A crise mundial do acesso à água em grandes números
Neste 22 de março, Dia da Água, campanha das Nações Unidas traz slogan “Água para todos: não deixar ninguém para trás”. Afinal, ainda há muito para avançar
Vanessa Barbosa
Publicado em 22 de março de 2019 às 06h41.
Última atualização em 22 de março de 2019 às 08h57.
São Paulo - Já mandamos pessoas para a Lua e não tardará para aterrizarmos em Marte. Mas em pleno século 21, ainda não conseguimos garantir que a água , recurso essencial à vida, chegue limpa e tratada às casas de todas as pessoas do mundo.
Nosso “planeta azul”, chamado assim por ter mais de 70% de sua superfície coberta da água, é cheio de contradições. Por aqui, três em cada dez pessoas ainda não têm acesso a uma fonte segura de água potável.
E insegurança hídrica mata. A cada 20 segundos, uma criança morre de doenças diarreicas, em grande parte evitáveis com higiene adequada. Afinal, tão importante quanto ter água em quantidade, é ter água em qualidade.
Apesar do complemento “básico” no nome, a universalização do saneamento até 2030 — um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, em especial dos serviços de coleta e tratamento de esgoto — permanece um “direito” distante num mundo que despeja 80% de seu esgoto em rios, lagos e oceanos, sem nenhum tratamento.
Celebrado anualmente em 22 de março, o Dia Mundial da Água, se tornou um marco para chamar a atenção para a urgência de cuidar deste recurso tão precioso, desigualmente distribuído e cada vez mais ameaçado.
Não à toa o lema da campanha da Orgnanização das Nações Unidas (ONU) para celebrar o evento em 2019 é “Água para todos: não deixar ninguém para trás”.
“Não importa quem você ou onde você se encontra, água é um direito humano”, declara a entidade, destacando que mulheres, crianças, refugiados, povos indígenas e pessoas com deficiência são frequentemente negligenciados, e às vezes enfrentam discriminação, no acesso à água potável de que necessitam.
Para avançar como uma sociedade global, os serviços de água devem atender às necessidades dos grupos marginalizados e suas vozes devem ser ouvidas nos processos de tomada de decisão, defende a entidade. Os marcos regulatórios e legais devem reconhecer o direito à água para todas as pessoas, e o financiamento suficiente deve ser direcionado de maneira justa e efetiva àqueles que mais precisam.
Veja a seguir alguns números que revelam o drama da água no mundo:
2,5%: é a porcentagem de água doce da Terra
70%: a porcentagem de água doce da Terra que está “presa” em calotas polares e glaciares
1%: a quantidade de água que está disponível em locais de fácil acesso, como rios e lagos.
2,1 bilhões: número de pessoas no mundo que não têm acesso a água potável.
1,9 bilhão: número de pessoas que vivem em áreas sob risco de escassez hídrica. Em 2050, serão 3 bilhões.
80%: é a porcentagem do total de pessoas sem acesso a fontes de água seguras e protegidas que vivem em áreas rurais.
4 bilhões: o número de pessoas que sofrem escassez severa de água durante pelo menos um mês do ano.
68,5 milhões: quantidade de pessoas deslocadas por guerras, violência e perseguições e cujo o acesso a serviços de água potável é altamente problemático.
1 em cada 4: número de escolas primárias que não têm água potável à disposição dos alunos.
1,7 milhão: número de pessoas que morrem todos os anos de doenças diarreicas e 90% são menores de 5 anos, principalmente em países mais pobres.
443 milhões de dias: tempo perdido de educação anual por conta de ausências de jovens e crianças nas escolas devido a doenças de veiculação hídrica provocadas pela falta de saneamento adequado.
8 em cada 10: é o número de domicílios em que mulheres e meninas são responsáveis pela coleta de água, em países da África, Oriente Médio e Sudeste Asiático. Em média, 25% do dia é gasto nessa tarefa.