BC da Irlanda reconhece que país terá de aceitar resgate financeiro
Governo irlandês reconheceu que terá de aceitar um empréstimo de "bilhões" de euros
Da Redação
Publicado em 18 de novembro de 2010 às 07h26.
Dublin - O governador do Banco Central da Irlanda (ICB), Patrick Honohan, afirmou nesta quinta-feira que o Governo irlandês terá de aceitar um empréstimo de "bilhões" de euros após a visita a Dublin de representantes da Comissão Europeia (CE), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Central Europeu (BCE).
Uma comissão técnica formada por representantes desses três organismos inicia nesta quinta-feira as conversas para um eventual resgate do país, caso o Executivo irlandês decida solicitar o socorro de seus parceiros.
Honohan declarou nesta quinta-feira à emissora irlandesa "RTE" que as negociações não discutirão sobre o resgate financeiro, mas reconheceu que, no final da visita da comissão, o Governo terá de aceitar o resgate.
"Acho que definitivamente vai acontecer (a ajuda). É por isso que uma ampla equipe de técnicos vão se sentar para discutir esses assuntos. As condições do mercado não nos permitiram avançar sem buscar o apoio de nossos parceiros internacionais", indicou o governador.
A CE, o FMI e o BCE identificaram duas áreas das finanças irlandesas sobre as quais concentrarão suas análises: a situação fiscal e a reestruturação de seu setor bancário nacional.
O Governo quer prevenir que a comissão decida aumentar os limites fixados por ele no plano de cortes de gastos quadrienal, que será apresentado na próxima semana e do qual se espera que gere uma economia de 15 bilhões de euros e reduza o déficit para 3% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2014.
A primeira fase desse plano começará a ser aplicada no dia 7 de dezembro com a apresentação do orçamento geral para 2011, nos quais se incluem cortes no valor de 6 bilhões de euros, um número que o Executivo também quer manter intacto.
Em relação ao sistema bancário nacional, a equipe técnica terá acesso à contabilidade do Governo e das entidades financeiras, o que, ao fim da missão, deveria lançar um número exato do custo de seu resgate, que o Executivo fixou em 50 bilhões de euros.
Honohan lembrou que tanto o Governo irlandês quanto o BCE injetaram "enormes quantidades" de dinheiro nos bancos, mas não foi o suficiente para dar confiança aos mercados e investidores internacionais.
Em sua opinião, qualquer quantidade oferecida pelo FMI e o BCE ao Executivo poderia ser usada como um "fundo de contingência" com o qual mostrar ao mercado que não há problemas de liquidez, embora esses fundos não sejam utilizados.