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Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2014 às 18h38.
Toronto - A incontestável derrota dos soberanistas nas eleições provinciais que o Québec realizou ontem foi celebrada nesta terça-feira pelo resto do Canadá, que respira com alívio perante o que alguns consideram o final do independentismo da província francófona.
Os últimos dados divulgados hoje pela Direção Geral de Eleições do Québec apontam que os federalistas do Partido Liberal do Québec (PLQ) receberam 1,7 milhões de votos, 41,5% dos emitidos, com o que ganharam 70 das 125 cadeiras do Parlamento provincial, a Assembleia Nacional.
Por sua parte, o defensor da soberania Partido Quebequense (PQ), que perdeu o poder com as eleições de ontem, recebeu pouco mais de 1 milhão de votos (25,3%), o que se traduzirá em 30 cadeiras, 24 menos que as conseguidas nas eleições provinciais anteriores em 2012.
Os outros dois partidos que terão deputados no Parlamento provincial serão o nacionalista conservador Coalizão para o Futuro do Québec (CAQ), com 975 mil votos e 22 cadeiras, e os independentistas de esquerda Québec Solidaire (QS), com 323 mil votos e três cadeiras.
Os resultados, inesperados pela avultada derrota dos soberanistas que iniciaram a campanha eleitoral na frente nas enquetes de opinião, garantem que o Québec não realizará um novo referendo independentista enquanto o PLQ estiver no poder, o que está garantido até outubro de 2018.
O primeiro-ministro canadense, o conservador Stephen Harper, rapidamente parabenizou ontem à noite o líder do PLQ, e próximo primeiro-ministro provincial, Philippe Couillard, por sua vitória.
Hoje, no Parlamento canadense, Harper repetiu várias vezes suas felicitações a Couillard e acrescentou que os quebequenses rejeitaram o independentismo para escolher um governo que "se foque na economia e na criação de emprego".
Um dos principais comentaristas políticos do país, Jeffrey Simpson, destacou hoje no jornal mais influente do Canadá, "The Globe and Mail", que o resultado das eleições do Québec representa "um grande alívio" para o primeiro-ministro.
"Que ninguém se engane, um PQ vitorioso teria realizado um referendo e teria contado com a pouca popularidade de Harper no Québec para tentar ganhá-lo", escreveu Simpson.
Outros comentaristas argumentaram que os resultados assinalam que o movimento defensor da soberania quebequense está morto, que apenas a geração dos anos 1970 o manteve com vida e que as novas gerações de quebequenses não querem ouvir falar da ideia de separação.
Durante sua primeira entrevista coletiva após a vitória eleitoral, Couillard disse hoje que realmente houve no Québec uma "nova escalação das forças políticas" e uma mudança sísmica no eleitorado da província francófona.
Mas não se mostrou tão confiante na hora de declarar morto o movimento defensor da soberania.
"O movimento defensor da soberania não está morto. O que podemos perguntar-nos é se essa ideia pode realmente mobilizar as pessoas politicamente e ajudar-lhes a formar um governo. Mas é o PQ quem tem que fazer essa análise", declarou Couillard.
Com 30 deputados e com o status de líder da oposição, o PQ tem pela frente uma longa travessia. Sua líder, Pauline Marois, a primeira mulher que ocupou o cargo de primeira-ministra da província, perdeu na segunda-feira sua cadeira e anunciou sua renúncia, o que deixa o partido acéfalo.
Os nomes de possíveis substitutos já começam a surgir, começando pelo de Pierre Karl Peladeau, o multimilionário e magnata dos meios de comunicação canadenses que há um mês anunciou sua incorporação ao PQ e ontem conseguiu seu primeiro mandato como deputado.
Peladeau foi apontado por alguns como um dos responsáveis pela derrota do PQ, depois que declarou, no mesmo dia que anunciou sua candidatura política, que seu objetivo era fazer do Québec "um país independente".