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May evita dizer se renunciaria em caso de derrota do Brexit no Parlamento

Repetidamente pressionada, a conservadora disse apenas não estar pensando em si mesma, mas, sim, nos interesses nacionais

Primeira ministra Theresa May (Matt Dunham/Reuters)

Primeira ministra Theresa May (Matt Dunham/Reuters)

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Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de novembro de 2018 às 13h24.

São Paulo - Em um esforço para mostrar que está se comunicando com a população a respeito dos termos para a retirada e a relação futura do Reino Unido com a União Europeia após o Brexit, a primeira-ministra britânica, Theresa May, participou de mais uma transmissão de rádio respondendo a perguntas de ouvintes. Nesta sexta-feira, afirmou que se o acordo e a declaração de intenções passarem pelo crivo do Conselho Europeu em dois dias mas, depois, forem rejeitados no Parlamento, Londres voltará "à estaca zero" nas tratativas com Bruxelas.

Essa hipótese, ela disse, acabaria em "mais incerteza e mais divisão". "Se voltássemos à UE e disséssemos que 'as pessoas não gostaram desse acordo [no Parlamento], podemos ter outro?', não acho que eles virão a nós e dirão 'daremos a vocês um acordo melhor'", comentou a conservadora no estúdio da rádio BBC 5.

No entanto, quando questionada pela apresentadora Emma Barnett sobre se havia um plano B do governo para uma derrota no Legislativo, May se esquivou e limitou-se a dizer que está trabalhando para assegurar que o acordo nos atuais termos passará pelo Parlamento.

Um dos ouvintes perguntou à primeira-ministra sobre o porquê de a hipótese de não haver qualquer Brexit passou a figurar no seu vocabulário. "Pessoalmente, nenhum Brexit não é uma das minhas opções, [mas] é uma das coisas que estou tentando apontar para as pessoas, que, se você escutar os debates na Câmara dos Comuns, háMPs [membros do Parlamento] que querem frustrar o Brexit e parar o Brexit", ela explicou. "Quero assegurar que aquelas pessoas que estão tentando frustrar o que as pessoas votaram não sejam capazes de fazê-lo."

Gibraltar

Nos últimos dias, têm gerado incerteza sobre a sobrevivência do acordo sobre a relação futura do Reino Unido com a União Europeia no Conselho Europeu do próximo domingo as sinalizações do governo da Espanha de que votará contra a sua aprovação se não estiver prevista uma solução para o status de Gibraltar, um território britânico ultramarino no extremo sul da Península Ibérica.

Apesar dos temores, May argumentou que quando negocia com Bruxelas, faz isso "em nome de toda a família do Reino Unido, incluindo Gibraltar". "Nossa posição sobre Gibraltar e a soberania [britânica] não mudou." Ela acrescentou vagamente, contudo, que está "trabalhando" com os governos de Gibraltar e da Espanha "para colocar em vigor medidas que se relacionam a Gibraltar".

Renúncia

May evitou a todo custo dar uma resposta direta sobre se renunciaria ao cargo num cenário em que o acordo que ela negociou com a União Europeia seja rejeitado no Parlamento britânico.

Repetidamente pressionada, a conservadora disse apenas não estar pensando em si mesma, mas, sim, nos interesses nacionais.

Uma apoiadora da permanência na União Europeia na época da consulta popular sobre o Brexit, em 2016, May também desconversou quando um ouvinte perguntou se ela achava melhores os atuais termos negociados com Bruxelas ou as condições do Reino Unido como integrante do bloco. "Olhe, não é sobre estarmos melhores dentro ou fora da União Europeia, é que será diferente", comentou. Depois da insistência da radialista e do autor da questão por uma resposta direta, a premiê disse crer que "os melhores dias" do Reino Unido "estão à frente", após o divórcio.

39 bilhões de libras

Outro tema de questionamento foi o pagamento de 39 bilhões de libras de Londres a Bruxelas a título de "liquidação financeira". May defendeu esse ponto do acordo, dizendo que, inicialmente, falava-se em um dispêndio de até 100 bilhões de libras, e que parte desse desembolso permite ao Reino Unido ter o período de transição e, assim, evitar uma situação de "beira do abismo" para empresas na separação.

Ela admitiu, no entanto, que parte da quantia será adiantada à União Europeia e uma outra parcela será desembolsada "ao longo dos próximos anos". Se não houver um trato consolidado para a relação futura das duas partes ao fim do período de implementação e a solução emergencial para evitar uma fronteira irlandesa dura tiver de ser acionada, explicou a conservadora, o pagamento será interrompido. "Se entrarmos na extensão do período de implementação, a UE pedirá mais contribuições financeiras", reconheceu.

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