Biden anuncia novas medidas para controle de armas de fogo nos EUA
Medida mais importante é um decreto que torna mais rígidas as regras de verificação de antecedentes
Agência de notícias
Publicado em 15 de março de 2023 às 07h01.
Última atualização em 15 de março de 2023 às 07h02.
O presidente Joe Biden anunciou, nesta terça-feira, 14, uma nova leva de medidas paralimitar a circulação de armas de fogo, mas lembrou que o Congresso deve impor restrições contra os tiroteios que se sucedem ano após ano.
Com um tom sombrio, Biden se dirigiu à comunidade imigrante de Monterey Park, na Califórnia, e lembrou de cada uma das 11 vítimas do massacre que ocorreu em 21 de janeiro durante as comemorações do Ano Novo Lunar.
O presidente lembrou, por exemplo, da avó que cantava karaokê, da professora de dança de 72 anos do Star Ballroom onde aconteceu a matança e da mulher que gostava de um carteado e de compartilhar com amigos e vizinhos algumas verduras de sua horta. Procurou assim dar uma cara às vítimas para que não ficassem reduzidas a estatísticas, que não param de aumentar.
Em seguida, quando Biden deu lugar a Brandon Tsay, o jovem de 26 anos que conseguiu desarmar o atirador antes que ele abrisse fogo em um segundo salão, o público explodiu em aplausos.
Biden então pediu ao Congresso que assumisse a "responsabilidade" e colocasse em prática medidas drásticas contra os rifles semiautomáticos de estilo militar, usados com maior frequência em tiroteios em massa.
"Proíbam as armas de assalto", disse o presidente democrata, para aplausos de cerca de 200 pessoas. "Façam isso agora. Já basta! Façam alguma coisa. Façam algo grande", implorou.
Biden, no entanto, sabe que o Congresso está dividido, com o Senado controlado pelos democratas e a Câmara dos Representantes nas mãos dos republicanos. Os conservadores há décadas se opõem a leis mais rígidas de compra de armas.
Verificar antecedentes
A medida mais importante promulgada nesta terça-feira é um decreto que torna mais rígidas as regras de verificação de antecedentes nos Estados Unidos .
As pesquisas mostram um apoio popular esmagador a uma lei geral que exija verificações de antecedentes criminais de qualquer pessoa que compre uma arma de fogo.
Os congressistas republicanos se opõem, argumentando que isso diminui o direito constitucional de possuir armas e que cada estado deve tomar sua própria decisão.
Atualmente, apenas os comerciantes licenciados pelo governo federal, responsáveis por menos da metade das vendas de armas, são obrigados a fazer verificações de antecedentes em todo o país, embora alguns estados tenham imposto requisitos adicionais.
A medida de Biden instrui o procurador-geral a punir com o rigor da lei os fornecedores que violam os controles.
"É apenas bom senso: verificar se alguém é um delinquente ou um agressor doméstico antes de vender uma arma", declarou o presidente.
Segundo Biden, o decreto, ou ordem executiva, que o presidente pode aplicar sem a aprovação do Congresso, também asfixiará os traficantes de armas.
Isso também levará a um estudo independente que irá expor "como os fabricantes de armas comercializam agressivamente armas de fogo para civis, especialmente menores, inclusive por meio do uso de imagens militares", afirmou.
O procurador-geral também deverá publicar relatórios oficiais nomeando os comerciantes de armas de fogo que violam as leis.
De acordo com a contagem do site especializado Gun Violence Archive, 8.415 pessoas foram mortas por armas de fogo em 2023 nos Estados Unidos, mais da metade delas por suicídio.
O site registrou 110 tiroteios em 2023 que feriram ou mataram pelo menos quatro pessoas, sem contar o atirador.