Aliança de esquerda alemã pode vencer Merkel em eleição de Estado
Uma das menores unidades federativas do país, o Sarre é governado atualmente por uma "grande coalizão" dos conservadores, de Merkel
Reuters
Publicado em 20 de março de 2017 às 09h42.
Última atualização em 20 de março de 2017 às 10h00.
Saarbruecken - Quando os eleitores alemães forem às urnas no Estado de Sarre no final deste mês, devem provocar um contratempo à chanceler Angela Merkel que pode ser um prenúncio da eleição nacional de setembro.
Uma das menores unidades federativas do país, o Sarre é, assim como a Alemanha federal, governado atualmente por uma "grande coalizão" dos conservadores, de Merkel, e do Partido Social-Democrata (SPD).
Mas pesquisas indicam que uma aliança "vermelho-vermelho-verde" inclinada à esquerda, formada pelo SPD, o partido de extrema-esquerda Linke e pelos Verdes --ou até uma aliança "vermelho-vermelho" se os Verdes não conseguirem votos suficientes-- pode emergir após a votação de 26 de março. E, embora ainda existam obstáculos, os partidos parecem estar se animando com a ideia de cooperar entre si.
A eleição no Sarre, a primeira de três votações regionais deste ano, é vista como um teste para a eleição federal de 24 de setembro, na qual Merkel concorrerá a um quarto mandato.
Sondagens nacionais indicam que a coalizão "vermelho-vermelho-verde" pode obter uma ligeira maioria no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento.
Acima de tudo, o Sarre será o primeiro teste eleitoral do SPD sob o comando de seu novo líder, Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu que ajudou a legenda a ganhar 10 pontos nas pesquisas de opinião nas últimas oito semanas.
"Esta é a primeira eleição desde o chamado efeito Schulz, por isso vai nos mostrar se isso realmente se traduz em votos para os Social Democratas, e é uma eleição na qual um dos confidentes mais próximos da senhora Merkel está concorrendo", disse Thomas Jaeger, professor de política da Universidade de Colônia.
As relações entre o SPD e o Linke são ruins há anos, já que muitos membros do SPD ainda estão revoltados com o fato de seu ex-presidente do conselho, Oskar Lafontaine, ter desertado para o Linke.
Hoje candidato do Linke no Sarre, Lafontaine disse à Reuters que o clima entre ele e o candidato do SPD está "agradável" e que seu partido "não tem problema" em trabalhar com o SPD nas esferas estadual e municipal.
"É diferente no nível federal. O SPD está se atendo a políticas que resultaram em perda de renda e cortes nas aposentadorias, e não podemos aceitar isso", afirmou o político de 73 anos.
Sua homóloga no SPD, Anke Rehlinger, disse à Reuters que, se os dois partidos encontrarem um terreno em comum e se o Linke quiser levar adiante a justiça social, "não vamos descartar (uma aliança), como não iremos descartar continuar a grande coalizão".