Anistia Internacional diz que coalizão violou a lei em Mosul
Anistia identificou um padrão de ataques que violaram a lei humanitária internacional e podem equivaler a crimes de guerra
Reuters
Publicado em 11 de julho de 2017 às 11h03.
Última atualização em 11 de julho de 2017 às 11h23.
Erbil, Iraque - A Anistia Internacional disse nesta terça-feira que identificou um padrão de ataques de forças do Iraque e da coalizão liderada pelos Estados Unidos que as apoiou na batalha por Mosul que violaram a lei humanitária internacional e podem equivaler a crimes de guerra.
O grupo de direitos humanos disse em um relatório que o grupo militante Estado Islâmico violou a mesma lei de forma flagrante, já que ameaçou a vida de civis deliberadamente para proteger seus combatentes e impedir o avanço das forças iraquianas e da coalizão.
O primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi, declarou vitória em Mosul na segunda-feira, três anos depois de o Estado Islâmico tomar a cidade e transformá-la no bastião de um "califado" que disse que iria dominar o mundo.
Uma aliança de 100 mil efetivos de unidades do governo iraquiano, combatentes curdos peshmerga e milícias xiitas lançaram a ofensiva em outubro, com apoio aéreo e terrestre crucial da coalizão internacional.
A maior parte de Mosul foi destruída durante os combates intensos de rua em rua, milhares de civis foram mortos e quase um milhão de pessoas fugiu de casa, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
A Anistia disse que as forças iraquianas e da coalizão realizaram uma série de ataques ilegais no oeste de Mosul a partir de janeiro, fazendo uso frequente de Munições Improvisadas com Assistência de Foguetes, (Irams, na sigla em inglês), armas explosivas com pouca precisão que fazem estragos em áreas densamente povoadas.
"Mesmo em ataques que parecem ter atingido o alvo militar pretendido, o uso de armas inadequadas ou a incapacidade de usar outras precauções necessárias resultou na perda desnecessária de vidas civis e, em alguns casos, parece ter constituído ataques desproporcionais", sustentou o relatório.
Nem o Ministério da Defesa do Iraque nem autoridades da coalizão estavam disponíveis de imediato para comentar o relatório da Anistia.
A entidade também criticou o Estado Islâmico por uma série de crimes que já foram documentados anteriormente.