Autoridades líbias não farão necropsia no corpo de Kadafi
Corpo do ex-ditador está exposto num frigorífico de um mercado nos arredores de Misrata, para onde também foi levado o corpo de seu filho, Muatassim
Da Redação
Publicado em 22 de outubro de 2011 às 10h32.
Misrata - As novas autoridades líbias anunciaram neste sábado que não se procederá a uma necropsia do corpo de Muamar Kadhafi, que continua exposto num frigorífico de mercado em Misrata, à véspera da proclamação oficial da libertação do país.
"Não haverá necropsia, nem hoje, nem outro dia. Ninguém abrirá o corpo", declarou o porta-voz do conselho militar de Misrata, Fathi Bachagha.
Esta declaração foi confirmada à AFP por outros dois membros do conselho militar de Misrata.
Várias informações aventavam uma possível necropsia neste sábado.
O corpo do ex-ditador está exposto num frigorífico de um mercado nos arredores de Misrata, para onde também foi levado na madrugada deste sábado o corpo de seu filho, Muatassim.
Os habitantes de Misrata fazem fila para ver e fotografar os corpos, colocado um ao lado do outro em colchões e cobertos com uma manta deixando de fora apenas suas cabeças.
Na véspera, o número dois do Conselho Nacional de Transição (CNT), o novo poder na Líbia, Mahmud Jibril, assegurou que Kadhafi morreu em consequência de seus ferimentos provocados por um tiroteio depois de sua captura.
Mas esta versão não convenceu a ONU e à Anistia Internacional, que pediram uma investigação para determinar se o ex-ditador foi executado.
Quando este tema é mencionado com as pessoas que prenderam Kadhafi, o tom da conversa muda e a tensão fica visível.
"Ele estava muito ferido quando o vimos. Sabíamos que ia morrer", afirma um deles, Ibrahim Al Marjub.
Um dos chefes militares dá uma ordem em árabe. "Todo mundo deve dizer: aqui ninguém matou Kadhafi".
Em Benghazi, o presidente do CNT, Mustafá Abdul Jalil, confirmou que abriu uma investigação sobre as circunstâncias sobre a morte do ex-ditador, sem citar uma possível necropsia.
Kadhafi será sem dúvida enterrado num local secreto para evitar qualquer tipo de peregrinação a seu túmulo, segundo membros do conselho militar.
Em um comunicado divulgado pelo canal Arrai, ligada ao antigo regime, a viúva de Kadhafi pediu "em nome da família do combatente mártir Muamar Kadhafi, à ONU e às organizações internacionais que obriguem o CNT a entregar os restos dos mártires a suas tribos para que sejam enterrados segundo os rituais islâmicos".
Enquanto isso, dois altos funcionários do velho regime continuavam com paradeiro desconhecido: o cunhado de Kadhafi, Abddullah Al Senusi, de 62 anos, ex-chefe dos serviços de inteligência líbios, e Sail Al Islam, de 39 anos, filho do ex-ditador e considerado possível sucessor de seu pai.
O primeiro foi visto no extremo norte do Níger, fronteira com a Líbia, afirmou uma fonte governamental nigerina.
A respeito do segundo, circulam informações contraditórias, de que teria sido capturado, morto ou fugido, sem que nenhuma possa ser confirmada. Sobre os dois pesa uma ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade.
Em todo caso, o CNT prevê declarar neste domingo a libertação total do país, o que abrirá caminho para negociações visando a formar um governo encarregado da transição, antes das eleições previstas para daqui oito meses.
Na Jordânia, Mahmud Jibril classificou de "missão impossível" a reconstrução de Líbia.
"A reconstrução da Líbia não será tarefa fácil. É a 'Missão impossível', do Tom Cruise", afirmou. "A estabilidade e a ordem no país devem ser restaurados, para isso é necessário recuperar as armas das ruas (...), o que não é uma operação fácil".
Por fim, o jornal Los Angeles Times informou que Kadhafi enviou para fora da Líbia mais de 200 bilhões de dólares, o dobro da cifra de que os governos ocidentais suspeitavam anteriormente.
A investigação das autoridades dos Estados Unidos, Europa e Líbia descobriu que Kadhafi enviou secretamente bilhões de dólares para o exterior ao longo dos anos e a maior parte do dinheiro estava em nome de instituições estatais como o Banco Central da Líbia, a Autoridade de Investimento da Líbia, o Banco líbio dos Negócios Estrangeiros, a Corporação do Petróleo Líbio e a Pasta de Investimentos da Líbia, segundo o jornal.
Kadhafi e seus familiares tiveram acesso a todo o dinheiro que queriam, de acordo com as informações. A nova cifra de 200 bilhões é cerca de duas vezes o rendimento econômico anual da Líbia antes da guerra, segundo o Times.
Misrata - As novas autoridades líbias anunciaram neste sábado que não se procederá a uma necropsia do corpo de Muamar Kadhafi, que continua exposto num frigorífico de mercado em Misrata, à véspera da proclamação oficial da libertação do país.
"Não haverá necropsia, nem hoje, nem outro dia. Ninguém abrirá o corpo", declarou o porta-voz do conselho militar de Misrata, Fathi Bachagha.
Esta declaração foi confirmada à AFP por outros dois membros do conselho militar de Misrata.
Várias informações aventavam uma possível necropsia neste sábado.
O corpo do ex-ditador está exposto num frigorífico de um mercado nos arredores de Misrata, para onde também foi levado na madrugada deste sábado o corpo de seu filho, Muatassim.
Os habitantes de Misrata fazem fila para ver e fotografar os corpos, colocado um ao lado do outro em colchões e cobertos com uma manta deixando de fora apenas suas cabeças.
Na véspera, o número dois do Conselho Nacional de Transição (CNT), o novo poder na Líbia, Mahmud Jibril, assegurou que Kadhafi morreu em consequência de seus ferimentos provocados por um tiroteio depois de sua captura.
Mas esta versão não convenceu a ONU e à Anistia Internacional, que pediram uma investigação para determinar se o ex-ditador foi executado.
Quando este tema é mencionado com as pessoas que prenderam Kadhafi, o tom da conversa muda e a tensão fica visível.
"Ele estava muito ferido quando o vimos. Sabíamos que ia morrer", afirma um deles, Ibrahim Al Marjub.
Um dos chefes militares dá uma ordem em árabe. "Todo mundo deve dizer: aqui ninguém matou Kadhafi".
Em Benghazi, o presidente do CNT, Mustafá Abdul Jalil, confirmou que abriu uma investigação sobre as circunstâncias sobre a morte do ex-ditador, sem citar uma possível necropsia.
Kadhafi será sem dúvida enterrado num local secreto para evitar qualquer tipo de peregrinação a seu túmulo, segundo membros do conselho militar.
Em um comunicado divulgado pelo canal Arrai, ligada ao antigo regime, a viúva de Kadhafi pediu "em nome da família do combatente mártir Muamar Kadhafi, à ONU e às organizações internacionais que obriguem o CNT a entregar os restos dos mártires a suas tribos para que sejam enterrados segundo os rituais islâmicos".
Enquanto isso, dois altos funcionários do velho regime continuavam com paradeiro desconhecido: o cunhado de Kadhafi, Abddullah Al Senusi, de 62 anos, ex-chefe dos serviços de inteligência líbios, e Sail Al Islam, de 39 anos, filho do ex-ditador e considerado possível sucessor de seu pai.
O primeiro foi visto no extremo norte do Níger, fronteira com a Líbia, afirmou uma fonte governamental nigerina.
A respeito do segundo, circulam informações contraditórias, de que teria sido capturado, morto ou fugido, sem que nenhuma possa ser confirmada. Sobre os dois pesa uma ordem de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade.
Em todo caso, o CNT prevê declarar neste domingo a libertação total do país, o que abrirá caminho para negociações visando a formar um governo encarregado da transição, antes das eleições previstas para daqui oito meses.
Na Jordânia, Mahmud Jibril classificou de "missão impossível" a reconstrução de Líbia.
"A reconstrução da Líbia não será tarefa fácil. É a 'Missão impossível', do Tom Cruise", afirmou. "A estabilidade e a ordem no país devem ser restaurados, para isso é necessário recuperar as armas das ruas (...), o que não é uma operação fácil".
Por fim, o jornal Los Angeles Times informou que Kadhafi enviou para fora da Líbia mais de 200 bilhões de dólares, o dobro da cifra de que os governos ocidentais suspeitavam anteriormente.
A investigação das autoridades dos Estados Unidos, Europa e Líbia descobriu que Kadhafi enviou secretamente bilhões de dólares para o exterior ao longo dos anos e a maior parte do dinheiro estava em nome de instituições estatais como o Banco Central da Líbia, a Autoridade de Investimento da Líbia, o Banco líbio dos Negócios Estrangeiros, a Corporação do Petróleo Líbio e a Pasta de Investimentos da Líbia, segundo o jornal.
Kadhafi e seus familiares tiveram acesso a todo o dinheiro que queriam, de acordo com as informações. A nova cifra de 200 bilhões é cerca de duas vezes o rendimento econômico anual da Líbia antes da guerra, segundo o Times.