Atentado suicida em Cabul mata 24 pessoas e fere outras 42
O ataque aconteceu pouco antes das 7h locais em um movimentado bairro de maioria xiita de Cabul
AFP
Publicado em 24 de julho de 2017 às 06h11.
Última atualização em 24 de julho de 2017 às 10h22.
A explosão de um carro-bomba deixou 24 mortos e 42 feridos nesta segunda-feira (24) em Cabul, em um bairro da comunidade xiita hazara, há um ano vítima do primeiro ataque do Estado Islâmico (EI) na capital afegã - informou o porta-voz do Ministério do Interior, Najib Danish.
"O carro-bomba foi lançado contra um ônibus que transportava funcionários do Ministério de Minas", situado no oeste de Cabul, declarou Danish à AFP.
No Twitter, os talibãs reivindicaram o atentado "contra um ônibus que transportava membros do NDS [serviços de Inteligência] e que deixou 37 mortos".
O presidente Ashraf Ghani condenou o atentado, "um crime que alimentará o rancor da população contras os terroristas".
O ataque aconteceu pouco antes das 7h locais em um movimentado bairro de maioria xiita de Cabul, onde há muitas academias, universidades e institutos, além de lojas e salões de festas.
No local, o fotógrafo da AFP observou várias ambulâncias e muitos feridos, os quais estavam sendo transportados de táxi, ou em carros particulares.
Um ônibus ficou completamente carbonizado perto do ministério para onde levava os funcionários. Muitas lojas foram atingidas, e a rua ficou cheia de escombros e de árvores derrubadas.
Entre as vítimas, pode haver civis, incluindo estudantes que chegavam cedo à universidade para a semana de provas, assim como seguranças que protegiam a residência do parlamentar Mohammad Moqaqeq, um dos líderes da comunidade hazara, relatou seu porta-voz, Omid Maisom.
"O carro explodiu na frente do primeiro posto de controle da residência do senhor Moqaqeq, deixando mortos e feridos entre os guardas e os civis. Acreditamos que quisesse alcançar a casa do senhor Moqaqeq, mas foi preso por nossos guardas", declarou.
A comunidade hazara é uma minoria xiita de cerca de três milhões de pessoas, discriminada e marginalizada no país. É conhecida por ser uma das mais liberais do Afeganistão, sobretudo, no tratamento reservado às mulheres.
Triste lembrança
Nesta segunda-feira (24), a comunidade hazara relembra o primeiro aniversário (do calendário religioso) do atentado contra uma manifestação de milhares de seus membros, em 23 de julho de 2016. Nessa data, 84 pessoas morreram, e mais de 300 ficaram feridas. Foi o primeiro atentado reivindicado pelo Estado Islâmico no centro da capital afegã.
Desde então, o EI, que vem ganhando terreno no norte do Afeganistão, atacou várias vezes os xiitas do país. Entre os atentados, está o que foi lançado em Mazar-i-Sharif (norte), em outubro passado, durante a Ashura - a principal festividade religiosa dessa comunidade.
Em 16 de junho passado, também atacou durante a chamada Noite do Destino, no final das celebrações do Ramadã.
Hoje, haveria uma manifestação em memória das vítimas do atentado de julho, mas o ato foi adiado no domingo (23), após uma reunião dos responsáveis por essa comunidade com o presidente Ashraf Ghani.