Auditoria revela piora da corrupção no Iraque

A corrupção que permeia o programa de reconstrução do Iraque está piorando, o que complica a atuação dos Estados Unidos no país. Considerada pelo Exército americano como a "segunda insurgência", a corrupção foi avaliada por auditores do governo americano. Segundo Stuart Bowen, inspetor especial do programa, estima-se que a corrupção causa perdas anuais de 4 bilhões de dólares à reconstrução iraquiana.

A agência iraquiana de combate à corrupção já abriu 1 400 processos criminais contra autoridades do próprio país. O total dos desvios analisados atinge 5 bilhões de dólares. Somente um ex-ministro da Defesa é acusado de roubar ou omitir mais de 1 bilhão de dólares. "Tudo isso pode minar o progresso em vários setores, a menos que seja agressivamente combatido", afirmou Bowen em entrevista ao americano The Wall Street Journal.

O relatório surge em um momento no qual o governo Bush demonstra desânimo sobre suas metas de atuação no Iraque. A reconstrução do país já consumiu dezenas de bilhões de dólares e, ainda assim, não foi bem-sucedida no restabelecimento de serviços básicos, como a rede de água potável e a de eletricidade. Parte do problema é a contínua violência que o país enfrenta. Segundo Bowen, 56 estrangeiros que participavam da reconstrução foram mortos no último trimestre. A corrupção e a violência têm especial impacto sobre o setor petrolífero, no qual se depositavam as esperanças de obter renda suficiente para financiar a recuperação do país. Em vez disso, o setor continua um sorvedouro de recursos - cerca de 10% do combustível refinado e 30% do óleo importado pelo país são roubados sistematicamente.

Para reduzir os desvios de verbas, o relatório recomenda mudar a forma de gestão dos projetos. As verbas deveriam ir para pequenos projetos de reconstrução, com orçamento menor e prazo de conclusão mais rápido. Bowen também recomenda a contratação de apenas uma agência para supervisionar todos os projetos.