O Brexit e os tumultos na vida de Theresa May
May está em Bruxelas para renegociar o Brexit com a União Europeia. Enquanto isso, deserções no Partido Conservador diminuem seu poder de fogo no parlamento
Gabriela Ruic
Publicado em 20 de fevereiro de 2019 às 11h42.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2019 às 11h32.
São Paulo - A quarta-feira promete para a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May. Além da pressão da reunião que terá na tarde deste 20 de fevereiro em Bruxelas para tentar solucionar pontos polêmicos do Brexit , a conservadora observa seu poder de fogo diminuir no parlamento britânico, algo que pode prejudicar, e muito, uma votação favorável ao acordo de saída da União Europeia. A definição perfeita de tumulto? Provável que sim.
Em Bruxelas, May apresentará ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, a nova proposta britânica para um dos pontos mais debatidos do acordo anterior: a fronteira entre as Irlandas. Segundo o jornal britânico The Guardian, a estratégia da primeira-ministra é a de conseguir garantias legais que evitem a volta de uma “fronteira rígida” entre os países e que não deixe o Reino Unido “unido” ao bloco do ponto de vista aduaneiro.
A questão não é um mero detalhe, muito pelo contrário é fundamental. Todo e qualquer movimento na fronteira das Irlandas pode jogar por água abaixo os esforços de paz obtidos em 1998 e que deram fim a décadas de conflito armado. Além disso, foi a possibilidade de que o Reino Unido pudesse continuar preso a UE por tempo indeterminado um dos pontos que afundaram negociações anteriores de May com o parlamento.
Enquanto May atravessava o Mar do Norte, rumo à capital do bloco, um turbilhão no parlamento britânico promete acirrar ainda mais o placar que a primeira-ministra britânica precisa para garantir a aprovação do acordo e, enfim, dar início ao processo de saída da União Europeia .
Nesta quarta, três parlamentares conservadoras desertaram para o Grupo Independente, as deputadas anti-Brexit Anna Soubry, Sarah Wllaston e Heidi Allen. Esse movimento nasceu no início desta semana e até então reunia sete trabalhistas insatisfeitos com os rumos que o partido tomou nos últimos tempos e a gestão do Brexit. A expectativa é a de que o número de “decepcionados” aumente por todos os lados.
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"Fico triste com a decisão: são pessoas que prestaram um serviço dedicado ao nosso partido durante muitos anos e as agradeço por isso", reagiu a chefe de Governo em um breve comunicado."A adesão do Reino Unido à UE foi uma fonte de divergências em nosso partido e em nosso país durante muito tempo. Encerrar a adesão depois de quatro décadas nunca seria fácil", completou.
Agora, então, será ainda mais difícil, uma vez que as saídas deixam o partido de Theresa May com 314 deputados - além do instável apoio de 10 deputados do partido unionista norte-irlandês DUP -, contra 249 do Partido Trabalhista em uma câmara de 650 cadeiras. Lembrando que o número de votos necessários para a aprovação do Brexit é de 320 e que o prazo final para a consolidação desse divórcio é o dia 29 de março. Entre tantas incertezas, uma certeza: o relógio não para.