Após ataques contra refinarias na Rússia, 20 pessoas morrem em bombardeios russos em Odessa
Autoridades falam em maisd e 70 feridos na cidade, principal porto da Ucrânia e que é alvo recorrente de ações russas
Agência de notícias
Publicado em 15 de março de 2024 às 15h20.
Uma série de bombardeios russos contra a cidade portuária de Odessa, na costa do Mar Negro, deixou 20 mortos e mais de 70 feridos nesta sexta-feira. As ações vêm na mesma semana em que drones ucranianos provocaram estragos em refinarias de petróleo dentro da Rússia, e no dia em que os eleitores começam a ir às urnas na eleição presidencial, provavelmente a ser vencida por Vladimir Putin.
Em publicação no Telegram, o Serviço de Emergências da Ucrânia afirmou que a primeira série de mísseis atingiu a cidade por volta das 11 da manhã, pelo horário local, 6 da manhã pelo horário de Brasília. Quando as equipes de resgate chegaram ao local do impacto dos projéteis para iniciar a busca por vítimas, novos mísseis atingiram a mesma área, deixando ao menos um socorrista morto.
"Infelizmente, também temos perdas entre o pessoal da Polícia Nacional. Lutadores fortes e destemidos. Sem números, mas com muito respeito por cada falecido", disse, no Telegram, Ihor Klymenko, ministro do Interior ucraniano.
O impacto ainda "danificou 10 residências particulares, um posto de gasolina, um gasoduto de baixa pressão e 2 viaturas de bombeiros e resgate" e um edifício de três andares, segundo o Serviço de Emergências do país. Os mísseis teriam sido, de acordo com Kiev, lançados a partir da Crimeia, uma península anexada por Moscou em 2014.
A conquista de Odessa, cidade fundada por Catarina, A Grande, e considerada parte da Rússia por Putin, era um dos principais objetivos dos primeiros dias da guerra, uma vez que poderia viabilizar o controle completo da costa do Mar Negro. Ao ver os planos iniciais frustrados, Odessa passou a ser atacada quase que diariamente por mísseis, provocando danos em áreas residenciais — como nesta sexta-feira —, comerciais e na infraestrutura portuária e de transporte local.
Nas últimas semanas, a cidade tem sido bombardeada de maneira excepcional pelos russos, deixando ao menos 34 mortos, contando com as vítimas desta sexta-feira. Os militares russos tampouco parecem se importar com a presença de dignatários estrangeiros: no fim do mês passado, a ministra das Relações Internacionais da Alemanha, Annalena Baerbock, precisou ir ao abrigo do hotel onde estava na cidade após um alerta de ataques aéreos — pouco depois, ela precisou cancelar às pressas uma visita a Mykolaiv, uma cidade nos arredores de Odessa, após um drone de identificação russo ser avistado por sua equipe de segurança.
No dia 7 de março, outro momento de alto risco: o premier grego, Kyriakos Mitsotakis, acompanhava o presidente Volodymyr Zelensky em uma visita por uma área de armazéns quando um drone de ataque russo atingiu um prédio a pouco mais de 200 metros de onde eles estavam. O incidente foi condenado por governos europeus e dos Estados Unidos.
Não está claro se a ofensiva desta sexta em Odessa foi uma resposta de Moscou à série de ataques com drones ucranianos contra refinarias de petróleo dentro da Rússia: ao menos quatro unidades sofreram danos, incluindo em Ryazan, Kirishi e Norsi, responsáveis por boa parte do refino de petróleo bruto na Federação Russa.
Os danos levaram à suspensão de parte das atividades, mas as autoridades não declararam se isso provocará algum tipo de prejuízo a curto ou longo prazo no fornecimento. Em publicação no Telegram, nesta sexta-feira Zelensky disse que continuará atacando aqueles que considera ser os “pontos mais vulneráveis” da Rússia, onde poderá causar “maiores danos”.
“Quanto mais o Estado russo perder e quanto maior for o preço da sua agressão, mais próximo estará o fim justo desta guerra”, disse o líder ucraniano.
Segundo as autoridades russas, foram interceptados drones sobre Bryansk, Voronej, Kursk, Ryazan, São Petersburgo e Belgorod, cidade na fronteira que tem sido alvo de ataques de artilharia e "tentativas de sabotagem" ucranianas, de acordo com o Kremlin.
— Tenho certeza de que nosso povo responderá a isso com ainda maior unidade. Quem eles decidiram intimidar? O povo multinacional da Rússia? Isso nunca aconteceu e, tenho certeza, nunca acontecerá. (...) Esses ataques não ficam e não ficarão impunes — disse o presidente Vladimir Putin, durante reunião do Conselho de Segurança da Rússia, citando ainda as supostas ações de sabotagem. — Desde o dia 12 de março até hoje, o inimigo, utilizando forças especiais, mercenários estrangeiros e forças de apoio das Forças Armadas da Ucrânia , fez diversas tentativas de consolidação em nosso território. (...) Não teve sucesso em nenhuma das direções, foi alvejado de todos os lados e retirou-se, ou melhor, fugiu com pesadas perdas.