Autoridades do Irã descartam oferta de reunião feita por Trump
O diretor da comissão de segurança nacional e política externa do Irã disse que enquanto os EUA mantiverem uma atitude de força, não haverá negociações
Reuters
Publicado em 31 de julho de 2018 às 11h33.
Última atualização em 31 de julho de 2018 às 14h08.
Londres - Autoridades de alto escalão do Irã rejeitaram nesta terça-feira a oferta de conversas do presidente dos Estados Unidos, DonaldTrump , sem precondições, classificando-a como uma "humilhação" e sem utilidade depois que o norte-americano reativou sanções contra Teerã na esteira da retirada de seu país de um acordo nuclear histórico.
Separadamente, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse que a rejeição de Trump ao acordo firmado em 2015 foi "ilegal" e que agora depende da Europa preservar o tratado. Ele disse também que o Irã não cederá facilmente à campanha renovada de Washington para estrangular as exportações de petróleo essenciais para seu país.
"Após a retirada ilegal dos Estados Unidos do acordo nuclear, a bola está com a Europa agora", disse Rouhani durante reunião com o embaixador do Reino Unido em Teerã, Rob Macaire, de acordo com seu site.
Em maio, Trump retirou os EUA do pacto multilateral, acertado antes de sua posse, por considerá-lo benéfico somente ao Irã, mas na segunda-feira declarou que estaria disposto a se encontrar com Rouhani sem precondições para debater como melhorar as relações.
O chefe do Conselho Estratégico de Relações Exteriores iraniano disse nesta terça-feira que Teerã não vê utilidade na oferta de Trump, feita somente uma semana depois de ele alertar o Irã que o país corre o risco de sofrer consequências duras que poucos na história enfrentaram se fizer ameaças a Washington.
"Com base em nossas experiências ruins em negociações com a América e com base na violação de autoridades dos EUA a seus compromissos, é natural que não vejamos serventia em sua proposta", disse Kamal Kharrazi, segundo a agência de notícias semioficial Fars.
"Trump deveria primeiro compensar sua retirada do acordo nuclear e mostrar que respeita os compromissos de seu antecessor e a lei internacional", acrescentou Kharrazi, um ex-ministro de Relações Exteriores.
O conselho foi criado pelo líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, para ajudar a formular políticas de longo prazo para a República Islâmica.
Por ora a manobra de Trump para forçar o Irã a voltar às negociações serviu para unir os iranianos linha-dura que se opõem ao acordo nuclear e moderados, como Rouhani, que o defendem para acabar com o impasse economicamente debilitante com potências ocidentais.
Ali Motahari, vice-presidente do Parlamento iraniano que é visto como parte do campo moderado, disse que negociar com Trump agora "seria uma humilhação".
O ministro do Interior, Abdolreza Rahmani Fazli, ecoou a posição dizendo que Teerã não confia em Washington como parceiro de negociação, segundo a agência estatal de notícias Irna. E um dos principais assessores de Rouhani, Hamid Aboutalebi, disse que a única maneira de se voltar às conversas é Washington voltar ao acordo nuclear.