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Brahimi tem "novas ideias" para romper "estagnação" na Síria

"Por enquanto, não tenho um plano completo, mas muitas ideias sobre como avançar nas negociações", disse Brahimi

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Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2012 às 17h35.

Nações Unidas - O mediador internacional para a Síria , Lakhdar Brahimi, afirmou nesta segunda-feira na ONU que, após sua visita ao país e à região, ainda não tem um "plano completo" para frear o conflito, mas "muitas ideias" para romper a "estagnação" de uma crise que é "extremamente grave".

"Por enquanto, não tenho um plano completo, mas muitas ideias sobre como avançar nas negociações", disse Brahimi à imprensa depois de se reunir com membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas em uma sessão reservada.

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O representante especial da ONU e da Liga Árabe explicou aos 15 membros do Conselho os motivos de sua primeira visita à região e transmitiu sua preocupação perante a "estagnação" que o país vive a fim de encontrar uma solução política a uma crise que já deixou milhares de mortos.

"Não há esperanças de que se possa avançar nas negociações hoje ou amanhã, mas paradoxalmente espero que encontremos uma abertura em um futuro não muito distante", explicou o ex-ministro de Relações Exteriores da Argélia, que ainda disse que o caminho tem que ser marcado "pelas mudanças".

Brahimi afirmou que "não é possível voltar à Síria do passado", mas disse que ainda não teve ideias para dar continuidade às iniciativas internacionais precedentes, como o plano de paz elaborado por Kofi Annan.

O enviado especial destacou que tanto o plano de paz como o comunicado emitido pelo chamado Grupo de Ação, que se reuniu em Genebra em junho, são "algumas das ferramentas" com as quais conta e pediu tempo para ver como utilizá-las.

"Por favor, não se esqueçam que comecei em meu cargo há apenas três semanas", chegou a dizer Brahimi perante a imprensa.

O argelino ressaltou que, neste momento, "há unanimidade na hora de dizer que a situação na Síria é extremamente grave está cada vez pior. Além disso, constitui uma ameaça para região e também para a paz e a seguranças internacionais".


Brahimi voltará à região em breve e se comprometeu a voltar ao Conselho de Segurança "o mais rápido possível", mas também pediu a seus membros um apoio total.

"Se não represento a totalidade do Conselho de Segurança, não sou nada. Necessito representar um Conselho completamente unido e uma Liga Árabe também unida", ressaltou Brahimi, que conhece as divisões do principal órgão internacional de segurança depois dos vetos de Rússia e China à resolução sobre o conflito sírio, apresentadas pelos países ocidentais e árabes.

Por sua vez, os membros do Conselho de Segurança mostraram "apoio total e enérgico" ao trabalho de Brahimi, segundo explicou seu presidente rotativo e embaixador alemão perante a ONU, Peter Wittig, que mostrou "preocupação" de todos perante o relatório desdobrado pelo representante especial.

Segundo fontes diplomáticas, Brahimi se mostrou pessimista na realização de um diálogo a curto prazo entre oposição e um regime que segue vendo a crise como fruto de uma "conspiração internacional".

Brahimi explicou que o governo deseja "retornar à velha Síria". Os seguidores de Bashar Al-Assad responsabilizam a comunidade internacional pelas dimensões da crise, já que calcula que há cerca de 5 mil combatentes estrangeiros dentro do país.

Brahimi disse que a Síria está imersa "mais e mais na guerra civil" e que a tortura de prisioneiros já é "algo habitual", além de alertar sobre os graves efeitos da escassez de alimentos e a destruição de hospitais, escolas e patrimônio cultural.

O argelino compareceu à ONU um dia antes do início das 67 sessões da Assembleia Geral. A agenda preparada pela ONU não inclui nenhuma reunião concretamente sobre a Síria, mas prevê que a cúpula do Oriente Médio planejada pelo Conselho de Segurança para quarta-feira, se concentre neste assunto.

Além disso, na próxima sexta-feira, haverá uma reunião de ministros de Exteriores do chamado Grupo de Amigos da Síria, enquanto o ministro sírio de Exteriores, Walid Muallem, deve discursar perante a Assembleia Geral em seu último dia de debates, na próxima segunda-feira, 1 de outubro.

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