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O que esperar dos balanços dos grandes bancos no 3° trimestre?

Depois das despesas bilionárias com provisões no 1° semestre, analistas acreditam que, para o setor, o pior da crise já ficou para trás

Santander dá o pontapé inicial nos resultados dos bancos, com divulgação de resultado amanhã, antes da abertura do pregão (Edgard Garrido/Reuters)

Santander dá o pontapé inicial nos resultados dos bancos, com divulgação de resultado amanhã, antes da abertura do pregão (Edgard Garrido/Reuters)

PB

Paula Barra

Publicado em 26 de outubro de 2020 às 18h55.

Última atualização em 26 de outubro de 2020 às 20h44.

Os grandes bancos brasileiros começam a divulgar seus balanços do terceiro trimestre nesta semana, com Santander (SANB11) dando o pontapé inicial na próxima terça-feira, 27, antes da abertura do mercado. Depois dos desafios do primeiro semestre com a pandemia, quando despesas bilionárias com provisões levaram para baixo o lucro do setor, analistas acreditam que o pior da crise já tenha ficado para trás. Quer saber qual o setor mais quente da bolsa no meio deste vaivém? Assine a EXAME Research.

Tal avaliação tem refletido no desempenho dos papéis do setor nos últimos dias. O Santander marcou nesta sessão sua sexta alta seguida, acumulando no período ganhos de mais de 13%, indo para o maior patamar de fechamento desde 6 de março. As ações do Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) não ficaram para trás, registrando cinco altas nos últimos seis pregões e acumulando valorização de 10,8% e 12,6%, respectivamente. O Banco do Brasil (BBAS3) caiu nesta segunda-feira, mas também avança 10,6% no período. 

O que dizem os analistas do Bradesco BBI

Na visão da equipe de análise do Bradesco BBI, liderada por Victor Schabbel, o terceiro trimestre deve mostrar que o pior impacto da crise de covid-19 ficou no retrovisor, citando expectativa por menores provisões, melhora no mix de crédito e recuperação das taxas. “Desde o início da pandemia, esse deve ser o primeiro trimestre com sinais muito concretos de que uma recuperação está em curso”, escrevem. 

Para eles, o Santander deve mostrar o melhor resultado, com estimativa de lucro líquido de 3,640 bilhões de reais, representando um crescimento de 70% frente ao trimestre anterior, seguido de Itaú, com projeção de lucro de 4,4 bilhões de reais, crescimento de 5% na mesma base de comparação, enquanto o Banco do Brasil deve vir com lucro líquido de 3,3 bilhões de reais, avanço de 1%, sendo apontado como o menos empolgante.

Credit Suisse

A equipe de análise do Credit Suisse, liderada por Marcelo Telles, também espera por melhora sequencial nos resultados dos grandes bancos, principalmente com base na redução das provisões e, em menor medida, com a melhoria das taxas. Eles ressaltam ainda que os bancos devem fornecer mais informações sobre empréstimos reformulados neste período, o que também deve permitir uma melhor visibilidade dos lucros à frente. 

“Pelas nossas conversas, do valor total dos empréstimos reformulados, 100% do volume já retornou ao cronograma normal de pagamentos no caso do Santander, ao passo que está próximo a 70% para o Bradesco e 50% para o Itaú Unibanco no terceiro trimestre”, comentam. 

Do lado negativo, os analistas do Credit esperam que o crescimento do NII (receita líquida de juros, na sigla em inglês) permaneça sob pressão, como resultado da mudança do mix para produtos de menor rendimento e desaceleração sequencial nos resultados de tesouraria.

UBS

Já o UBS cita que a melhora no custo do risco dos bancos — principalmente para Bradesco e Santander — e na receita de taxas de serviços devem ser provavelmente os principais impulsionadores dos bancos no período e da expansão do Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio (ROAE). Em relatório, a equipe de análise do UBS, chefiada por Thiago Batista, diz que o custo do risco dos grandes bancos deve cair para 5%, em média, no terceiro trimestre, frente aos cerca de 6% registrados no segundo trimestre, apesar de ainda superior aos 3,5% vistos em 2019. 

Para eles, o Santander deve reportar o maior crescimento de lucro líquido recorrente na comparação com o segundo trimestre, de 2,9 bilhões de reais, avanço de 36%. Em relação ao Bradesco, eles preveem lucro de 4,5 bilhões de reais, crescimento de 17%, e, para Itaú, de 4,7 bilhões de reais, avanço de 11%. Do lado negativo, os analistas esperam por uma contração no NII dos bancos, com queda, em média, de 6% no trimestre. 

Olhando para os papéis, o UBS cita que as ações do Itaú são as preferidas, apontando que negociam a 7,7 vezes o múltiplo preço sobre lucro estimado para 2021 (excluindo a participação na XP Investimentos), o que eles consideram como barato, especialmente considerando a possível expansão na rentabilidade dos bancos. 

Bancos vs. Ibovespa no ano

Apesar do desempenho nos últimos dias, as ações do setor ainda estão atrasadas frente ao Ibovespa no ano. Itaú, Santander, Bradesco PN e Banco do Brasil acumulam desvalorização de 28,51%, 25,45%, 29,72% e 34,89%, respectivamente, em 2020, ante queda de 12,65% do índice.  

O Bradesco divulga resultado do terceiro trimestre na próxima quarta-feira, 28, após o fechamento do mercado; Itaú, no dia 3 de novembro, também após o fechamento; e Banco do Brasil, no dia 5 de novembro, antes da abertura. 

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