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Acnur denuncia "fracasso coletivo" em ajuda a refugiados

Em entrevista, Amin Awad, diretor do Acnur para o Oriente Médio e África do Norte, condenou a situação como "um fracasso coletivo que deverá ser reparado"

Refugiados: jamais houve tantos refugiados no mundo - 60 milhões - e mais de um terço deles se encontra na grande região do Oriente Médio (Dimitar Dilkoff / AFP)
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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2016 às 16h02.

Cinco milhões de refugiados sírios em perigo e foi desembolsado menos do que a quarta parte dos 11 bilhões de dólares de ajuda que a comunidade internacional prometeu em fevereiro aos países vizinhos da Síria, denunciou o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).

Em entrevista à AFP em Washington, Amin Awad, diretor do Acnur para o Oriente Médio e África do Norte, condenou a situação como "um fracasso coletivo que deverá ser reparado".

No dia 4 de fevereiro, em Londres, uma conferência de doadores organizada pela ONU, com a presença de Reino Unido, Kuwait, Noruega e Alemanha, culminou em compromissos de doações de até 11 bilhões de dólares até 2020 para ajudar os cerca de 18 milhões de sírios, vítimas da guerra.

Mas, segundo Awad, somente 2,5 bilhões de dólares foram efetivamente distribuídos, enquanto os países fronteiriços com a Síria - Turquia, Jordânia, Iraque e Líbano - são inundados com a chegada dos refugiados.

"Os países que estão na linha de frente estão decepcionados e se sentem deixados de lado", expressou o funcionário do Acnur, que viajou para Washington a fim de defender seu caso diante dos responsáveis americanos.

O drama humanitário provocado pela guerra na Síria é ilustrado com números que dão calafrios.

Antes do conflito, a Síria contava com 23 milhões de habitantes. Desse total, 13,5 milhões foram afetados diretamente ou ficaram desabrigados por conta da guerra, de acordo com os dados da ONU de janeiro.

E 4,7 milhões fugiram da Síria, sendo "a maior população de refugiados por somente um conflito em uma geração", assinalou o Acnur em julho.

A Turquia se converteu no principal país de acolhida, com entre 2 e 2,5 milhões de sírios. O Líbano recebeu 1,2 milhão, um quarto da população desse frágil e pequeno país.

Na Jordânia, cerca de 630.000 sírios foram registrados pelo Acnur, mas Amman acredita que o número seja maior que um milhão. Outros 225.000 sírios estão refugiados no Iraque e 137.000 no Egito.

60 milhões de refugiados

Jamais houve tantos refugiados no mundo - 60 milhões - e mais de um terço deles se encontra na grande região do Oriente Médio.

"Das 7 bilhões de pessoas no mundo, a população do Oriente Médio representa somente de 5% a 7%", mas esse turbulento local do planeta "representa de 35% a 40% dos casos" de refugiados, considerou o representante do Acnur.

Para Awad, se trata de uma crise sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial, e que ameaça desestabilizar toda a região, com grandes repercussões já sentidas na Europa há mais de um ano.

Isso começou a partir do que o diretor do Acnur chamou de "grande marcha": um milhão de pessoas que cruzaram o Mar Egeu em botes infláveis e que caminharam para o norte através dos Bálcãs.

Se a Alemanha concedeu asilo a um milhão de migrantes em 2015, muitos países europeus ainda estão longe de ter sido tão generosos e, pelo contrário, apresentaram posturas nacionalistas.

Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama se comprometeu a receber 100.000 refugiados de todas as nacionalidades desde agora até 30 de setembro deste ano, dos quais 100.000 seriam sírios.

Mas, menos de um quarto desses refugiados sírios foram aceitos em 2016 no auge de uma campanha presidencial, em que o candidato republicano Donald Trump promete impedir a entrada de todos os muçulmanos nos Estados Unidos.

E seria judicialmente possível recusar os refugiados muçulmanos?

"Não", respondeu Awad, porque "nossos instrumentos jurídicos internacionais estipulam que não podemos discriminar ninguém".

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Em entrevista à AFP em Washington, Amin Awad, diretor do Acnur para o Oriente Médio e África do Norte, condenou a situação como "um fracasso coletivo que deverá ser reparado".

No dia 4 de fevereiro, em Londres, uma conferência de doadores organizada pela ONU, com a presença de Reino Unido, Kuwait, Noruega e Alemanha, culminou em compromissos de doações de até 11 bilhões de dólares até 2020 para ajudar os cerca de 18 milhões de sírios, vítimas da guerra.

Mas, segundo Awad, somente 2,5 bilhões de dólares foram efetivamente distribuídos, enquanto os países fronteiriços com a Síria - Turquia, Jordânia, Iraque e Líbano - são inundados com a chegada dos refugiados.

"Os países que estão na linha de frente estão decepcionados e se sentem deixados de lado", expressou o funcionário do Acnur, que viajou para Washington a fim de defender seu caso diante dos responsáveis americanos.

O drama humanitário provocado pela guerra na Síria é ilustrado com números que dão calafrios.

Antes do conflito, a Síria contava com 23 milhões de habitantes. Desse total, 13,5 milhões foram afetados diretamente ou ficaram desabrigados por conta da guerra, de acordo com os dados da ONU de janeiro.

E 4,7 milhões fugiram da Síria, sendo "a maior população de refugiados por somente um conflito em uma geração", assinalou o Acnur em julho.

A Turquia se converteu no principal país de acolhida, com entre 2 e 2,5 milhões de sírios. O Líbano recebeu 1,2 milhão, um quarto da população desse frágil e pequeno país.

Na Jordânia, cerca de 630.000 sírios foram registrados pelo Acnur, mas Amman acredita que o número seja maior que um milhão. Outros 225.000 sírios estão refugiados no Iraque e 137.000 no Egito.

60 milhões de refugiados

Jamais houve tantos refugiados no mundo - 60 milhões - e mais de um terço deles se encontra na grande região do Oriente Médio.

"Das 7 bilhões de pessoas no mundo, a população do Oriente Médio representa somente de 5% a 7%", mas esse turbulento local do planeta "representa de 35% a 40% dos casos" de refugiados, considerou o representante do Acnur.

Para Awad, se trata de uma crise sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial, e que ameaça desestabilizar toda a região, com grandes repercussões já sentidas na Europa há mais de um ano.

Isso começou a partir do que o diretor do Acnur chamou de "grande marcha": um milhão de pessoas que cruzaram o Mar Egeu em botes infláveis e que caminharam para o norte através dos Bálcãs.

Se a Alemanha concedeu asilo a um milhão de migrantes em 2015, muitos países europeus ainda estão longe de ter sido tão generosos e, pelo contrário, apresentaram posturas nacionalistas.

Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama se comprometeu a receber 100.000 refugiados de todas as nacionalidades desde agora até 30 de setembro deste ano, dos quais 100.000 seriam sírios.

Mas, menos de um quarto desses refugiados sírios foram aceitos em 2016 no auge de uma campanha presidencial, em que o candidato republicano Donald Trump promete impedir a entrada de todos os muçulmanos nos Estados Unidos.

E seria judicialmente possível recusar os refugiados muçulmanos?

"Não", respondeu Awad, porque "nossos instrumentos jurídicos internacionais estipulam que não podemos discriminar ninguém".

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