Banco asiático AIIB tem 3 projetos no pipeline para investir R$ 1,6 bilhão no Brasil
Jin Liqun, presidente do banco, diz que a entidade quer ampliar atuação no país e que América Latina precisa melhorar conectividade
Repórter de macroeconomia
Publicado em 6 de março de 2024 às 06h01.
O AIIB (Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura, na sigla em inglês) quer ampliar sua atuação no Brasil. A entidade, com sede na China, já investiu 350 milhões de dólares (1,73 bilhão de reais) no país, em três projetos, e avança em novas iniciativas.
"Há três projetos no pipeline, que somam 335 milhões de dólares [1,6 bilhão de reais], em projetos como apoiar projetos de transição verde, de linhas de transmissão e de desenvolvimento", disse Jin Liqun, presidente do AIIB, em entrevista à EXAME. Liqun não detalhou quais seriam esses projetos.
Na segunda, 4, o executivo se encontrou com o presidente Lula em Brasília. Na conversa, ele voltou a dizer que há interesse do banco em investir no país. "Desde que tenhamos bons projetos, forneceremos financiamento. Queremos projetos de grande porte”, disse, em declaração à imprensa após o encontro.
No Brasil, o AIIB já investiu em três ações. O primeiro deles, em 2002, somou 100 milhões de dólares e foi feito em parceria com o BDMG (Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais). O segundo foi com o BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME) e trouxe 200 milhões de dólares para investimentos relacionados a transição energética. Um terceiro investimento, em parceria com a Vinci, somou 50 milhões de dólares para projetos de baixo carbono nos setores de água e energia.
"Os bancos locais podem ajudar a identificar projetos. Eles podem fazer isso melhor do que nós", disse Liqun, na conversa com a EXAME. "Queremos desenvolver capacidade local e contratar consultores locais que possam nos ajudar a estabelecer relações com governos e o setor privado."
O AIIB é hoje um dos principais bancos de financiamento do mundo, e já investiu 50 bilhões de dólares em mais de 250 projetos pelo mundo. Fundado em 2016, o banco tem como missão financiar projetos de infraestrutura pelo mundo, com dois objetivos principais: aumentar a conexão dos outros países com a Ásia e estimular projetos de energia limpa. "Sem desenvolvimento de infraestrutura, não há como sustentar a economia e o desenvolvimento", diz Liqun.
O Brasil se tornou um membro do banco em 2020, com 0,18% de participação. Outros países do continente, como Argentina, Peru e Uruguai, também integram a entidade. Ao todo, são 95 participantes, sendo 47 da Ásia e 48 de outros continentes.
Uma das metas do AIIB é aumentar a conectividade entre os países da América Latina. Ao melhorar as conexões com o Oceano Pacífico, as exportações para a Ásia também seriam facilitadas. "A interconectividade entre os países da América Latina tem sido tradicionalmente muito fraca. Vocês têm uma conectividade muito boa com países europeus, com os Estados Unidos, mas não entre os paises da América Latina. E é algo que temos que fazer", disse Liqun.