Exame Logo

Após queda do governo, Parlamento debate novas concessões

Parlamento debate novas concessões à oposição depois de ter suspenso um pacote de leis antimanifestações

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton (d), conversa com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov: Ashton chegou na noite de terça à Kiev (Yves Logghe/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2014 às 09h41.

Kiev - A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, se encontrava nesta quarta-feira em Kiev para buscar uma saída para a crise na Ucrânia , onde o Parlamento debate novas concessões à oposição depois de ter suspenso um pacote de leis antimanifestações.

Ashton, que chegou na noite de terça-feira à capital ucraniana depois de uma cúpula entre a União Europeia (UE) e a Rússia em Bruxelas, deve reunir-se com o presidente ucraniano Viktor Yanukovitch e com os líderes da oposição, que continuam pressionando o poder.

Um dia depois da demissão do primeiro-ministro e seu governo e da queda de uma série de leis antimanifestações, Leonid Kravchuk, primeiro presidente do país depois de sua independência em 1991, advertiu que a Ucrânia está "à beira de uma guerra civil" em consequência do confronto entre as autoridades e os opositores.

"Todo o mundo percebe e a Ucrânia percebe que o país está à beira da guerra civil", declarou Kravchuk, presidente de 1991 a 1994, antes de pedir aos deputados a adoção de "um plano de solução do conflito". O discurso foi muito aplaudido.

"Há autoridades paralelas no país e uma revolta de fato", disse Kravchuk, em referência aos manifestantes que forçaram a renúncia do governo e assumiram o controle das administrações locais de várias partes do país.

"É uma revolução. É uma situação dramática na qual devemos atuar com a maior responsabilidade", disse aos deputados.

"Precisamos reduzir o confronto entre as partes e estabelecer um plano para solucionar o conflito. Precisamos trabalhar neste plano passo a passo para aliviar o confronto", destacou no Parlamento, onde também estavam presentes seus sucessores como presidentes da Ucrânia, Leonid Kuchma (1994-2005) e Viktor Yushchenko (2005-2010).

Kravchuk mantém conversações há várias semanas para tentar encontrar uma solução para a crise.

A chanceler alemã Angela Merkel também lançou uma mensagem pedindo que as autoridades ucranianas ouçam os manifestantes.

"Muitas pessoas mostraram, com suas corajosas manifestaçoes, que não qurem dar as costas à União Europeia. Ao contrário, lutam pelos mesmos valores que os animam dentro da UE, e devem ser ouvidas", afirmou durante um discurso no Bundestag.


Os deputados ucranianos discutiam nesta quarta-feira uma possível anistia para os manifestantes detidos em dois meses de protestos, desatados deois de uma negativa de Yanukovitch em assinar um acordo de associação com a UE negociado durante meses em troca de uma aproximação com a Rússia, que concedeu um empréstimo de 15 bilhões de dólares e uma redução do preço do gás.

Ainda reina uma incerteza sobre as consequências que terão as concessões realizadas ao movimento de protesto, que na semana passada foi marcado por violentos confrontos que resultaram em ao menos três mortes.

O governo fez concessões aos pró-ocidentais na véspera, com a renúncia do governo e a revogação de leis repressivas, na tentativa de encontrar uma solução para a crise.

O governo atual, que será provisoriamente dirigido pelo primeiro vice-primeiro-ministro Serguei Arbuzov, continua a administrar os assuntos correntes, à espera da formação de uma nova equipe.

A oposição recusou a oferta de Yanukovitch em deixar as rédeas do governo com um dos líderes do movimento de contestação, Arseni Yatseniuk.

Perguntado se ainda deseja que o chefe de Estado deixe o poder, o ex-boxeador Vitali Klitschko, um dos líderes da oposição, respondeu: "Vamos resolver os problemas um a um", mesmo que "a renúncia de Yanukovitch seja uma medida lógica".

A tensão também caiu nas ruas, após os confrontos dos últimos dias entre a polícia e manifestantes na capital e em outras regiões para onde o movimento de propagou.

Mas os opositores continuam mobilizados no centro de Kiev, acompanhados por manifestantes armados com tacos de baseball, apesar das temperaturas de dez graus abaixo de zero.

"A renúncia do governo não significa uma vitória. Estamos aqui para que o presidente saia, para mudar o poder totalmente", explicou Vassyl, de 49 anos.

No mesmo dia, o presidente russo Vladimir Putin pediu que os europeus não interfiram nos assuntos internos ucranianos.

As declarações de Putin são uma condenação implícita da visita de 48 horas que Catherine Ashton.

Ao final de um breve encontro em Bruxelas com a União Europeia, Putin afirmou que se a oposição chegar ao poder, a Rússia não revisará seus acordos com a Ucrânia, em particular referentes a um empréstimo de 15 bilhões de dólares já prometidos e sobre os preços pagos pela energia russa.

O meio econômico se mostra nervoso frente à crise política na Ucrânia, que é acompanhada de uma desvalorização da moeda nacional, a hryvnia.

A agência de classificação de risco Standard & Poor's reagiu ao risco de quebra em meio a um contexto de instituições frágeis, questionando a firmeza do compromisso de Moscou em apoiar Kiev. Ela reduziu a nota da Ucrânia para "CCC+", nível reservado aos países à beira do calote.

Veja também

Kiev - A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, se encontrava nesta quarta-feira em Kiev para buscar uma saída para a crise na Ucrânia , onde o Parlamento debate novas concessões à oposição depois de ter suspenso um pacote de leis antimanifestações.

Ashton, que chegou na noite de terça-feira à capital ucraniana depois de uma cúpula entre a União Europeia (UE) e a Rússia em Bruxelas, deve reunir-se com o presidente ucraniano Viktor Yanukovitch e com os líderes da oposição, que continuam pressionando o poder.

Um dia depois da demissão do primeiro-ministro e seu governo e da queda de uma série de leis antimanifestações, Leonid Kravchuk, primeiro presidente do país depois de sua independência em 1991, advertiu que a Ucrânia está "à beira de uma guerra civil" em consequência do confronto entre as autoridades e os opositores.

"Todo o mundo percebe e a Ucrânia percebe que o país está à beira da guerra civil", declarou Kravchuk, presidente de 1991 a 1994, antes de pedir aos deputados a adoção de "um plano de solução do conflito". O discurso foi muito aplaudido.

"Há autoridades paralelas no país e uma revolta de fato", disse Kravchuk, em referência aos manifestantes que forçaram a renúncia do governo e assumiram o controle das administrações locais de várias partes do país.

"É uma revolução. É uma situação dramática na qual devemos atuar com a maior responsabilidade", disse aos deputados.

"Precisamos reduzir o confronto entre as partes e estabelecer um plano para solucionar o conflito. Precisamos trabalhar neste plano passo a passo para aliviar o confronto", destacou no Parlamento, onde também estavam presentes seus sucessores como presidentes da Ucrânia, Leonid Kuchma (1994-2005) e Viktor Yushchenko (2005-2010).

Kravchuk mantém conversações há várias semanas para tentar encontrar uma solução para a crise.

A chanceler alemã Angela Merkel também lançou uma mensagem pedindo que as autoridades ucranianas ouçam os manifestantes.

"Muitas pessoas mostraram, com suas corajosas manifestaçoes, que não qurem dar as costas à União Europeia. Ao contrário, lutam pelos mesmos valores que os animam dentro da UE, e devem ser ouvidas", afirmou durante um discurso no Bundestag.


Os deputados ucranianos discutiam nesta quarta-feira uma possível anistia para os manifestantes detidos em dois meses de protestos, desatados deois de uma negativa de Yanukovitch em assinar um acordo de associação com a UE negociado durante meses em troca de uma aproximação com a Rússia, que concedeu um empréstimo de 15 bilhões de dólares e uma redução do preço do gás.

Ainda reina uma incerteza sobre as consequências que terão as concessões realizadas ao movimento de protesto, que na semana passada foi marcado por violentos confrontos que resultaram em ao menos três mortes.

O governo fez concessões aos pró-ocidentais na véspera, com a renúncia do governo e a revogação de leis repressivas, na tentativa de encontrar uma solução para a crise.

O governo atual, que será provisoriamente dirigido pelo primeiro vice-primeiro-ministro Serguei Arbuzov, continua a administrar os assuntos correntes, à espera da formação de uma nova equipe.

A oposição recusou a oferta de Yanukovitch em deixar as rédeas do governo com um dos líderes do movimento de contestação, Arseni Yatseniuk.

Perguntado se ainda deseja que o chefe de Estado deixe o poder, o ex-boxeador Vitali Klitschko, um dos líderes da oposição, respondeu: "Vamos resolver os problemas um a um", mesmo que "a renúncia de Yanukovitch seja uma medida lógica".

A tensão também caiu nas ruas, após os confrontos dos últimos dias entre a polícia e manifestantes na capital e em outras regiões para onde o movimento de propagou.

Mas os opositores continuam mobilizados no centro de Kiev, acompanhados por manifestantes armados com tacos de baseball, apesar das temperaturas de dez graus abaixo de zero.

"A renúncia do governo não significa uma vitória. Estamos aqui para que o presidente saia, para mudar o poder totalmente", explicou Vassyl, de 49 anos.

No mesmo dia, o presidente russo Vladimir Putin pediu que os europeus não interfiram nos assuntos internos ucranianos.

As declarações de Putin são uma condenação implícita da visita de 48 horas que Catherine Ashton.

Ao final de um breve encontro em Bruxelas com a União Europeia, Putin afirmou que se a oposição chegar ao poder, a Rússia não revisará seus acordos com a Ucrânia, em particular referentes a um empréstimo de 15 bilhões de dólares já prometidos e sobre os preços pagos pela energia russa.

O meio econômico se mostra nervoso frente à crise política na Ucrânia, que é acompanhada de uma desvalorização da moeda nacional, a hryvnia.

A agência de classificação de risco Standard & Poor's reagiu ao risco de quebra em meio a um contexto de instituições frágeis, questionando a firmeza do compromisso de Moscou em apoiar Kiev. Ela reduziu a nota da Ucrânia para "CCC+", nível reservado aos países à beira do calote.

Acompanhe tudo sobre:Crise políticaEuropaUcrâniaUnião Europeia

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame