se a dois cidadãos liberianos que introduziram o vírus na Nigéria, em julho, e nos Estados Unidos, em setembro, antes de adoecer e morrer.

Enquanto isso, os Institutos Americanos de Saúde (NIH) anunciaram o início de um teste clínico com 39 adultos de uma vacina experimental canadense contra o ebola, a VSV-ZEBOV.

Os primeiros lotes do medicamento chegaram à Suíça, onde serão testados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Os primeiros resultados dos testes feitos com essa vacina e com outro potencial imunizante anti-ebola - fabricado pela britânica GlaxoSmithKline (GSK) e pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID) - são aguardados para o final de 2014.

Por fim, o grupo farmacêutico americano Johnson & Johnson anunciou ter disponibilizado até US$ 200 milhões para acelerar a produção de uma vacina, atualmente em desenvolvimento por sua filial, Janssen Pharmaceuticals Companies. A expectativa é produzir mais de um milhão de doses em 2015.

Faltam leitos

Em Serra Leoa, onde a grande maioria dos novos casos se concentra no oeste, inclusive na capital Freetown, confrontos no leste do país, epicentro original da epidemia, deixaram dois mortos e uma dezena de feridos, entre eles vários membros das forças de segurança.

A confusão aconteceu na terça-feira na cidade mineira de Koidu, depois que um grupo de jovens resistiu à realização de uma coleta de sangue em uma senhora de 90 anos, mãe de um de seus chefes.

A idosa, considerada pelas autoridades sanitárias um caso suspeito de ebola, acabou falecendo de hipertensão.

Na vizinha Libéria, o país mais afetado pela doença, a OMS considerou subestimado o número de casos registrados, particularmente na capital, Monróvia.

Mas a diminuição de casos parecia real na província de Lofa (norte), na fronteira com a Guiné, onde apareceram os primeiros casos de ebola na Libéria, em fevereiro.

A encarregada do centro de tratamento da organização Médicos sem Fronteiras (MSF), na cidade de Foya, informou à presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, em visita ao local, que a província poderá "em breve ser declarada livre do ebola", após três semanas sem registrar praticamente nenhum novo caso - informou a Presidência.

Apesar do aumento dos recursos nos três países, a OMS revelou que, atualmente, estão disponíveis apenas 25% dos cerca de 4.700 leitos necessários nos centros de tratamento para alcançar a meta da ONU de isolar 70% dos doentes até 1º de dezembro.

A OMS destacou, ainda, a falta de pessoal médico estrangeiro para fazer esses centros funcionarem, estimando que os reforços previstos respondem à necessidade de 30 estabelecimentos dos 50 programados.

A presidente da Comissão da União Africana (UA), Nkosazana Dlamini-Zuma, deve iniciar na quinta-feira uma visita aos três países afetados, a fim de "que o continente mobilize com toda urgência os recursos humanos necessários".

Na Guiné, as autoridades anunciaram o pagamento de US$ 10 mil às famílias de cada agente de Saúde morto pelo ebola. A indenização será possível graças ao apoio financeiro da comunidade internacional.

O vírus ebola tem um índice de mortalidade de 70%. Ao lado da tragédia, o fotógrafo John Moore decidiu retratar os raros sobreviventes da doença na Libéria, o país mais afetado pela epidemia. Na foto, Jeremra Cooper, 16, enxuga o rosto do calor, enquanto espera na seção de baixo risco dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), em Paynesville, Libéria. O aluno da 8 ª série disse que perdeu seis familiares para a epidemia de Ebola antes de ficar doente e de ser enviado para o centro dos MSF, onde ele se recuperou após um mês.
  • 2. Mohammed Wah, 23

    2 /15(John Moore/Getty Images)

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    O trabalhador da construção civil diz que o Ebola matou cinco membros de sua família e que ele acha que contraiu a doença enquanto cuidava de seu sobrinho.
  • 3. Varney Taylor, 26

    3 /15(John Moore/Getty Images)

  • Perdeu três membros da família para a doença e acredita que contraiu Ebola enquanto carregava o corpo de sua tia após a morte dela.
  • 4. Benetha Coleman, 24

    4 /15(John Moore/Getty Images)

    Seu marido e dois filhos morreram em decorrência da doença.
  • 5. Victoria Masah, 28

    5 /15(John Moore/Getty Images)

    Seu marido e dois filhos morreram por causa do ebola.
  • 6. Eric Forkpa, 23

    6 /15(John Moore/Getty Images)

    O estudante de engenharia civil, disse que acha que pegou ebola enquanto cuidava de seu tio doente. Ele passou 18 dias no centro dos MSF se recuperando do vírus.
  • 7. Emanuel Jolo, 19

    7 /15(John Moore/Getty Images)

    O estudante do ensino médio perdeu seis membros da família e acredita que contraiu a doença enquanto lavava o corpo de seu pai, que morreu de Ebola.
  • 8. James Mulbah, 2

    8 /15(John Moore/Getty Images)

    O garotinho posa para a foto enquanto é segurado pela mãe, que também se recuperou do ebola.
  • 9. John Massani, 27

    9 /15(John Moore/Getty Images)

    Trabalhador da construção civil, ele acredita que pegou a doença enquanto carregava o corpo de um parente. Ele perdeu seis familiares por causa do ebola.
  • 10. Mohammed Bah, 39

    10 /15(John Moore/Getty Images)

    Bah, que trabalha como motorista, perdeu a mulher, a mãe, o pai e a irmã para o ebola.
  • 11. Vavila Godoa, 43

    11 /15(John Moore/Getty Images)

    O alfaiate diz que o estigma de ter tido Ebola é algo difícil. Ele perdeu todos os seus clientes devido ao medo. "Eles não vêm mais", afirma. Ele acredita que pegou Ebola enquanto cuidava de sua esposa doente.
  • 12. Ami Subah, 39

    12 /15(John Moore/Getty Images)

    Subah, uma parteira, acha que pegou ebola quando fez o parto de um bebé de uma mãe doente. O menino, segundo ela, sobreviveu, mas a mãe morreu. Ela diz que não teve trabalho desde sua recuperação, devido ao estigma de ter tido Ebola. "Não me deixam nem tirar água do poço comunitário", afirma.
  • 13. Peters Roberts, 22

    13 /15(John Moore/Getty Images)

    O aluno do 11º ano perdeu uma irmã, o tio e um primo para o Ebola. Ele acredita que contraiu a doença enquanto cuidava de seu tio.
  • 14. Anthony Naileh, 46, e Bendu Naileh, 34

    14 /15(John Moore/Getty Images)

    Anthony disse que é um estenógrafo no Senado liberiano e planeja voltar a trabalhar na sessão de janeiro. Bendu, uma enfermeira, acha que pegou ebola após colocar as mãos em posição de oração ao rezar por um sobrinho que tinha a doença. Em seguida, ela adoeceu e seu marido cuidou dela.
  • 15. Moses Lansanah, 30

    15 /15(John Moore/Getty Images)

    O trabalhador da construção civil perdeu sua noiva Amifete, com então 22 anos, que estava grávida de 9 meses do seu filho.
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