Acordo tributário dos EUA avança no Congresso, em meio a dúvidas
Obama chegou nesta semana a um acordo com a oposição republicana para renovar os benefícios tributários adotados por seu antecessor, George W. Bush
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2010 às 08h54.
Washington - O projeto do presidente Barack Obama que prorroga benefícios tributários nos Estados Unidos avançou na tramitação no Congresso na quarta-feira, apesar da oposição de parte da bancada do próprio governo, e de temores no mercado financeiro sobre as consequências da medida a longo prazo.
O líder democrata no Senado, Harry Reid, disse que a Casa pode começar a debater a proposta ainda nesta semana, num sinal de que sua bancada estaria disposta a fazer concessões.
Obama chegou nesta semana a um acordo com a oposição republicana para renovar os benefícios tributários adotados por seu antecessor, George W. Bush. Muitos democratas criticaram o presidente pelas concessões que aceitou fazer aos republicanos - principalmente a manutenção das reduções tributárias para quem ganha mais de 200 mil dólares por ano.
Mas Obama disse que não "traiu" os democratas com o acordo, já que sua intenção é estimular o crescimento econômico.
O valor dos títulos do Tesouro norte-americano despencou novamente na quarta-feira, e seu rendimento está próximo do seu maior valor em seis meses, refletindo a preocupação do mercado de que o plano tributário alimente a inflação e aprofunde o déficit fiscal.
"Este acordo tributário é um desastre para a situação fiscal dos EUA," disse Howard Simons, estrategista da Bianco Research, em Chicago.
Já o dólar se valorizou, devido à percepção de que o acordo tributário pode estimular o crescimento econômico dos EUA em curto prazo.
O projeto de Obama renova todos os cortes tributários da era Bush, que iriam expirar ao final deste ano, e também os benefícios para desempregados, desonera a folha de pagamentos e adota outras medidas.
Vários economistas dizem que o pacote irá provocar um aumento de 0,5 a 1 ponto percentual no crescimento econômico no ano que vem, além de reduzir o desemprego. Larry Summers, consultor econômico da Casa Branca, disse que a não-aprovação do plano iria "aumentar materialmente" a chance de uma reincidência recessiva.
As estimativas sobre o impacto dos benefícios tributários para os cofres públicos variam de 700 bilhões a 1 trilhão de dólares, num momento em que o déficit público se aproxima dos 10 por cento do PIB.
Muitos analistas sugerem que o pacote deve ser aprovado com votos dos republicanos e de democratas mais conservadores. Subsídios para o etanol e outros benefícios tributários sobre a energia também podem ser incluídos no projeto, segundo parlamentares.