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Ibovespa afunda 4,25%, na maior queda desde abril, com 2ª onda de Covid-19

Índice cai pelo quarto dia seguido, com temor sobre os efeitos econômicos de novas restrições pela pandemia; S&P 500 tem maior queda desde junho

Bolsa: investidores repercutem lockdown na Alemanha e possibilidade de França adotar medida em breve (Germano Lüders/Exame)

Bolsa: investidores repercutem lockdown na Alemanha e possibilidade de França adotar medida em breve (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 28 de outubro de 2020 às 09h56.

Última atualização em 28 de outubro de 2020 às 17h58.

Os temores globais sobre os efeitos econômicos da segunda onda de coronavírus voltaram a ditar o ritmo dos mercados nesta quarta-feira, 28, após novas medidas de restrição na Europa.  Na bolsa brasileira, o Ibovespa afundou 4,25%, encerrando na mínima do dia e com a maior queda desde 24 de abril, indo para 95.368 pontos. Esse é o quarto pregão seguido de baixa do índice, que bateu hoje seu menor patamar de fechamento desde 2 de outubro. Nos Estados Unidos, o S&P 500 registrou a maior queda desde junho.

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Já no mercado de câmbio, o dólar seguiu em trajetória de alta, tendo tocado a máxima de 5,789 reais ainda nos primeiros negócios do dia. No fechamento, o dólar comercial registrou valorização de 1,43%, a 5,763 na venda. A cotação é a maior desde maio, quando a moeda americana chegou a ser negociada próxima dos 6 reais. A alta do dólar ocorre em linha com a valorização da moeda americana no mundo. Entre as moedas emergentes, o rublo russo é a que mais se desvaloriza perdendo mais de 2% de valor frente ao dólar. O euro também apresenta forte depreciação, refletindo a segunda onda no continente.

Ainda pela manhã, o Banco Central chegou a fazer leilão à vista de 1,04 bilhão de dólares para tentar arrefecer a valorização da moeda americana. Embora a injeção de liquidez tenha levado o dólar para a casa dos 5,73 reais, não inverteu a direção da moeda, que segue em alta. "É complicado ficar fazendo leilão em um cenário desses. É nadar contra a corrente", afirma André Machado, sócio-fundador do Projeto Os 10%.

Segundo André Perfeito, economista-chefe da Necton, o grande culpado para o nervosismo do mercado é o aumento de casos de coronavírus na Europa, mas aponta que também tem que lembrar que estamos às vésperas da eleição americana, no dia 3 de novembro, o que ajuda a trazer mais volatilidade ao cenário. 

“Apesar da vantagem do candidato democrata Joe Biden, o presidente Donald Trump se mostra reticente se esse processo será tranquilo”, comenta. Na visão do mercado, o pior cenário para o pleito será uma vitória apertada de Biden, que pode provocar reação negativa de Trump, como pedido de contagem de votos.  

Olhando para Brasil, a paralisia do Congresso também não ajuda, com provavelmente nada sendo votado antes das eleições municipais por aqui, lembrando que depois ainda tem 3 semanas de recesso de Natal. O mais provável é que o Congresso trabalhe em janeiro e somente daqui a 90 dias poderá ter questões resolvidas, comenta José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos. 

Segundo ele, a não solução fiscal coloca em risco a recuperação da economia brasileira. “A alta do câmbio reflete, assim como os juros, a incapacidade do Brasil fazer ajustes sem antes flertar com o abismo”, disse. 

Para Perfeito, com o País em “stand by” até o fim do ano, o Copom devendo manter hoje a Selic a 2% ao ano, e sem projeção de mexer nos juros este ano, o dólar deve subir para 5,90 reais a 6,00 reais até o fim de 2020, por conta da taxa de juros ajustada pelo risco (Selic/CDS), que está negativa, mostra certo desconforto do mercado. Segundo suas projeções, um aumento da Selic só deverá vir no primeiro trimestre do ano que vem, com os juros chegando a 4% ao fim de 2021.

Na agenda interna

O dia é de agenda recheada, com uma série de resultados corporativos e decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) no radar dos investidores. Mas, o pessimismo sobre a segunda onda tem se sobreposto. "O mercado está começando a sentir cheiro de março novamente. Nós já vimos esse filme", comenta Machado. "Lockdown é fábricas paradas, empresas paradas. Mas, diferentemente do início da pandemia, temos visto parte da população protestando contra medidas de isolamento, como na Itália. Isso também pode acontecer na França.", comenta

Entre os resultados divulgados entre o encerramento do pregão de ontem e a abertura do de hoje estão os da Localiza, Smiles, Raia Drogasil, Gerdau, e Telefônica. Mas independente se foi bom ou ruim, todos os papéis do Ibovespa do Índice Small Caps são negociados em queda nesta quarta. Na agenda, também está a divulgação de alguns dos principais resultados da temporada. Entre eles, estarão os da Petrobras, Vale e Bradesco, que devem apresentar seus balanços nesta noite.

Para a decisão do Copom, o mercado segue apostando na manutenção da taxa de juros Selic a 2% ao ano, mas deve ficar atento ao comunicado, em busca de pistas sobre como o órgão está avaliando os recentes dados de inflação, que tem superado as expectativas. Há esperança de alguma sinalização sobre alta de juros.

Bolsas no exterior

Nos EUA, o Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram 3,43%, 3,53% e 3,73%, respectivamente.

Também pesou negativamente sobre as bolsas de valores a declaração do presidente Donald Trump ontem de que os estímulos americanos não irão sair antes das eleições americanas, ainda que hoje a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, tenha voltado a demonstrar otimismo sobre a perspectiva de mais estímulos fiscais. Em entrevista à emissora MSNBC, Pelosi disse que o recuo das bolsas nesta quarta poderia deixar Trump mais propenso a avançar no assunto.

Na Alemanha, onde a chanceler Angela Merkel chegou a um acordo para instaurar um lockdown parcial, o índice Dax fechou em queda de 4,17%, enquanto na França, que pode anunciar medida semelhante em breve, o CAC caiu 3,37%.

 

 

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