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As mulheres no Japão estão lutando para manter nome de solteiras

Japonesas lutam para derrubar uma lei que impede que os casais tenham sobrenomes diferentes

Mulheres no Japão: sobrenome é apenas uma das várias maneiras pelas quais o Japão está atrasado em relação à igualdade de gênero (Junko Kimura/Getty Images)

Gabriela Ruic

Publicado em 28 de julho de 2019 às 06h00.

Última atualização em 28 de julho de 2019 às 06h00.

As mulheres no Japão passam por uma crise de identidade. Elas lutam para derrubar uma lei que impede que os casais tenham sobrenomes diferentes, o que complica a vida de mulheres reconhecidas profissionalmente e com carreiras de sucesso.

Cerca de 600 mil casais japoneses selam o matrimônio todos os anos. Segundo a legislação japonesa, depois do matrimônio o casal deve ter o mesmo sobrenome.

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Tecnicamente, os homens podem registrar o nome de família de suas esposas. No entanto, na prática, apenas cerca de 4% o fazem. Algumas mulheres dizem que é como se perdessem sua identidade depois de se casarem.

"Ser forçada a mudar de nome nada mais é do que uma violação dos direitos humanos", disse Miki Haga, de 29 anos, que planeja estudar no Reino Unido este ano. Seu nome mudou para Miki Ishizawa há dois anos, quando o marido não quis alterar o próprio nome.

A questão agora domina o debate público durante a campanha pelas eleições do Senado. Os partidos de oposição fizeram da igualdade de gênero uma peça fundamental da plataforma contra o primeiro-ministro Shinzo Abe e seu Partido Liberal Democrata. No entanto, o bloco do PLD deve manter a maioria, e os votos para mulheres provavelmente serão limitados.

Em um momento marcante, Abe foi a única pessoa em um debate no início do mês que não levantou a mão quando perguntado sobre o apoio para mudar a lei. Seu partido conservador argumenta que a lei atual é igual para homens e mulheres, e que o mesmo sobrenome para o casal é uma questão de tradição.

A questão do sobrenome é apenas uma das várias maneiras pelas quais o Japão está atrasado em relação à igualdade de gênero. O país tem a terceira maior diferença salarial entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

As mulheres são sub-representadas nos negócios e na política, com apenas 4% dos cargos gerenciais, 2% dos assentos nos conselhos de administração e cerca de 10% dos assentos na Câmara Baixa.

O movimento #MeToo teve dificuldade em ganhar força. Embora Abe tenha apoiado o “Womenomics” - a ideia de que mais mulheres trabalhando ajudaria a economia em geral -, o progresso tem sido lento.

Uma pesquisa do governo divulgada no ano passado mostrou que 42,5% dos adultos apoiaram a mudança da lei - cerca de 7 pontos percentuais a mais do que cinco anos antes -, enquanto 29,3% se opuseram à mudança.

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