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Argentina rejeita avaliação da Repsol sobre YPF e avança

Interventores na YPF, o ministro do Planejamento, Julio de Vido, e o vice-ministro de Economia, Axel Kicillof, protagonizaram um tenso debate com dirigentes da oposição

O projeto de lei governamental declara de interesse "público nacional' o setor dos hidrocarbonetos, e acrescenta que a avaliação da YPF dependerá do Tribunal de Taxação estatal (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2012 às 22h37.

Buenos Aires - O governo argentino rejeitou nesta terça-feira a avaliação da YPF realizada pelo grupo espanhol Repsol, e antecipou sua intenção de revisar o valor da companhia petrolífera enquanto avança com sua maioria parlamentar na tramitação da desapropriação da empresa.

Os interventores na YPF, o ministro do Planejamento, Julio de Vido, e o vice-ministro de Economia, Axel Kicillof, protagonizaram um tenso debate nesta terça-feira com dirigentes da oposição críticos com a política energética do governo, durante seu comparecimento no Senado para debater o conteúdo do projeto de desapropriação de 51% das ações da Repsol na YPF.

Kicillof, a quem fontes empresariais atribuem um especial protagonismo no planejamento da desapropriação, obteve a atenção do dia ao anunciar uma revisão do valor da companhia petrolífera e rejeitar os US$ 10 bilhões que o presidente de Repsol, Antonio Brufau, reivindicou nesta terça-feira, em compensação pelas ações que serão desapropriadas do grupo.

"O senhor Brufau disse que vale US$ 10 bilhões, vamos ver quanto vale", afirmou o vice-ministro, que denunciou a existência de informações secretas e de uma gestão 'imprudente' daqueles que foram diretores da YPF até a segunda-feira.

Além disso, o ministro De Vido advertiu que a YPF terá que pagar por supostos danos ambientais no país ao afirmar que 'o meio ambiente não se rifa e não tem preço'.

De acordo com o ministro argentino, o custo da empresa terá que ser conversado porque 'os governadores também têm muitas exigências para fazer' sobre seu funcionamento.

"Havia muita informação (na YPF) que não estava disponível para as autoridades", afirmou Kicillof, apesar do Estado argentino contar com um representante no diretório da empresa, Roberto Baratta.

"Brufau disse que no ano passado foram registrados níveis recorde de investimento (...), mas há uma dívida próxima aos US$ 9 bilhões", segundo o vice-ministro e agora interventor da YPF, a maior empresa do país.

Segundo Kicillof, a Repsol buscou maximizar seu lucro e se chocou contra o modelo de crescimento argentino com inclusão social.


"A Repsol - afirmou - teve lucros extraordinariamente grandes nos últimos anos e ninguém pode dizer que estamos tirando algo que era seu".

"Não poderíamos nos dar o luxo de sentar e esperar a discussão com o grupo transnacional sobre o que fará com os recursos da Argentina", insistiu, acusando Brufau de 'soberba' e de tentar tirar um valor maior pelo petróleo.

O vice-ministro, que em seu discurso também criticou organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional, terminou aconselhando a Espanha a aumentar o papel do Estado para sair da crise econômica.

"'Peço à Espanha que recupere a dignidade neste sentido, que olhe o que a direita está lhe recomendando", insistiu.

O governo de Cristina Kirchner se propõe a aprovar o parecer parlamentar para debater a iniciativa no Senado no próximo dia 25, e passar o debate à Câmara dos Deputados.

O projeto de lei governamental declara de interesse "público nacional' o setor dos hidrocarbonetos, e acrescenta que a avaliação da YPF dependerá do Tribunal de Taxação estatal, mas não explica de onde sairão os fundos para o pagamento das ações que serão expropriadas.

Durante entrevista coletiva em Madri, o presidente da Repsol cifrou nesta terça-feira em US$ 10,5 bilhões a participação de 57,4% em sua filial argentina, à qual outorgou um valor total de US$ 18,3 bilhões, em virtude da Lei de Privatização e Estatutos da YPF.

"Imagino que o governo (argentino) tentará não cumprir com o que tem para fazer", afirmou Brufau, que anunciou que recorrerá à arbitragem internacional pela desapropriação, embora isso possa levar até dois anos.

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Buenos Aires - O governo argentino rejeitou nesta terça-feira a avaliação da YPF realizada pelo grupo espanhol Repsol, e antecipou sua intenção de revisar o valor da companhia petrolífera enquanto avança com sua maioria parlamentar na tramitação da desapropriação da empresa.

Os interventores na YPF, o ministro do Planejamento, Julio de Vido, e o vice-ministro de Economia, Axel Kicillof, protagonizaram um tenso debate nesta terça-feira com dirigentes da oposição críticos com a política energética do governo, durante seu comparecimento no Senado para debater o conteúdo do projeto de desapropriação de 51% das ações da Repsol na YPF.

Kicillof, a quem fontes empresariais atribuem um especial protagonismo no planejamento da desapropriação, obteve a atenção do dia ao anunciar uma revisão do valor da companhia petrolífera e rejeitar os US$ 10 bilhões que o presidente de Repsol, Antonio Brufau, reivindicou nesta terça-feira, em compensação pelas ações que serão desapropriadas do grupo.

"O senhor Brufau disse que vale US$ 10 bilhões, vamos ver quanto vale", afirmou o vice-ministro, que denunciou a existência de informações secretas e de uma gestão 'imprudente' daqueles que foram diretores da YPF até a segunda-feira.

Além disso, o ministro De Vido advertiu que a YPF terá que pagar por supostos danos ambientais no país ao afirmar que 'o meio ambiente não se rifa e não tem preço'.

De acordo com o ministro argentino, o custo da empresa terá que ser conversado porque 'os governadores também têm muitas exigências para fazer' sobre seu funcionamento.

"Havia muita informação (na YPF) que não estava disponível para as autoridades", afirmou Kicillof, apesar do Estado argentino contar com um representante no diretório da empresa, Roberto Baratta.

"Brufau disse que no ano passado foram registrados níveis recorde de investimento (...), mas há uma dívida próxima aos US$ 9 bilhões", segundo o vice-ministro e agora interventor da YPF, a maior empresa do país.

Segundo Kicillof, a Repsol buscou maximizar seu lucro e se chocou contra o modelo de crescimento argentino com inclusão social.


"A Repsol - afirmou - teve lucros extraordinariamente grandes nos últimos anos e ninguém pode dizer que estamos tirando algo que era seu".

"Não poderíamos nos dar o luxo de sentar e esperar a discussão com o grupo transnacional sobre o que fará com os recursos da Argentina", insistiu, acusando Brufau de 'soberba' e de tentar tirar um valor maior pelo petróleo.

O vice-ministro, que em seu discurso também criticou organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional, terminou aconselhando a Espanha a aumentar o papel do Estado para sair da crise econômica.

"'Peço à Espanha que recupere a dignidade neste sentido, que olhe o que a direita está lhe recomendando", insistiu.

O governo de Cristina Kirchner se propõe a aprovar o parecer parlamentar para debater a iniciativa no Senado no próximo dia 25, e passar o debate à Câmara dos Deputados.

O projeto de lei governamental declara de interesse "público nacional' o setor dos hidrocarbonetos, e acrescenta que a avaliação da YPF dependerá do Tribunal de Taxação estatal, mas não explica de onde sairão os fundos para o pagamento das ações que serão expropriadas.

Durante entrevista coletiva em Madri, o presidente da Repsol cifrou nesta terça-feira em US$ 10,5 bilhões a participação de 57,4% em sua filial argentina, à qual outorgou um valor total de US$ 18,3 bilhões, em virtude da Lei de Privatização e Estatutos da YPF.

"Imagino que o governo (argentino) tentará não cumprir com o que tem para fazer", afirmou Brufau, que anunciou que recorrerá à arbitragem internacional pela desapropriação, embora isso possa levar até dois anos.

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