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América Latina e Europa buscam acordo "de igual para igual"

Para Angela Merkel, CELAC e UE devem levar seu relacionamento a um novo nível, contribuindo para uma associação estratégica igualitária entre as regiões

Angela Merkel e Sebastian Piñera: líderes participam de cúpula da Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe (CELAC) e da União Europeia (UE) no Chile (Reuters)
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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2013 às 16h50.

A chanceler alemã Angela Merkel destacou neste sábado que a cúpula da Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe (CELAC) e da União Europeia (UE) devem levar a "um novo nível" as relações entre as duas regiões para conseguir "uma associação estratégica de igual para igual".

A cúpula deste fim de semana, a sétima que reúne as duas regiões, acontece num momento em que a UE, o maior investidor na América Latina e Caribe, com 43% do total ou 500 bilhões de dólares na última década, atravessa a pior crise de sua história. A América Latina, por sua vez, cresceu a uma taxa média de 4,5% do PIB nos últimos dois anos.

Em função disso, Merkel reiterou que a confiança na União Europeia só será recuperada com reformas e incentivou a Espanha a aproveitar suas relações com a América Latina para exportar mais e voltar a crescer.

Indagada sobre a possibilidade de incentivar políticas expansionistas na UE, como pediu o presidente do Governo espanhol Mariano Rajoy, Merkel reiterou sua posição sobre a necessidade de manter os ajustes e as reformas estruturais para sanar a economia europeia.

"A confiança só pode crescer se houver as condições devidas e as estruturas para o crescimento da economia", afirmou Merkel em coletiva de imprensa no Palácio de La Moneda, onde se reuniu com seu colega chileno, Sebastián Piñera.


A chanceler alemã assegurou que 90% do crescimento da União Europeia está acontecendo fora da Europa.

"Uma política econômica expansionista quer dizer que todos os países têm de oferecer produtos interessantes para vender em todo o mundo, e a América Latina, com estes laços intensos que têm Espanha e Portugal, é um mercado para uma indústria competitiva para os países do sul da Europa", acrescentou.

Mas reconheceu que a Europa deve fazer esforços para não ficar para trás. "Temos que aumentar a competitividade, reduzir nossa dívida, não podemos viver às custas das próximas gerações", afirmou.

Merkel também participou em uma cúpula empresarial junto aos presidentes de México, Enrique Peña Nieto; da Colômbia, Juan Manuel Santos, e do Peru, Ollanta Humala, membros da Aliança do Pacífico, grupo que atrai a atenção das potências econômicas ocidentais.

Os quatro países desta Aliança, que aplicam políticas de livre mercado, multiplicaram os tratados de livre comércio entre si e com várias potências econômicas mundiais, prestando especial atenção à zona Ásia-Pacífico, e são os que registram um maior crescimento de suas economias na região.

Durante a tarde, Merkel se reunirá com a presidente Dilma Rousseff, que, graças ao sexto lugar na economia ocupado pelo Brasil, projeta sua liderança para fora da região.

"Vou falar com o Brasil porque seria bom contar com um acordo de livre comércio UE-Mercosul. Os sócios não deveriam ter medo de que um possa ser melhor que o outro, porque somente juntos poderemos melhorar", enfatizou.

Dilma a favor de TLC

No contexto de uma Europa em crise, Dilma mostrou interesse em acelerar as negociações com a assinatura de um tratado de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul (Brasil, Venezuela, Paraguai - suspenso -, Uruguai e Venezuela).

Dilma considerou que este tratado deve contemplar "um reequilíbrio das relações comerciais" em ambos os lados, ao mesmo tempo em que pediu um avanço de nossas ofertas para que a negociação possa prosperar, após uma reunião com líderes da UE em Brasília nesta semana.

As negociações entre os dois blocos foram retomadas em 2010, após uma paralisação de seis anos.


Depois de uma reunião na manhã deste sábado com Piñera no Palácio de La Moneda, Dilma ressaltou em uma coletiva de imprensa a importância estratégica da relação com o Chile para garantir mutuamente uma saída aos oceanos Pacífico e Atlântico, respectivamente, através de um corredor ferroviário e rodoviário.

No encontro, Dilma e Piñera também assinaram três acordos de cooperação nos campos da educação, cultura e pesquisa na Antártica, e disseram que seus países avançam para "uma relação sem fronteiras".

"Temos uma amizade sem fronteiras e não apenas porque o Chile é um dos países que não tem fronteiras físicas com o Brasil, e sim porque temos uma amizade sem limites, que não tem exceções", declarou Piñera.

Dilma, por sua vez, destacou que os dois países "têm no setor comercial um grande potencial e grandes desafios porque, apesar de não terem fronteiras comuns, têm uma grande possibilidade de integração, com uma melhor interrelação de infraestrutura estratégica".

Nesta nova relação sem fronteiras e mais ampla, a presidente brasileira se referiu à importância de um uso compartilhado dos portos e disse que o Chile pode chegar com seus produtos a portos brasileiros como o de Santos, Paranaguá e outros, do mesmo modo que o comércio do Brasil deve ter acesso a portos chilenos.

A este respeito, se referiu à importância que terá um futuro corredor bioceânico por rodovias e ferrovias, o que ligará o comércio do Atlântico e do Pacífico.

Em relação à crise europeia, o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, disse neste sábado que "no momento em que outras regiões emergentes consolidam rapidamente sua presença na América Latina, a turbulência, as incertezas da Eurozona provocaram nestes últimos meses, inclusive nos últimos anos, dúvidas e questões, e não apenas na América Latina".

Referindo-se, assim, à ascensão da China, transformada em principal sócia comercial do Brasil e de outros países da região, Ayrault enfatizou que a "Europa está de volta, a Europa se recupera".

O tema oficial da cúpula são os investimentos, não apenas os investimentos da Europa na América Latina, que foram de grande ajuda para as empresas espanholas durante a crise, mas também da América Latina na Europa.

Rajoy afirmou na reunião empresarial de sexta-feira que "existe um enorme potencial para intensificar o fluxo de investimentos da região à Europa. (...) A Espanha pode desempenhar um papel muito relevante, como porta natural de entrada para as empresas latino-americanas ao mercado europeu".

A cúpula UE-CELAC será seguida pela primeira cúpula do organismo latino-americano e caribenho, durante a qual a presidência temporária do grupo será entregue na segunda-feira por um ano ao presidente cubano Raúl Castro, o que constitui o principal êxito diplomático recebido até agora por seu governo, apesar do embargo econômico de 50 anos de duração imposto pelos Estados Unidos.

Mas a chegada de Castro na sexta-feira desencadeou os protestos de um setor da direita que integra o governo de Piñera, que acusa o regime comunista de Cuba de proteger militares da Frente Patriótica Manuel Rodríguez, entre os quais figurariam os que, em 1991, assassinaram o senador Jaime Guzmán, ideólogo do regime de Pinochet.

O presidente do Paraguai, Federico Franco, excluído de vários fóruns regionais após a destituição em um julgamento político sumário do presidente Fernando Lugo em 2012, não participa da cúpula. Segundo Franco, ele não foi convidado; já para o chanceler chileno, o presidente paraguaio não quis comparecer.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, hospitalizado há um mês e meio em Havana e grande impulsionador da CELAC, tampouco participa, nem o presidente equatoriano, Rafael Correa, em plena campanha eleitoral para sua reeleição.

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A chanceler alemã Angela Merkel destacou neste sábado que a cúpula da Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe (CELAC) e da União Europeia (UE) devem levar a "um novo nível" as relações entre as duas regiões para conseguir "uma associação estratégica de igual para igual".

A cúpula deste fim de semana, a sétima que reúne as duas regiões, acontece num momento em que a UE, o maior investidor na América Latina e Caribe, com 43% do total ou 500 bilhões de dólares na última década, atravessa a pior crise de sua história. A América Latina, por sua vez, cresceu a uma taxa média de 4,5% do PIB nos últimos dois anos.

Em função disso, Merkel reiterou que a confiança na União Europeia só será recuperada com reformas e incentivou a Espanha a aproveitar suas relações com a América Latina para exportar mais e voltar a crescer.

Indagada sobre a possibilidade de incentivar políticas expansionistas na UE, como pediu o presidente do Governo espanhol Mariano Rajoy, Merkel reiterou sua posição sobre a necessidade de manter os ajustes e as reformas estruturais para sanar a economia europeia.

"A confiança só pode crescer se houver as condições devidas e as estruturas para o crescimento da economia", afirmou Merkel em coletiva de imprensa no Palácio de La Moneda, onde se reuniu com seu colega chileno, Sebastián Piñera.


A chanceler alemã assegurou que 90% do crescimento da União Europeia está acontecendo fora da Europa.

"Uma política econômica expansionista quer dizer que todos os países têm de oferecer produtos interessantes para vender em todo o mundo, e a América Latina, com estes laços intensos que têm Espanha e Portugal, é um mercado para uma indústria competitiva para os países do sul da Europa", acrescentou.

Mas reconheceu que a Europa deve fazer esforços para não ficar para trás. "Temos que aumentar a competitividade, reduzir nossa dívida, não podemos viver às custas das próximas gerações", afirmou.

Merkel também participou em uma cúpula empresarial junto aos presidentes de México, Enrique Peña Nieto; da Colômbia, Juan Manuel Santos, e do Peru, Ollanta Humala, membros da Aliança do Pacífico, grupo que atrai a atenção das potências econômicas ocidentais.

Os quatro países desta Aliança, que aplicam políticas de livre mercado, multiplicaram os tratados de livre comércio entre si e com várias potências econômicas mundiais, prestando especial atenção à zona Ásia-Pacífico, e são os que registram um maior crescimento de suas economias na região.

Durante a tarde, Merkel se reunirá com a presidente Dilma Rousseff, que, graças ao sexto lugar na economia ocupado pelo Brasil, projeta sua liderança para fora da região.

"Vou falar com o Brasil porque seria bom contar com um acordo de livre comércio UE-Mercosul. Os sócios não deveriam ter medo de que um possa ser melhor que o outro, porque somente juntos poderemos melhorar", enfatizou.

Dilma a favor de TLC

No contexto de uma Europa em crise, Dilma mostrou interesse em acelerar as negociações com a assinatura de um tratado de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul (Brasil, Venezuela, Paraguai - suspenso -, Uruguai e Venezuela).

Dilma considerou que este tratado deve contemplar "um reequilíbrio das relações comerciais" em ambos os lados, ao mesmo tempo em que pediu um avanço de nossas ofertas para que a negociação possa prosperar, após uma reunião com líderes da UE em Brasília nesta semana.

As negociações entre os dois blocos foram retomadas em 2010, após uma paralisação de seis anos.


Depois de uma reunião na manhã deste sábado com Piñera no Palácio de La Moneda, Dilma ressaltou em uma coletiva de imprensa a importância estratégica da relação com o Chile para garantir mutuamente uma saída aos oceanos Pacífico e Atlântico, respectivamente, através de um corredor ferroviário e rodoviário.

No encontro, Dilma e Piñera também assinaram três acordos de cooperação nos campos da educação, cultura e pesquisa na Antártica, e disseram que seus países avançam para "uma relação sem fronteiras".

"Temos uma amizade sem fronteiras e não apenas porque o Chile é um dos países que não tem fronteiras físicas com o Brasil, e sim porque temos uma amizade sem limites, que não tem exceções", declarou Piñera.

Dilma, por sua vez, destacou que os dois países "têm no setor comercial um grande potencial e grandes desafios porque, apesar de não terem fronteiras comuns, têm uma grande possibilidade de integração, com uma melhor interrelação de infraestrutura estratégica".

Nesta nova relação sem fronteiras e mais ampla, a presidente brasileira se referiu à importância de um uso compartilhado dos portos e disse que o Chile pode chegar com seus produtos a portos brasileiros como o de Santos, Paranaguá e outros, do mesmo modo que o comércio do Brasil deve ter acesso a portos chilenos.

A este respeito, se referiu à importância que terá um futuro corredor bioceânico por rodovias e ferrovias, o que ligará o comércio do Atlântico e do Pacífico.

Em relação à crise europeia, o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, disse neste sábado que "no momento em que outras regiões emergentes consolidam rapidamente sua presença na América Latina, a turbulência, as incertezas da Eurozona provocaram nestes últimos meses, inclusive nos últimos anos, dúvidas e questões, e não apenas na América Latina".

Referindo-se, assim, à ascensão da China, transformada em principal sócia comercial do Brasil e de outros países da região, Ayrault enfatizou que a "Europa está de volta, a Europa se recupera".

O tema oficial da cúpula são os investimentos, não apenas os investimentos da Europa na América Latina, que foram de grande ajuda para as empresas espanholas durante a crise, mas também da América Latina na Europa.

Rajoy afirmou na reunião empresarial de sexta-feira que "existe um enorme potencial para intensificar o fluxo de investimentos da região à Europa. (...) A Espanha pode desempenhar um papel muito relevante, como porta natural de entrada para as empresas latino-americanas ao mercado europeu".

A cúpula UE-CELAC será seguida pela primeira cúpula do organismo latino-americano e caribenho, durante a qual a presidência temporária do grupo será entregue na segunda-feira por um ano ao presidente cubano Raúl Castro, o que constitui o principal êxito diplomático recebido até agora por seu governo, apesar do embargo econômico de 50 anos de duração imposto pelos Estados Unidos.

Mas a chegada de Castro na sexta-feira desencadeou os protestos de um setor da direita que integra o governo de Piñera, que acusa o regime comunista de Cuba de proteger militares da Frente Patriótica Manuel Rodríguez, entre os quais figurariam os que, em 1991, assassinaram o senador Jaime Guzmán, ideólogo do regime de Pinochet.

O presidente do Paraguai, Federico Franco, excluído de vários fóruns regionais após a destituição em um julgamento político sumário do presidente Fernando Lugo em 2012, não participa da cúpula. Segundo Franco, ele não foi convidado; já para o chanceler chileno, o presidente paraguaio não quis comparecer.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, hospitalizado há um mês e meio em Havana e grande impulsionador da CELAC, tampouco participa, nem o presidente equatoriano, Rafael Correa, em plena campanha eleitoral para sua reeleição.

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