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Banco Mundial: transformação social pôs governos corruptos em xeque

Vice-presidente da instituição, Jorge Familiar, atribui menor tolerância a mau uso de recursos ao fortalecimento da classe média na região

Justiça: vice-presidente do BM destacou positivamente que atuação independente dos poderes judiciários na América Latina (utah778/Thinkstock)
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EFE

Publicado em 12 de abril de 2018 às 21h31.

Os escândalos de corrupção que colocaram em xeque governos de toda a América Latina não são fruto de "uma maior corrupção do que antes", mas correspondem à "transformação social" que já "não tolera" o "mal uso de recursos" na região, afirmou nesta quinta-feira o vice-presidente do Banco Mundial (BM), o mexicano Jorge Familiar.

Em entrevista com a Agência Efe em Lima, onde o responsável para a América Latina e o Caribe da organização com sede em Washington participa do V Fórum de Jovens das Américas, evento preliminar à VIII Cúpula das Américas, Jorge se referiu aos problemas de corrupção que assolam a região e cujas consequências, que estão em evidência nos últimos dias, preferiu ver "como uma oportunidade".

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"Não acredito que haja hoje mais corrupção do que havia antes. O que acontece é que vivemos uma transformação social, temos uma classe média mais sólida, que deseja continuar melhorando, que tem aspirações e procura um futuro melhor. Este é um reflexo de uma transformação social que exige continuar com os processos anticorrupção", afirmou Jorge.

A cúpula em Lima, que a partir de amanhã reunirá representantes de 34 países da região, entre eles 19 chefes de Estado e de Governo, tratará exatamente sobre a "governabilidade democrática frente à corrupção".

Nesse sentido, o vice-presidente do BM destacou que a região viu "poderes judiciários que atuaram de forma independente", algo "claramente positivo".

Em todo caso, o especialista em finanças apontou que a corrupção e seu combate não são só um assunto de governos, mas da "sociedade no seu conjunto", e que deve ser um tema urgente que precisa ser abordado para evitar o crescente "desencanto dos latino-americanos com as instituições e inclusive com a democracia".

Além disso, Jorge também se referiu à crescente ameaça do protecionismo econômico que volta a pairar sobre o continente, impulsionado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, algo potencialmente negativo para uma região cuja transformação "se deve ao comércio".

"Para o futuro da América Latina, a abertura, manter uma série de regras conhecidas e estáveis em matéria de comércio é algo claramente importante e acho que a região deve seguir esse caminho de buscar mais integração e mais abertura", disse.

Para Jorge, o importante, apesar das medidas dos EUA, é se manter afastados "da tentação de deixar livre o protecionista que os latino-americanos têm dentro de si".

O vice-presidente do BM apontou que a região está falando "cada vez mais" em integração, e destacou o papel que a Aliança do Pacífico está desempenhando para integrar seus mercados financeiros e sua aproximação com o Mercosul.

Para Jorge, uma questão que a região precisa dar atenção é na educação e na formação orientada para novas tecnologias, que terão um impacto inegável sobre o trabalho na América Latina.

O economista mexicano apontou três temas importantes para garantir a adoção da tecnologia digital, que são: maior abertura para diminuir os preços, maior competitividade para que as empresas ajustem seus custos e "dar o salto quântico" na formação.

"A tecnologia tem aqui dois papéis, tanto para acelerar o processo educativo e como para ser a finalidade do que é ensinado, o objetivo que se coloca à disposição dos estudantes", explicou.

O V Fórum de Jovens das Américas terminará hoje com a apresentação do seu documento final, que será transmitido aos líderes que participarão da VIII Cúpula das Américas, que por sua vez o levarão em consideração para firmar seus acordos finais.

 

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