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Cancún quer legalizar maconha para combater a violência

Violência relacionada às drogas provocou a queda temporária no número de turistas na região. O turismo representa US$ 20 bilhões por ano para o México

Cancún, cidade turística do México: (Jeffwang/Thinkstock)

Gabriela Ruic

Publicado em 29 de janeiro de 2018 às 11h26.

Última atualização em 29 de janeiro de 2018 às 11h58.

As festas em algumas das principais praias do México podem receber um impulso -- e talvez serem um pouco mais tranquilas --, porque as autoridades estão estudando a possibilidade de legalizar a maconha em destinos muito procurados como Cancún e Los Cabos.

O ministro do Turismo, Enrique de la Madrid, considerado bastante conservador, disse em um evento na quinta-feira que a legalização da venda e do consumo poderia ajudar a frear a violência relacionada às drogas que assola ambos os lugares e que provocou uma queda temporária no número de turistas. O turismo representa US$ 20 bilhões por ano para o México, sendo uma das três principais fontes de moeda estrangeira.

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Os turistas "já trazem ou compram", disse ele, de acordo com uma reportagem do jornal Milenio. "O que não se justifica é que alguém acabe na cadeia por consumir maconha. O que não se justifica é que alguém se torne vítima de extorsão por consumir maconha. É um absurdo."

Por enquanto, a proposta de De la Madrid é apenas uma proposta -- não há nenhuma lei pendente de aprovação e parece pouco provável que o presidente Enrique Peña Nieto apresente algum projeto antes das eleições de julho. A assessoria de imprensa do ministério não respondeu aos telefonemas em busca de comentários e, em uma entrevista posterior à rede Televisa, De la Madrid enfatizou que a ideia é dele e não reflete a posição oficial de seu gabinete.

No entanto, isso revela o dilema enfrentado pelo governo, que tenta reprimir as gangues que operam nos pontos turísticos importantes, com batalhas com armas de fogo que não só assustam os turistas, mas também causam mais violência quando a retirada de um traficante estimula a disputa por seu antigo território. Diante do aumento dos tiroteios em boates e do aparecimento de corpos mutilados nas ruas, o Departamento de Estado dos EUA passou a recomendar aos turistas em Cancun e Los Cabos que "tenham mais cuidado".

No ano passado, a ocupação hoteleira em Cancun caiu 10 por cento durante o período tradicionalmente movimentado da primavera do Hemisfério Norte e também houve uma diminuição do número de reservas em Los Cabos. A queda parece uma anomalia, considerando o crescimento global do turismo e um peso relativamente fraco, que normalmente atrairia mais turistas.

"Pelo menos nas regiões turísticas, temos que legalizar o uso da maconha", disse De la Madrid, de acordo com o jornal Milenio. "Legalizar não apenas o consumo, mas também a produção e a venda de maconha, contribuiria, juntamente com outras ações, a ter destinos turísticos mais seguros."

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