Liga Árabe pede zona de exclusão aérea após ataque de Kadafi
Para órgão transnacional, regime líbio "perdeu legitimidade"
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2011 às 12h20.
Al Uqaila - As forças do líder líbio Muamar Kadhafi voltaram a bombardear, este sábado, as posições da insurreição no país, enquanto a Liga Árabe instou a ONU a estabelecer uma zona de exclusão aérea e declarou que o regime perdeu sua "legitimidade".
Por outro lado, a emissora de televisão Al Jazeera anunciou a morte de um de seus cinegrafistas, atingido por disparos em uma emboscada perto da cidade de Benghazi.
Os Estados Unidos "saudaram" o apelo da Liga Árabe e destacaram que a comunidade internacional estava "unida" em sua exigência ao fim da violência na Líbia.
"Saudamos este importante avanço da Liga Árabe, que fortalece a pressão internacional sobre Kadhafi e o apoio ao povo líbio", declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
As forças de Kadhafi continuaram avançando rumo ao leste, ao longo da costa, fazendo retroceder cada vez mais os rebeldes, aos quais um dos filhos do ditador, Seif al Islam, prometeu "uma guerra até o fim".
As forças governamentais controlam "90% do país", afirmou Seif al Islam.
Por sua vez, a Liga Árabe, reunida este sábado no Cairo, declarou que o regime líbio "perdeu sua legitimidade" devido à violenta repressão contra seu povo, que causou a morte de centenas de pessoas e a fuga de mais de 250.000.
A organização pediu, portanto, que o Conselho de Segurança das Nações Unidas autorize a criação de uma zona de exclusão aérea para proteger o povo líbio.
A Liga Árabe decidiu, ainda, "cooperar" com o Conselho Nacional de Transição (CNT), fundado pela oposição em Benghazi, 1.000 km a leste de Trípoli.
A decisão da Liga Árabe pode influenciar os Estados Unidos e a Europa, que disseram estudar todas as opções possíveis, mas se mostravam hesitantes quanto à instauração de uma zona de exclusão aérea.
Tanto a União Europeia, que na sexta-feira reconheceu como interlocutor o CNT, quanto os Estados Unidos disseram que qualquer medida deve contar com um mandato da ONU.
As dúvidas dos Estados Unidos se refletiram nas declarações do secretário de Defesa, Robert Gates, que disse não estar certo de que impor uma zona de exclusão aérea fosse uma "sábia" decisão.
Uma operação deste tipo precisa de centenas de aviões para proibir o sobrevoo de um território de 1,8 milhão de km2 e paralisar em terra a aviação líbia, arma principal do regime em sua luta contra os rebeldes.
A aviação de Kadhafi fez este sábado dois novos ataques contra um posto de controle dos rebeldes em Al Uqaila, no front, a algumas dezenas de quilômetros de Ras Lanuf, de onde os insurgentes foram expulsos na sexta-feira.
As forças de Kadhafi comemoraram a retomada de Ras Lanuf e de Ben Jawad, uma dezena de quilômetros a oeste, onde os jornalistas da AFP constataram danos causados pelos violentos combates.
Depois dos ataques, os aviões de Kadhafi continuaram sobrevoando a região, enquanto dezenas de veículos repletos de rebeldes se deslocavam de Al Uqaila a Brega, 40 km mais ao leste.
"Esta manhã estávamos a 30 km daqui, mas tivemos que recuar devido ao bombardeio", disse à AFP um rebelde armado com um fuzil em Al Uqaila.
"Se Deus quiser, vamos tentar contra-atacar", acrescentou.
No oeste, Zauiya, que foi o reduto rebelde mais próximo a Trípoli, caiu nas mãos do regime, que comemorou sua "vitória" depois de vencer uma dura resistência.
Ao contrário, segundo várias testemunhas, os rebeldes continuam no controle de Misrat (150 km ao leste de Trípoli) e várias cidades do noroeste do país, em particular na região montanhosa de Jabal Al Gharbi.
No 26º dia da insurreição, ocorreu a primeira baixa de um membro dos meios de comunicação, com a morte de um cinegrafista da emissora de televisão árabe Al Jazeera.
Por outro lado, no sábado, uma missão humanitária da ONU chegou à Líbia para "avaliar as necessidades humanitárias" e certificar-se de que a ajuda humanitária chegará ao seu destino.